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Análise: Humanity (Multi) é um puzzle que consegue fazer muito com simplicidade, criatividade e um cachorro

Guie a população por meio de caminhos cheios de segredos até alcançarem um novo propósito na vida.

Confesso que, ao ver o trailer maluco de Humanity, aceitei analisá-lo por parecer mais alguma loucura virtual que me arrancaria boas risadas. Qual foi a minha surpresa ao receber um ótimo puzzle, com diversos níveis criativos que me deixaram grudado no controle horas a fio, procurando as soluções mais criativas possíveis. E tudo isso enquanto conduzia a população até a luz. Poético, não?

Assim caminha a humanidade

O objetivo é simples: levar os humanos que estão passando pela porta do ponto A ao ponto B, para que eles vão de encontro a um propósito na vida. A pegadinha está no trajeto, que sempre nos leva a pensar muito bem. Para conduzir toda essa galera, controlamos um cachorro da raça Shiba Inu, feito de luz, que comanda a todos com seus latidos. Essas ordens determinam as ações da massa, como em qual ponto eles irão virar e para qual direção e se será necessário que eles pulem, se dividam, flutuem e empurrem objetos.

As primeiras fases nos ajudam a entender como funciona o andamento de cada uma. Vale salientar que alguns comandos, como o que faz as pessoas se dividirem ou pularem, só aparecem em alguns estágios, não são habilidades cumulativas. Cada resolução tem que ser alcançada apenas com o que é disponibilizado, e esse é um dos maiores atrativos de Humanity.

Sempre haverá o caminho mais rápido, mas é claro que colocariam algo para aguçar nosso intelecto. Os Goldies são humanoides dourados e gigantes, que estão parados pelo espaço. Fazer com que a multidão passe por eles os colocará em marcha junto com os transeuntes. Salvar os Goldies nos libera recompensas diversas, em sua maioria cosméticos que alteram o visual das pessoas que devemos libertar.

Outro fator importante é que também há batalhas contra chefes, e elas determinam o aumento de dificuldade de cada território. Por exemplo: as primeiras fases, que antecedem à batalha com a orbe azul, tem como característica o uso dos comandos enquanto a população marcha. Ou seja, podemos modificar o caminho deles em meio ao fluxo, para inclusive pegar os Goldies e aí sim ir direto para a meta.

O duelo contra a esfera azulada reúne as quatro principais características dessa primeira leva: comandos de pulo com distâncias variadas; esteiras que mudam a direção da turba marchante; objetos que podem ser empurrados e ventiladores que conduzem o pessoal, mas impedindo que eles mudem de direção enquanto estão no ar.

Superar essa junção de obstáculos, e consequentemente a orbe azul, leva a um novo desafio, conduzido pela orbe verde, que por sua vez obriga o jogador a pensar em todas as ações antes que as pessoas sigam seu rumo, não podendo fazer alterações no meio do caminho. Se falhar, já era. E assim, cada um dos chefes altera o nível de desafio de maneira muito inteligente e instigante para quem curte puzzles nessa pegada.

Entretanto, fica o aviso que em alguns momentos a dificuldade parece dar uma guinada acentuada, para depois ficar suave novamente, principalmente nos trechos em que temos que escolher rotas alternativas no mapa de fases.

Deixa que eu faço as regras

Humanity não possui muitos modos de jogo, na verdade, o principal é o modo história, que narra as motivações do “cãodutor” por meio de conversas com as próprias orbes. Inclusive, vale citar que o teor filosófico delas também destoa bastante dos trailers excêntricos que precederam o lançamento do jogo, mas isso de maneira alguma é algo negativo, pelo contrário. 

Chega a ser sutil a maneira com que esses diálogos são conduzidos com diversos questionamentos existenciais. Eu mesmo cheguei a um ponto de ficar com dó da multidão que marchava para o infinito e poderia acabar caindo no vazio se eu não os conduzisse para a direção apropriada após acompanhar algumas frases.

Além dessa narrativa, há um outro chamariz que multiplica a diversão por 100. É possível criar seu próprio cenário, com os elementos e regras que achar melhor, com toda a liberdade devida. Sua obra pode ser compartilhada para que outros jogadores desfrutem em rede, da mesma maneira que também é possível experimentar desbravar criações de qualquer lugar do planeta, e sem restrições de plataforma.

Quem possuir o PSVR ou o PSVR2 também pode desfrutar de uma nova perspectiva de cada cenário, aliada ao controle livre da câmera. Entretanto, a proximidade conferida pelo acessório é reduzida e não seria de todo mal se houvesse algum tipo de opção que privilegiasse quem optasse por usar o periférico, mas não deixa de ser uma adição interessante.

A salvação está logo ali

Humanity oferece um desafio de qualidade e criativo, sem inventar muita moda ou com artifícios complexos. Ele se baseia puramente na perspicácia de quem está no controle e ainda traz um pano de fundo que consegue ser envolvente e condizente com a proposta. A cereja do bolo é o fator replay sem fim com os projetos da comunidade que podem ser compartilhados livremente, tornando-se um artigo quase que obrigatório para quem gosta de passar um bom tempo resolvendo enigmas.

Prós

  • Jogabilidade simples e criativa;
  • A narrativa combina muito bem com os puzzles;
  • Cada porção nova de estágios conta com suas regras específicas;
  • A batalha contra os chefes realmente nos faz utilizar o máximo da nossa atenção;
  • Possibilidade de criar fases e compartilhá-las em rede.

Contras

  • A curva de dificuldade geral é um pouco irregular;
  • O uso do PSVR poderia ser melhor explorado.
Humanity — PC/PS4/PS5 — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Thais Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Enhance

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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