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Análise: Herodes (Multi) te coloca para combater os males do corpo humano

A bordo de uma nave microscópica, salve a vida de um paciente exterminando um vírus desconhecido e perigoso.

Para quem já está cansado de shoot 'em ups espaciais, Herodes traz uma ideia interessante: um instrumento de cura para doenças, vírus e bactérias, em situações nas quais não há medicamentos que possam resolver a situação.

Salvação microscópica 

Em um futuro não tão distante, a tecnologia avançou a ponto de combater toda a ameaça à vida humana com a T.R.N.C., sigla para Tecnologia de Redução a Nível Nuclear. Quando os cientistas acharam que todo tipo de problema foi erradicado, surge um novo vírus letal: o Herodes.

Para salvar a vida de um paciente que contraiu essa nova ameaça, controlamos uma nave movida a energia atômica por seis locais do corpo humano: rins, estômago, fígado, pulmões, coração e cérebro.

Este contexto caiu muito bem para um shoot 'em up, visto que em vez de vagar pelos céus explodindo outras naves, nossa missão é navegar por cada um dos órgãos, que contêm problemas específicos, e isso resulta em metas diferentes.

A tônica de percorrer um caminho e enfrentar um chefe no final, de praxe do gênero, se mantém, mas cada uma delas têm uma variante. No coração, por exemplo, temos que tomar cuidado ao atirar para não danificarmos os tecidos coronários enquanto eliminamos os vírus, até chegar à derradeira batalha contra a Doença de Chagas.


Os visuais internos de cada órgão são retratados como se estivéssemos em um ultrassom realista feito em pixel art, o que certamente se destaca como um dos pontos fortes do jogo. A temática de Herodes também favorece o visual dos inimigos e dos chefes, que são causadores conhecidos de doenças sérias, como SARS-CoV e Trypanosoma Cruzi.

Já a trilha sonora é um pouco mais fraca, causando até mesmo a sensação de ausência de algo mais palpável para embalar a ação.

De zero a cem

Logo de cara, a dificuldade de Herodes pode dar uma certa dor de cabeça, pois nossa nave é lenta e fraca. Até nos acostumarmos com os padrões de movimentação e ataque inimigos, leva um tempinho.

A chave para o triunfo está nas melhorias que podemos fazer em nosso veículo microscópico. Podemos juntar pontos para aprimorar a força dos tiros, além da velocidade e resistência da nave. Entretanto, só conseguimos acumular pontos após concluir um cenário. Se falharmos, nosso saldo será zero, mas, por outro lado, podemos finalizar uma mesma fase quantas vezes quisermos e assim juntar os números necessários para evoluir nossos equipamentos.

Durante a cruzada pela saúde, recolhemos genoma, que fortalece nossos tiros e nos fornece escudos temporários, mas em momentos aleatórios. Além disso, cada vírus abatido nos rende uma habilidade, como laser, ondas de choque e um escudo mais forte e duradouro.

A escolha de ordem das fases é livre, mas esse grind inicial é um pouco incômodo, ainda mais para quem não tem intimidade com o gênero. Porém, após maximizar todos os atributos, a salvação do paciente fica facílima, parecendo um passeio no parque, e toda aquela dificuldade inicial cai por terra.

O sistema de conquistas/troféus envolve fechar cada fase duas vezes, para concluir o objetivo delas de maneira diferente, o que influencia no final obtido. Uma vez que salvamos um órgão, não é possível salvá-lo de novo, então é necessário começar tudo novamente para alcançar todos os objetivos possíveis.

O problema nisso é que não há opção de iniciar um jogo novo em um slot separado. Somos obrigados a deletar o save existente e passar por todo aquele grind inicial novamente. Uma escolha um tanto quanto contraproducente para um jogo que oferece mais de um desfecho possível.

Melhor que qualquer remédio

Herodes consegue ser interessante o bastante para prender o jogador, mesmo sendo bem curto. A ideia de navegar pelo corpo humano é bem bacana, ainda mais com uma nave, a ponto de os leves pecados do game serem perdoados.

Entretanto, também não seria nada mal se essa ideia fosse expandida em um título mais bem trabalhado, principalmente na parte sonora.

Prós

  • Os visuais do corpo humano em pixel art são bem legais;
  • Basear os chefes em vírus reais que infectam os determinados órgãos é uma boa sacada;
  • Jogabilidade rápida e com diversas habilidades.

Contras

  • A trilha sonora é bem fraca
  • O jogo se torna muito fácil e curto após maximizar todos os atributos;
  • Não é possível começar um novo jogo sem apagar o save antigo.
Herodes — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela QUByte

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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