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Análise: Figment 2: Creed Valley (Multi): uma aventura musical pela mente humana

Ajude Dusty e Piper a combater os Pesadelos que se espalharam pelo Vale da Crença.


Produzido e publicado pela Bedtime Digital Games, Figment 2: Creed Valley é um jogo de ação, aventura e puzzle ambientado na mente humana. Assim como em Figment (Multi), estamos no controle de Dusty, a coragem da Mente, e sua amiga Piper, e precisamos combater os Pesadelos que estão tocando o terror no Vale da Crença em uma jornada musical extremamente divertida e reflexiva.

Fanfarronices no Vale da Crença 

Após derrotar um enorme javali sombrio, que representa o Pesadelo do medo, Dusty e Piper são chamados pelo Prefeito da Mente para uma missão. Alguém está indo em direção ao Senso Moral e todos estão com receio do perigo que isso representa.


Durante a aventura, a dupla descobre que o Fanfarrão, um bobo da corte tagarela e com atitudes infantis, é o responsável por todo o caos na Mente. Agora, Dusty precisa enfrentar diversos inimigos e desafios para evitar que o Senso Moral seja destruído.

A trama se passa dentro da mente de um homem e todo o design e desafios são representações de seus medos, desejos e traumas. Em cada capítulo, é possível coletar fragmentos de lembranças para desbloquear novas cutscenes e entender o contexto de toda aquela situação.



Os desafios de uma mente conturbada

Figment 2 é um jogo majoritariamente de resolução de puzzles intercalados com breves momentos de combate. Durante a maior parte do tempo, estaremos controlando Dusty de um lado para o outro carregando itens, pressionando botões e descobrindo os segredos do Vale da Crença.

Um grande ponto positivo é a enorme variedade de quebra-cabeças, que vão de jogos da memória até uma dinâmica de detetive, passando pela resolução de enigmas musicais e interações com as Ideias, os habitantes da Mente. Essa diversidade de desafios torna a gameplay muito divertida e atrativa.




O contraponto, na minha opinião, é o combate. Dusty possui apenas um combo de ataques com sua espada e esquiva, além de haver pouca variedade de inimigos. Apesar de não estragar o jogo, senti que o sistema foi subutilizado e que teria espaço para um melhor desenvolvimento, como novas opções de movimentos para o protagonista.

As batalhas contra chefes não entram nessa crítica ao combate, visto que são todas muito especiais. Elas possuem um ar de musical e focam mais em sobrevivência e resolução de puzzles do que no enfrentamento em si. Em especial, destaco o último embate contra o Fanfarrão, um dos momentos mais divertidos que tive com videogames nos últimos tempos.



Uma bela caracterização da mente humana

O Vale da Crença apresenta a mente humana de uma forma muito única, com cenários e level design baseados nas memórias, opiniões e frustrações do homem que acompanhamos, justificando, inclusive, a razão de tudo acontecer em um ritmo musical.

Por conta disso, é possível observar cenários cheios de vida, com flores, árvores e inimigos se movimentando de acordo com as músicas. Aliado a isso, o estilo gráfico semelhante a uma pintura deixa tudo ainda mais charmoso. 




Durante a aventura, a mente pode ser representada de duas formas: aberta e fechada. Além de mudanças visuais, a alternância entre os dois estados é essencial para resolver puzzles, pois eles mudam a estrutura das fases e o comportamento dos habitantes do Vale.

Ressalto, no entanto, dois pequenos problemas que ocorreram com certa frequência: alguns capítulos — principalmente o Labirinto Ético — apresentaram constantes bugs visuais, com elementos surgindo e desaparecendo com frequência; já o problema mais grave envolveu Dusty ficar preso em elementos do cenário. Em combates, essa foi uma certa dor de cabeça, pois o protagonista perde muita vida com poucos ataques.

Figment 2 conta com uma série de atuações impecáveis que o tornam ainda mais envolvente. Dusty (Catty Donnelly), Piper (Ora Chaya) e Fanfarrão (Jeppe Bülow e Zoë Barrow) possuem atuações impecáveis, com destaque para os trechos musicais que, junto da trilha sonora, se tornam a maior qualidade do título. Junto disso está a localização para português, um trabalho magnífico feito por Bruno Galiza, com piadas, músicas e diálogos muito bem traduzidos.



Divertida Mente

Com puzzles criativos e divertidos, Figment 2: Creed Valley é um dos jogos mais encantadores que joguei ultimamente, apesar do combate raso. O ritmo musical, cenários coloridos e cheios de vida e a atuação de voz, principalmente dos protagonistas, o tornam um dos títulos mais cativantes que já experimentei. É uma recomendação certa para quem procura um jogo leve e desafiador para passar o tempo.

Prós

  • Trilha sonora e atuações excepcionais;
  • As personalidades humanas são bem representadas pelos cenários e personagens;
  • Puzzles variados e criativos;
  • A localização para português está excelente;
  • Os combates contra os chefes são um show a parte.

Contras

  • Combate raso, com pouca variedade de movimentos e inimigos;
  • Dusty fica preso no cenário com frequência, atrapalhando principalmente o combate;
  • Alguns bugs visuais.
Figment 2: Creed Valley — PS5/PS4/XSX/XBO/PC/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Bedtime Digital Games


É engenheiro geólogo, graduando em Engenharia Ambiental, entusiasta de novas tecnologias e apenas mais um mineiro que não vive sem café e pão de queijo. Gosta de aproveitar o tempo apreciando RPGs, relaxando em simuladores de fazenda e curtindo uma boa música em jogos de ritmo.
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