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Análise: Rhythm Sprout: Sick Beats & Bad Sweets (Multi) é uma aventura rítmica repleta de humor e desafio

Desbrave um reino exótico e tente não sair do compasso neste viciante jogo de ritmo.


Em Rhythm Sprout: Sick Beats & Bad Sweets, um cavaleiro-cebola precisa lutar e andar na cadência da música para enfrentar perigosos invasores. Esse título indie usa conceitos consagrados de jogos de ritmo, focando em apertar botões na hora certa, em um misto de controles simples e sequências complexas. Além de contar com jogabilidade envolvente, o jogo também surpreende com uma história maluca e bem-humorada. O resultado é uma experiência inusitada, que só não é melhor por causa de alguns pequenos deslizes.

Um guerreiro-cebola enfrentando marshmallows do mal

O Reino Vegetal está em perigo: doces malignos surgiram do nada e estão espalhando o caos por onde passam. Para enfrentar essa ameaça, o Rei Texugo convocou Broto, um cavaleiro feroz conhecido como “a Cebola Escolhida”. Além de derrotar os invasores, o guerreiro também recebe a tarefa de encontrar a princesa Couve-Flor, que desapareceu misteriosamente.


A aventura do herói-cebola é estruturada em estágios com desafios rítmicos bem tradicionais. Em cada fase, o objetivo é apertar botões no compasso da música, obedecendo os marcadores visuais que surgem aos poucos. Acertos fazem o personagem avançar pelos cenários, e há também algumas batalhas com melodias diferentes no decorrer do caminho. Um detalhe curioso é que só perdemos vida ao errar o comando de esquiva, as demais notas só influenciam a pontuação e o combo.

Além da trama principal, Rhythm Sprout tem uma boa quantidade de conteúdo opcional. Alguns estágios exploram as origens do herói Broto e há também níveis extras de dificuldade acentuada. Fora isso, todos os 30 estágios podem ser aproveitados novamente com modificadores, como velocidade aumentada ou notas aleatórias. Um incentivo para rejogar as fases são as estrelas, que são obtidas ao conseguir boas pontuações e combos. Esses itens liberam itens cosméticos, como roupas e armas alternativas.



Explorando e batalhando na cadência musical

Em suma, Rhythm Sprout é bem tradicional, afinal sua mecânica principal consiste em apertar botões no ritmo da música, sendo o tom bem acelerado. Contudo, o jogo me envolveu com sua complexidade, variedade e humor.

Durante os estágios rítmicos, só temos à disposição três botões de ação: esquerda, direita e esquiva. Pode parecer uma configuração básica demais, mas me surpreendi com os padrões das músicas, que se revelam diversos e complicados. A jornada começa com sequências simples e bem espaçadas, mas, rapidamente, elas se tornam bem complexas, com trechos exigindo alternar rapidamente entre botões em um curto intervalo de tempo.


O desafio é crescente e sofri para conseguir terminar os últimos estágios. Felizmente, o jogo é bem acessível: somente notas específicas dão dano, então é perfeitamente possível chegar ao final das fases com uma performance ruim. De qualquer maneira, há recursos para customizar a experiência, como um modo fácil e modificadores para aumentar a dificuldade. Aqueles que quiserem obter as classificações máximas vão precisar se esforçar muito, pois é necessário acertar as notas com perfeição — um desafio e tanto, em especial nos estágios extras.

Rhythm Sprout explora de maneira competente mecânicas consagradas, mas alguns pontos incomodam. As sequências de notas são criativas, mas contar somente com três comandos deixam os estágios um pouco parecidos demais. Além disso, a disposição visual das notas é um pouco apertada demais, o que dificulta identificar com clareza os comandos mais complexos — elementos mais afastados ou ícones alternativos seriam boas soluções. A nota de armadilha, inclusive, obscurece os próximos comandos com uma nuvem de fumaça, o que atrapalha ainda mais. Por fim, senti falta de personalizar os botões no controle, utilizar o direcional digital como um dos comandos não é muito confortável.



Desbravando reinos repletos de loucura e humor

Tematicamente, Rhythm Sprout aposta na estranheza para construir seu mundo. Os gráficos simples, coloridos e exóticos lembram um pouco títulos da era PlayStation, trazendo um charme cômico a esse universo com vegetais humanoides e doces malignos. Destaque para os estágios: eles são repletos de detalhes e visualmente interessantes.


A trilha sonora é bem diversa, com composições originais de diferentes gêneros, como eletrônica, bossa nova, metal, k-pop e lo-fi-hip hop. Confesso que achei memoráveis somente algumas poucas faixas, porém as músicas funcionam dentro dos desafios rítmicos, combinando muito bem com as sequências de comandos.

Loucura é uma palavra que eu usaria para descrever a trama e personagens do jogo. A jornada do cavaleiro-cebola é repleta de momentos absurdos e bem humorados, e me diverti vendo as maluquices. Em um dos estágios, precisamos enfrentar marshmallows com bigodes para poder entrar em um show de k-pop. Um dos vilões é um velho solitário que quer um amigo para assistir com ele a todas as temporadas de Malhação. Em outro ponto, enfrentamos o trio “As Pimentãs Poderosas” em um combate feroz. Há inúmeras referências e piadas, que ficam ainda mais divertidas com a excelente localização para o português.



Jornada melódica e pulsante

Rhythm Sprout: Sick Beats & Bad Sweets é uma aventura de ritmo singular e eletrizante. Apertar botões no compasso das músicas é envolvente, principalmente por causa da boa diversidade de sequências e do desafio bem pensado. Uma trilha sonora com variados gêneros musicais e uma ambientação bizarra, mas charmosa e repleta de humor, complementam a experiência. Alguns problemas atrapalham, como notas juntas demais e sequências de comandos repetitivas, mas, no geral, o resultado é positivo. No mais, Rhythm Sprout é um indie musical que vale a pena ser conferido.

Prós

  • Mecânicas de ritmo tradicionais implementadas de forma competente;
  • Boa variedade de sequências e desafios, mesmo com número reduzido de comandos;
  • Trilha sonora diversa explorada em inúmeros estágios;
  • Ambientação bem-humorada e repleta de momentos absurdos e divertidos.

Contras

  • Algumas sequências de comandos são sem inspiração e repetitivas;
  • Disposição apertada das notas atrapalha em alguns momentos;
  • Ausência de opções de customização de controles e de ajustes de visual.
Rhythm Sprout: Sick Beats & Bad Sweets — PC/PS4/XBO/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela tinyBuild

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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