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Análise: Cannon Dancer (Multi) — mais uma pérola dos arcades que vale a pena conhecer

Após quase 30 anos, chegou a hora de conhecermos Kirin: um guerreiro ágil, habilidoso e que compartilha muitas similaridades com Strider Hiryu.

Cannon Dancer
foi um título curioso que apareceu, cresceu e sumiu de maneira muito rápida, mas que conseguiu deixar uma ótima impressão. Lançado em 1996 exclusivamente para arcades, este jogo que é conhecido também como Osman no Ocidente, acabou desaparecendo dos fliperamas com a queda de popularidade dos jogos de luta/ação na época.

Agora, quase três décadas depois, chegou a hora de os donos de consoles conhecerem este tesouro noventista, com todos os recursos atuais que ele poderia merecer.

De mãos limpas

Desde o seu lançamento, Cannon Dancer sempre foi comparado a outra série de ação acelerada: Strider. Inclusive ele é praticamente considerado um sucessor espiritual. A diferença é que o protagonista Kirin ataca com as mãos nuas, sem nenhum tipo de lâmina. Um dos troféus faz referência a essa comparação de maneira bem sutil e não deixa de ser um detalhe bacana.

No mais, Cannon Dancer e Strider têm mecânicas muito parecidas mesmo. Kirin tem um curto espaço de tempo para completar os estágios e derrotar os chefes. Ele pode correr, deslizar, pular e escalar plataformas, além de atacar com socos e chutes que vão ficando mais poderosos à medida em que coletamos itens específicos. Também é possível arremessar os inimigos apertando o botão de pulo após um slide e realizar um suplex, pulando sobre um oponente e apertando o botão de pulo exatamente no momento em que aterrissamos na cabeça dele.

Vale ressaltar que a ação se desenrola de maneira muito acelerada, e é possível concluir as seis fases do jogo em 20 minutos ou menos. Entretanto, a dificuldade também é bastante acentuada, nos levando a apostar em reflexos aguçados para não sermos pegos de surpresa pela quantidade de coisas que acontecem pelo caminho, já que além de estar na mira de robôs, Kirin também é atacado por carros, trens, escorpiões e tigres.


Esse tipo de equilíbrio entre tempo e dificuldade é algo bastante característico dos anos 90, e talvez já não tenha um apelo tão grande para jogadores mais jovens. Eu mesmo fui fisgado logo de cara justamente por essa vibe nostálgica que o jogo ofereceu.

Ainda assim, os ports de ambas as versões foram feitos para este relançamento, e com direito a trazer os membros originais da criação: Takashi Kogure e Kouichi Yotsui, este último conhecido por seu trabalho em — adivinhem só — Strider. Isso significa que a fidelidade dos arcades foi muito bem reproduzida, e os comandos são ágeis, mostrando uma ótima adaptação aos controles atuais.

Colher de chá

Cannon Dancer foi feito para que sua dificuldade aumente o tempo do jogador no comando, mas uma ajudinha sempre vai bem. Como já é de praxe nestes ports publicados pela ININ Games, há uma série de recursos para facilitar nossa vida. Entretanto, aqui eles não te dão tudo de graça.

Ambas versões do título contam com um modo normal e um modo Challenge. Há uma série de trapaças que podem ser ativadas logo de cara, como vidas infinitas, créditos sem fim, invencibilidade e poder no máximo, só que elas só podem ser utilizadas no modo normal e esta opção não habilita o desbloqueio de conquistas/troféus.

Quem quiser platinar o jogo, ou conseguir os 1000G, terá que jogar o Challenge Mode, que até nos dá alguns benefícios, mas no qual temos que escolher apenas dois itens para usar, de uma lista que conta com aumento no número de créditos (mas não são infinitos), pulo duplo, invencibilidade durante o salto ou o slide e já começar com o poder no nível máximo. Pode não parecer muito, mas  ajuda bastante a quem não está acostumado com aventuras que já começam com sangue nos olhos.

Os recursos de rebobinar e de salvar a qualquer momento também estão presentes, como de praxe, mas são restritos ao modo padrão, então não será possível usá-los para te ajudar a ganhar troféus. Por isso é bastante válido tentar algumas partidas mais leves para depois encarar o desafio mais intenso.

Como eu tenho esse ponto fraco pelos ports meio obscuros dos arcades, mais uma vez cito como ponto contra a falta de uma galeria que mostrasse alguns dos conceitos e rascunhos de Cannon Dancer. Neste título exclusivamente seria bem bacana para mostrar suas semelhanças, diferenças e inspirações no já citado Strider. 

Além disso, ter artes que mostram a concepção dos inimigos,  misturando a modernidade do que era o século 21 distópico imaginado para o jogo e tendo influências antigas que claramente foram baseadas em ambientes do Oriente Médio, sempre é interessante para quem é fã dessas curiosidades.

Um herói desconhecido que merecia fama

Cannon Dancer é mais um port bacana de um título que tinha tudo para ficar à mercê apenas de emuladores ilegais com traduções duvidosas, mas que ganhou destaque merecido para os consoles atuais. Sua jogabilidade responsiva é afiada e o nível de dificuldade não deixa nada a desejar para quem gosta de um bom desafio.


Prós

  • Ter as duas versões do jogo, uma em japonês e outra em inglês;
  • A jogabilidade é responsiva e se adequa muito bem aos controles atuais;
  • Diversos recursos para deixar as partidas mais fáceis;
  • Dois modos de jogo que fazem o jogador valorizar o desafio sem trapaças.

Contras

  • Falta de uma galeria;
  • O pico de dificuldade pode afastar jogadores mais casuais.
Cannon Dancer — PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela ININ Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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