Dark Souls III (Multi) completou sete anos; vamos relembrá-lo e conhecer por dentro o artbook Design Works

Ao tocar do sino, as cinzas se erguem do túmulo para serem acesas uma última vez.

em 24/03/2023


Dark Souls III não apenas encerrou a aclamada trilogia, mas a coroou de várias maneiras. Se compararmos os números de vendas, o primeiro título levou quase dois anos para chegar aos 2,5 milhões de vendas, um número que sua sequência alcançou em metade do tempo. O jogo final continuou a ascendente e a levou a outro patamar, alcançando 3 milhões em menos de dois meses.


Fechando o ciclo das histórias de fogo e a escuridão, Dark Souls III completou hoje sete anos, tendo sido lançado no Japão em 24 de março de 2016 e, internacionalmente, semanas depois, em 12 de abril. Além de celebrar a memória do jogo, vamos conhecer mais à frente o artbook Dark Souls III: Design Works, cujas imagens você pode ver ao longo da página.

Até um ciclo que parece eterno chega ao fim

Por um lado, era visível o avanço técnico que o título trouxe em relação a seus irmãos mais velhos, aproveitando uma geração mais nova de consoles. Os visuais seguiam o estilo detalhado de Bloodborne, com muitas estátuas, lápides, corpos, tecidos e decorações. Nesse sentido, pareceu atingir aquilo que Dark Souls sempre quis ser.

Sob outro ângulo, certas questões apontavam o cansaço da franquia. Além de ser consideravelmente linear em sua estrutura menos interconectada que o primeiro e com menos opções de caminhos que o segundo, Dark Souls III trazia uma sensação de familiaridade que era ao mesmo tempo agradável e questionável.







Enquanto foi uma sensação emocionante nos vermos novamente diante das escadarias de Anor Londo, o jogo também trazia mais uma catacumba com esqueletos, mais uma muralha de castelo, mais um interior de palácio, pântano venenoso, catedral, mundo pintado na neve, luta contra lobo gigante, demônio do asilo e até semelhanças com os jogos de fora da série, como os dragões de baforadas de Demon’s Souls (PS3/PS5) e um vilarejo medieval decadente que lembra uma área de Bloodborne.

Eu adorei o jogo, era como um “greatest hits remastered” com belos gráficos, músicas incríveis, mais agilidade de movimento, curva de dificuldade mais acessível e um hub que reunia tudo de mais importante e tinha aparecido pela última vez no título do início de tudo, Demon’s Souls.




Mesmo assim, entendo as críticas perfeitamente e concordo com elas tanto quanto com os méritos. Minha conclusão é que, felizmente, Dark Souls III foi o encerramento da série, antes que um quarto número nos parecesse desnecessário.

Epa, mas e o terceiro já não caiu nessa categoria? De jeito nenhum! O que seria da série Dark Souls sem o ápice das batalhas de chefe da aventura derradeira nas cinzas de um mundo que, finalmente, retorna ao pó?




Como imaginar a trilogia sem a intensidade dos Vigilantes do Abismo, a velocidade de Pontífice Sulyvahn, a beleza assombrosa da Dançarina do Vale Boreal, a agressividade de Campeão Gundyr, a pavorosa imponência do Rei Sem Nome, o desafio implacável de Irmã Friede e, claro, o êxtase épico de Gael?

É uma série cheia de memórias marcantes e uma ótima forma de revisitá-la é por meio dos artbooks.

Dark Souls III: Design Works

Uma série com tão boa direção de arte merece artbooks à altura e foi isso o que a dona da franquia providenciou. A editora Kadokawa é um ramo da corporação de mesmo nome, que comprou o estúdio FromSoftware da Bandai Namco em 2015.

Assim como havia feito antes com os dois jogos anteriores, a editora lançou Dark Souls III: Design Works em 2017, fechando a trilogia de livros também com chave de ouro. Com 335 páginas, é um volume muito mais recheado que os antecessores. Cabe muita coisa nesse robusto livro de capa dura dividido em três capítulos.





O primeiro chama-se Dark Souls III, subdividido em Mundo, Chefes, Inimigos, NPCs e Classes. Aqui, podemos ver enormes panoramas estendendo-se pelas páginas e também detalhes dos cenários, como pinturas, estandartes, estátuas e até ilustrações de bordados que mal percebemos nas texturas do jogo. São sempre imagens conceituais elaboradas, com pouquíssimos rascunhos ou comparação de ideias diferentes.

Cada chefe tem de uma a quatro páginas para desfilar e os inimigos se juntam em trios, mas alguns deles ganham uma página inteira. Os NPCs também recebem uma página cada, retratados de frente e de costas.







O segundo capítulo é DLC, repetindo para as expansões a estrutura descrita acima. Por fim, o terceiro capítulo é Armas e Inventário, que dá um show de exibição de armas e escudos, mas a parte dos itens, anéis e magias, embora completa, coloca dezenas deles por página, em ilustrações muito pequenas. Isso é compreensível, uma vez que essas imagens são as que foram usadas diretamente no jogo, no qual também são pequenas. Por outro lado, também é reprovável, pois vai contra a finalidade de um artbook em oferecer apreciação visual.




Digo o mesmo sobre as legendas. Fico contente que todas as ilustrações tenham título, mas são nomes desnecessariamente pequenos e em nada atrapalhariam as imagens se fossem um pouco maiores.

Além disso, exceto pela citação introdutória, que contém apenas a narração da abertura do jogo, não espere um único parágrafo de explicação, contexto ou comentário. Isso é uma pena. Entendo que a identidade de artbook dá prioridade a imagens puras, mas temos que considerar que o Design Works do primeiro Dark Souls, um livro muito mais humilde, trouxe dez páginas de entrevista com o diretor Hidetaka Miyazaki e quatro designers do jogo, dando ricos insights sobre a obra como um todo. Certamente, algo parecido faz falta em um volume tão destacado quanto o terceiro.




O fim do fogo

Se há um defeito para apontar nessa edição, é a escuridão. Eu não sou experiente em editoração, impressão ou diagramação, mas não precisa ser expert para perceber o quanto o livro é escuro. Fazendo justiça ao título “almas negras”, algumas ilustrações são tão sombrias que optou-se por um fundo cinza a fim de criar algum contraste.

Imagino que tenha algum motivo para só terem usado fundo branco em quatro páginas, mas o cinza é feio, destoando da exuberância da arte de Dark Souls. O pior mesmo é que nem sempre esse contraste é buscado, prejudicando detalhes de imagens escuras infelizmente colocadas sobre fundo preto.



Também o papel traz problemas pelos reflexos, o que atrapalha ainda mais o contraste. Ao folhear o livro, é constante que eu precise procurar um ângulo em que a luz não atrapalhe a visualização das ilustrações. Uma vez, até preferi vê-lo em local escuro, iluminando pela lanterna do smartphone porque, dessa forma, basta fixar a luz em uma posição adequada. Mais uma vez, não tenho como saber se havia opção melhor de papel ou se esse já era a opção mais adequada para a impressão. Talvez tenha sido apenas uma questão de custo-benefício.

Mesmo com esse empecilho, Dark Souls III: Design Works é uma obra de muito conteúdo que exibe o melhor do belíssimo trabalho dedicado ao jogo. Vale a pena para qualquer apreciador dos mundos de fantasia sombria da FromSoftware.



Comprei o artbook no fim de 2022 por cerca de R$ 230 e esse é realmente o preço comum para comprar em varejista on-line, custando menos do que um jogo em lançamento de hoje em dia. Mesmo quando vi promoções de livros internacionais, o Design Works não foi incluído. Por outro lado, se encontrar muito mais caro, espere mais um pouco, que certamente retornará àquela faixa de preço.

A editora Panini anunciou há uns dias (21) que lançará no Brasil o artbook de Elden Ring, um colosso de dois volumes que somam mais 800 páginas. Espero ver um bom tratamento para as Terras Intermédias, assim como Lothric recebeu, e fico na esperança de que uma boa escolha de papel faça a diferença.


Revisão: Vitor Tibério

Admiro videogame como uma mídia de vasto potencial criativo, artístico e humano. Jogo com os filhos pequenos e a esposa; também adoro metroidvanias, souls e jogos que me surpreendam e cativem, uma satisfação que costumo encontrar nos indies.
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