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Análise: DREDGE (Multi) é uma história de pescador que vale a pena conferir

Explore um mundo sinistro enquanto se envolve em uma trama envolta em mistérios e horror lovecraftiano.


DREDGE
é uma aventura de pesca para um jogador com uma tendência sinistra. Nossas atividades se resumem a vender o pescado, melhorar o barco e vasculhar as profundezas em busca de segredos que não deveriam ser desenterrados. Nesta análise veremos por que esta é uma daquelas histórias de pescador que vale a pena ouvir — ou jogar, nesse caso.

Fisgado pelo destino

O jogador assume o papel de um homem resgatado após naufragar próximo ao vilarejo de uma ilha. Na intenção de se solidarizar conosco, o prefeito do local nos cede um barco e ainda permite que o paguemos em suaves prestações com o dinheiro obtido com nosso ofício como pescador.


Nestes primeiros momentos, enquanto pagamos nossa dívida com o prefeito, o jogo nos apresenta os comandos básicos de nossa embarcação, e eles serão o principal pilar de nossa jogatina em DREDGE. Feito isso, a trama se desenvolve para uma história envolta em mistério e horror.


Um homem misterioso, que mora sozinho em uma ilha do arquipélago, convida-nos a ajudá-lo na obtenção de estranhos artefatos espalhados pelas diversas ilhas que compõem a região. Os objetos estão relacionados, de alguma forma, com estranhos acontecimentos nas ilhas, ligados a criaturas estranhas que surgiram e acontecimentos inexplicáveis de ordem sobrenatural.


Nosso papel nisso tudo é ajudar o estranho homem em sua busca, e então descobrir que nossa presença naquele local não foi coincidência. Essa jornada nos levará a águas turvas e agitadas que vão desafiar nossas habilidades como pescador e testar nossa sanidade para com os estranhos fenômenos que aparecerão no caminho.

Pescador de desilusões

DREDGE é uma aventura em que devemos navegar por águas misteriosas pescando os mais variados tipos de peixes e criaturas marinhas enquanto melhoramos nosso barco para conseguir viajar pelos quatro cantos do misterioso arquipélago. Todo o pescado obtido por nossas viagens pode ser vendido para podermos então investir no barco e poder avançar mais no mapa e na história.

São diferentes tipos de frutos do mar que podem ser obtidos dependendo da região e de sua categoria. Desde peixes mais simples e conhecidos, chegando até as mais bizarras criaturas abissais já criadas pela natureza. Somando a isso existem versões grotescas de alguns desses bichos, resultado da estranha influência sobrenatural do local. Quanto mais exótico for o animal, melhor o preço que os peixeiros lhe pagarão por ele.

Claro, quanto mais fresco seu pescado, maior o valor que será pago por ele. Sendo assim, sempre que o estoque de seu barco estiver cheio, venda o quanto antes para que ele não apodreça e perca valor, além de ficar ocupando espaço no porão.


Além da pesca, o jogador também usa uma draga para recolher destroços na água, como sucatas, pedaços de madeira e outros tipos de recurso que também são usados para fazer melhorias na embarcação. Quanto melhor a situação do barco, maior a capacidade de realizar viagens e explorar mais o mapa. Outras quinquilharias obtidas com a dragagem de objetos podem ser vendidas para que se obtenha mais dinheiro.

Uma mecânica interessante apresentada em DREDGE diz respeito à sanidade do jogador. Ao velejar durante a noite, um indicador na área central superior da tela, com o formato de um olho, representa o nível de pavor do pescador. Quanto mais apavorado ele está, mais adversidades vão aparecer no caminho, como pedras surgindo do nada na água ou criaturas para danificar a embarcação.

Essa fadiga mental pode ser sanada se o jogador descansar periodicamente ao atracar o barco em algum porto. Haverá momentos em que será necessário navegar à noite, por conta de peixes que só aparecem nesse horário, por exemplo, sendo melhor se preparar para adentrar a madrugada para pescar, nem que seja por algum tempo, para aproveitar o máximo de tempo em que estiver em mar aberto.


No decorrer do jogo o pescador também obtém habilidades sobrenaturais que ajudam bastante na exploração, ao custo de sanidade ou mesmo da condição física do barco. O uso deles deve ser feito com parcimônia para não prejudicar o tempo na água.


O mundo é cheio de mistérios a serem compreendidos e solucionados pelo jogador. Por isso não entrarei em muitos detalhes sobre os acontecimentos que rodeiam nosso personagem durante a história para não comprometer a experiência de quem vai jogar. O que posso dizer é que temos uma inspiração bem lovecraftiana nesse aspecto e isso foi um ponto que me deixou por vezes intrigado e surpreso, com direito a alguns sustos bem honestos.

Tudo a seu tempo

Uma das coisas que mais motivou minha jogatina em DREDGE foi a liberdade que o jogo nos dá para fazermos tudo o que precisamos ao nosso tempo. Se eu quisesse ficar alguns dias pescando, pelo simples prazer de fisgar peixes, vendê-los e levantar uma grana, eu podia.

Em determinado momento eu estava com dificuldades em cumprir um dos objetivos principais da etapa em que estava jogando e pensei: “vou dar uma volta em outro local”. Parti rumo a outro ponto do mapa para fazer outra coisa e, por consequência, meu barco e equipamentos foram ficando melhores, além da minha percepção geral do jogo.


Quando retornei para a atividade que precisava da minha atenção naquele momento anterior, consegui cumpri-la sem muitas dificuldades graças à minha “teimosia” em partir para fazer outra coisa naquela hora. A exploração é uma atividade que sempre vai render boas recompensas, principalmente quando o intuito é melhorar a embarcação para deixar sua jogatina menos complicada.

Com o barco melhorado, o espaço interno para guardar equipamentos de pesca e peixes aumenta, além da obtenção de itens de pesquisa para desenvolver motores mais rápidos, varas e redes capazes de pegar peixes de tipos mais diversos, mais resistência contra impactos, dentre outras melhorias. O tempo não é totalmente perdido se você resolver se dedicar a uma atividade específica que não seja a missão principal.

Uma das rotinas que adotei durante minhas sessões de jogatina foi a de explorar minuciosamente cada nova região do arquipélago que eu conseguisse alcançar. Descobrir onde tem peixes, encontrar destroços e levantar fundos para investir no meu barco. No momento em que me sentia seguro para fazer uma viagem mais longa para alcançar uma nova região, eu ia.

Claro que isso também afeta o tempo para a conclusão da campanha, mas o chamado para explorar o desconhecido foi um motivador para me fazer gastar um tempo viajando pelas ilhas e aprender mais sobre cada região. Desse modo, quando eu retornasse com um barco e equipamentos melhores, minha passagem por aquela região seria mais proveitosa e lucrativa.

Um dos poucos pontos negativos que tenho para destacar é a falta de ferramentas para deixar nossa navegação mais eficiente. Por várias vezes durante minhas expedições em busca de recursos me deparei com localidades que não possuem destaque como as ilhas principais do arquipélago que, quando precisei retornar, não me lembrava onde eram.

A falta de uma ferramenta simples de marcação poderia sanar esse problema. A exemplo cito quando encontrei uma figura misteriosa que pedia por um tipo específico de peixe para saciar sua fome. No momento que o encontrei, eu não tinha o que ele pediu. Quando consegui o tal peixe, não me recordava mais onde era a localização do sujeito. Só acabei encontrando o tal personagem depois enquanto voltava de outro ponto, e sem o peixe, pois não dá para guardar um recurso perecível.


Um minimapa também serviria para ajudar na orientação enquanto estamos navegando. Por várias vezes precisei abrir o mapa para ver se eu estava na direção correta. Se você não tem tanta familiaridade com navegação, a bússola da tela pode não ser suficiente para te ajudar a encontrar o rumo.

De qualquer modo, foram boas horas encontrando personagens com histórias intrigantes, pescando criaturas exóticas e presenciando acontecimentos sobrenaturais que me fizeram esbugalhar os olhos de surpresa durante minha passagem por estas águas soturnas.

Uma boa isca para fisgar nosso interesse

DREDGE mescla momentos de contemplação e relaxamento com boas doses de mistério e exploração. É uma experiência cujo ritmo depende muito de como o jogador deseja interagir no mundo do jogo e recompensando-o, independente de qual abordagem vai dar mais ênfase durante sua solitária e misteriosa aventura.

Prós

  • O tom de mistério do roteiro atiça a busca pela conclusão da trama;
  • A exploração do mapa e o desenvolvimento do barco estimulam a jogatina;
  • Ótima localização para o português.

Contras

  • Ausência de ferramentas para deixar a navegação mais prática e eficiente, como minimapa ou marcadores;
  • A constante necessidade de realizar melhorias pode deixar a experiência cansativa.
DREDGE — PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Vitor Tibério
Análise feita com cópia digital cedida pela Team17

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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