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Análise: Alice Gear Aegis CS: Concerto of Simulatrix (Multi) — Uma disputa de mecha-garotas repetitiva e que cansa rápido

O título fica preso às suas raízes mobile e acaba fazendo a aposta de compras exaustivas e jogabilidade sem variações para criar um fator replay.

Criado em 2018 para celulares, Alice Gear Aegis te coloca no papel de um diretor que controla atrizes, com o detalhe de que  elas estão longe de serem artistas. Atrizes são garotas que controlam trajes de combate para derrotar invasores de outros planetas.

Agora chegou a hora de elas se enfrentarem em Alice Gear Aegis CS: Concerto of Simulatrix, lançado para PlayStation 4, PlayStation 5 e Nintendo Switch. Se vocês gostam de garotas guerreiras no estilo anime, então esse é o jogo certo; agora se vocês queriam bastante conteúdo, tenho más notícias…

Irmãs de armas… e de roupas, e de tudo mais

A variedade de personagens, armas, equipamentos e itens em Concerto of Simulatrix é bem farta. Ao todos temos 22 duas atrizes selecionáveis logo de cara, (o que é um número bem generoso) mas a variedade delas para na aparência, pois a jogabilidade de todas é dependente do tipo de conjunto que estamos portando.

Podemos escolher uma arma de projétil, como bazucas, pistolas duplas e rifles; uma arma de ataque corpo-a-corpo, que no caso podem ser espadas, lanças e martelos; além de partes de armaduras mecânicas para o torso e as pernas. Todas elas contam com atributos elementais e valores que alteram levemente suas quantidades de pontos de vida, ataque e defesa.

Também é possível customizar sua escolhida com mais de 60 acessórios e roupas estilosas, que variam entre ternos, biquínis, trajes de gala e uniformes esportivos. Por fim, também podemos adquirir melhorias diretas para suas capacidades de batalha.

Entretanto, adquirir esses itens exige um grinding absurdo e desnecessário. Quanto às melhorias, armas e partes de mecha, uma compra só já basta para uso de qualquer uma das meninas. Agora em relação às roupas e acessórios, isso já é separado para cada uma.

Seria normal se elas não tivessem itens iguais que precisam ser comprados individualmente. A cabeça de abóbora, por exemplo, custa 800 moedas e todas as meninas a possuem  em seus inventários. Logo, o jogador terá que gastar 17.600 moedas comprando a mesma coisa, e olha que esse nem é dos mais caros.

Isso obriga os mais dedicados a jogarem  repetidas vezes o modo história, que por acaso é o único modo que o jogo inteiro oferece. Cada atriz tem o seu, mas eles sempre se desenrolam da mesma maneira. Pelo menos ele dura pouco, cerca de 40 minutos para cada uma delas.

Neste modo há um tabuleiro, e o jogador escolhe por quais casas quer prosseguir. Elas sempre têm alguma batalha, simples ou em trio, podendo render uma recompensa ou não. E por falar em batalha em trio, não podemos escolher as outras duas personagens que compõem o time, mas isso se dá por questões de narrativa.

Muito ação e pouco conteúdo

A mancada de Concerto of Simulatrix é não ter oferecido mais opções para quem está no controle. Além do modo história, temos batalhas livres de 1 vs. 1, 3 vs. 3 e o Battle Royale. Essas lutas podem ser contra a IA, outro jogador local ou em rede. Como recebi a chave antes do lançamento do jogo, não consegui nenhuma batalha online para testar a conexão.

No mais, os confrontos simples e em trio já estão no modo história. No quesito jogabilidade não há reclamações ou falhas, pois podemos nos deslocar pelo espaço de maneira bastante dinâmica e com respostas rápidas do controle. Entretanto, aqui esbarramos no mais do mesmo já citado acima. Não importa quem você escolha, se dominar o manejo de um tipo de armamento, não fará questão de variar o equipamento.

Além disso, uma vez que se pega a manha dos ataques físicos, é totalmente possível abrir mão dos projéteis para ganhar uma luta. E acreditem, elas são bem fáceis.

Algo que poderia ser aproveitado na batalha em trio seriam golpes combinados, que ajudassem a te blindar durante a troca de personagens. Algo meio Marvel vs. Capcom 2, mas infelizmente essa oportunidade foi perdida.

Já as lutas Battle Royale são um pouco confusas por terem mais de uma participante na tela, com a câmera sempre focando em uma só. Logo, é bem comum recebermos uma saraivada de balas de alguém que nem sabemos onde está.

Um destaque positivo que merece ser ressaltado, mesmo que pontualmente, é a dublagem das personagens no modo história. Nele não há  muitas interações de fato, mas nas vezes em que acontecem é feito de maneira bem competente.

Potencial desperdiçado

Alice Gear Aegis CS: Concerto of Simulatrix veio com uma ótima variedade de itens para customização e personagens com personalidades distintas, mas caiu no erro da repetição massiva. Não dar características diferentes para cada atriz, ou até mesmo fidelizar cada uma a um tipo de arma, deixou a jogabilidade repetitiva demais.

Esse fator somado ao grinding repetitivo reforça muito a vibe de jogo mobile e fica aquém da variedade que um título de console precisa apresentar para seu público.

Prós

  • 22 atrizes selecionáveis de início;
  • Diversos acessórios, roupas e armas para customização das personagens;
  • Bom trabalho de dublagem.

Contras

  • Não há uma diferença de jogabilidade entre as personagens;
  • Controlar a arma corpo-a-corpo tira a graça de usar as armas à distância;
  • Grinding excessivo para comprar tudo na loja;
  • É obrigatório comprar itens repetidos para cada uma das personagens
  • Poucos modos de jogo;
  • Modo história é repetitivo, mesmo com personagens diferentes;
  • Pouca exploração da luta em trios;
  • Disputas Battle Royale não empolgam.
Alice Gear Aegis CS: Concerto of Simulatrix — PS4/PS5 — Nota: 5.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela PQube Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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