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Análise: WWE 2K23 (Multi) — O que era bom ficou melhor ainda

A franquia acertou seu segundo título bem-feito seguido, estabelecendo um padrão bem alto para os jogos de luta-livre.

Parece que agora a luta-livre está bem representada como franquia esportiva anual. Após tirar um período sabático em 2021 e retornar triunfante com WWE 2K22, chegou a hora da entrada de um novo título.

WWE 2K23 traz poucas modificações em relação ao seu antecessor, mas ainda assim elas são relevantes o bastante para que o título seja divertido tanto para novatos quanto para quem já acompanha o esporte desde muito tempo.

Nunca desista 

No quesito jogabilidade, todo o esquema foi mantido e isso é um ponto bastante positivo. Basicamente, temos ataques fracos, fortes e o agarrão, que podem ser conectados em combos variados.

Podemos evitar uma investida rival com esquivas ou tentando prever o ataque do seu oponente. Se bem-sucedido, ele é interrompido na hora, mas, se falharmos, ficamos abertos para uma sequência bem dolorida. Sempre que essas aberturas estiverem disponíveis, o botão a ser pressionado será sinalizado.

A estrutura de barras também é bastante simples. A azul que é utilizada para os “Movimentos Assinatura” de cada superestrela e para o uso de recursos, como contra-ataques especiais e escapadas estratégicas.


Já a amarela, segmentada em três partes, só pode ser gasta para aplicarmos os finalizadores. Por mais que esses golpes especiais tenham condições e posições variadas, sua execução é intuitiva e indicada na tela.

As disputas entre dois lutadores continuam empolgantes, com diversas possibilidades, mas algumas coisas apresentaram uma boa melhora. Os comandos para pegar armas debaixo do ringue, por exemplo, agora respondem de maneira mais rápida, sem precisar pressionar e segurar o botão para que o personagem decida agarrar uma cadeira antes de ser atacado.

Outra coisa que está melhor são as partidas com três lutadores ou mais. Ficou mais fácil determinar quem será seu alvo, e isso inclui o coitado do juiz, que de vez em quando também toma umas bordoadas. Só que ele dá o troco da maneira mais infeliz possível: ficando na frente da câmera em alguns momentos, principalmente nos closes dos Movimentos Assinatura — convenhamos que isso corta um pouco a graça do show.

Minha hora é agora!

2K23 também manteve a mesma base para os modos de jogo; ou seja, a estrela da capa ganhou um carinho especial. O modo Showcase deste ano trouxe algumas das lutas mais icônicas da carreira de John Cena. Entretanto, desta vez nós controlamos seus oponentes em lutas que ele perdeu. Ou seja, podemos surrar o astro no comando de Rob Van Dam, Randy Orton, Triple H, The Undertaker, The Rock, entre outros.

Por mais que Cena tenha arrastado multidões em suas lutas, e esses momentos tenham alavancado a popularidade da franquia como um todo, seria legal se tivesse um meio-termo, com lutas que ele também ganhou e títulos que ele defendeu.

Pelo menos, seu icônico bordão “Você não pode me ver” — tradução do original “You can’t see me” — é elevado a um novo nível de zoeira de maneira bastante inusitada: ao completarmos o modo Showcase, um dos prêmios é uma versão invisível de John Cena, batizado de Super Cena.

Os modos MyRise, MyGM e MyFaction também estão de volta. Enquanto o MyGM traz mais opções para quem quer brincar de gerenciar seu próprio card de lutas, mantendo a estrutura anterior, os outros dois trouxeram algumas adições legais.

No MyFaction, que é basicamente um Ultimate Team com os lutadores, agora é possível fazer partidas simples e amistosas Quick Play, sem precisar entrar em um lobby ou ter que usar os quatro integrantes da sua equipe.

Já o MyRise, que é o modo Carreira de 2K23, ganhou duas histórias distintas para serem seguidas, em vez de um punhado de missões genéricas: em The Legacy, damos vida a uma estreante dos ringues que tem que sair das sombras do legado de sua tia, uma lutadora seis vezes campeã e integrante do Hall da Fama. 

Já em The Lock, somos um um aspirante promissor, apontado como a futura estrela principal da categoria pelos críticos, que deve mostrar que todas as expectativas criadas serão correspondidas.

A ideia de dar uma história original para cada um dos dois gêneros disponíveis de personagens customizáveis é uma ótima sacada e é possível criar um personagem novo, utilizar um feito antes em outro modo e até baixar uma criação da comunidade. O único ponto contra aqui é que as telas de carregamento são um pouco mais demoradas.

Por fim, as lutas customizáveis são um banquete à parte para colocar os mais de 200 personagens disponíveis em ação, com as mais variadas regras. E se tivemos a retirada de alguns lutadores, por motivos diversos, também ocorreram adições importantíssimas, como a de “The American Nightmare” Cody Rhodes, Kurt Angel (que foi uma ausência muito sentida no título anterior) e Bruno Sammartino, uma das lendas do esporte, reconhecido como a primeira superestrela da luta-livre.

É possível escolher ginásios vazios, arenas lotadas, partidas que envolvem até 8 lutadores simultaneamente ou um Royal Rumble, que permite até 30 entradas diferentes. O modelo que faz a sua estreia aqui é o chamado Wargame, no qual duas arenas são colocadas dentro de uma gaiola de metal e dois times têm que se enfrentar em momentos de desvantagem. Detalhe é que a vitória só pode ser concedida a um grupo assim que todos os participantes de ambos os lados estiverem dentro da gaiola.


Vale ressaltar que todo esse pessoal se espancando é muito bem retratado. Desde as aberturas e os modelos dos lutadores até os detalhes de cada golpe, como machucados e caretas, tudo foi muito bem captado dos lutadores reais.

A exceção fica por conta de um ou outro golpe que acaba passando um pouco mais longe de onde deveria, mas ainda assim acerta. Em alguns momentos os cabelos mais longos também ganham vida própria e atravessam o pescoço de seu dono, mas felizmente ninguém sai machucado.

Infelizmente, os jogos da 2K, mesmo com essa enxurrada de conteúdo, ainda carecem de pelo menos textos em português. A luta-livre tem termos muito específicos que facilitaria bastante o entendimento se estivessem no nosso idioma.

Esforço, lealdade e respeito

O lema de John Cena é o mais propício para resumir WWE 2K23. Mesmo com uma estrutura similar à do jogo anterior, percebe-se todo o trabalho para deixar o jogo mais fiel à realidade, deixando-o em um patamar atrativo para quem está pisando no ringue pela primeira vez e viciante para quem está defendendo seu cinturão.



Prós

  • Elenco extenso, com diversas variantes e lutadores consagrados que estavam ausentes no jogo anterior;
  • Inclusão do modo Wargame;
  • Histórias focadas no personagem do MyRise em vez de missões genéricas;
  • Movimentos fáceis de aprender e executar;
  • Modelos dos lutadores bem-feitos e com detalhes para machucados e cicatrizes;
  • Está mais fácil definir um alvo em partidas com vários participantes;
  • Um John Cena invisível é a cereja do bolo.

Contras

  • Ausência de textos em português;
  • Cabelos ganham vida própria em alguns momentos;
  • O juiz obstrui a nossa visão em momentos aleatórios;
  • Modo Showcase poderia ter trazido algumas vitórias de John Cena;
  • As telas de loading do MyRise são um pouco demoradas.
WWE 2K23 — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisor: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela 2K

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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