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Análise: Wanted: Dead (Multi) tentou misturar dois gêneros consagrados, mas se embolou pelo caminho

Encarne o papel de uma tenente linha dura que com certeza perderia a paciência com o seu próprio jogo.

Ao ser anunciado, Wanted: Dead criou uma certa expectativa principalmente por ter sido concebido por alguns dos desenvolvedores dos times que criaram Ninja Gaiden e Dead or Alive. É uma responsabilidade bem grande, ainda mais misturando hack n’ slash e tiro em terceira pessoa.

"Foi apenas um arranhão"

A protagonista do jogo é a tenente Hannah Stone, que lidera o Esquadrão Zumbi, uma força especial da polícia de Hong Kong. Eles recebem a missão de desmantelar uma conspiração corporativa, que não se intimida em deixar vítimas pelo caminho.

A ação proposta é frenética, com várias ondas de inimigos fazendo certo e, mesmo no controle da tenente Stone, seus companheiros de equipe conseguem te cobrir e evitar que você seja pega de surpresa… às vezes.

Podemos optar entre utilizar nosso armamento pesado ou sair correndo, fatiando os soldados inimigos com uma afiada katana. Para os combos de perto, também contamos com o auxílio de uma pistola. Sua munição é infinita, já que a finalidade principal é interromper ataques próximos.

A ideia de misturar esses dois tipos de abordagem é muito bem sacada, ainda mais porque, dependendo da postura do jogador, é possível utilizar a criatividade para ser mais agressivo ou furtivo; economizar balas ou eliminar todos a uma distância segura.

As mortes que contabilizamos geram pontos, que podem ser utilizados em uma árvore de habilidades. Nela podemos aumentar nossos combos, capacidade defensiva, granadas que podemos arremessar, ganhar novos movimentos evasivos, entre outras características.

Tudo isso funcionaria muito bem se alguns problemas na jogabilidade não tornassem a experiência tão bagunçada. A começar pelos próprios movimentos da protagonista, que são um pouco duros. O combate corpo a corpo é um pouco desajeitado e ações como a esquiva e o bloqueio com a espada parecem ser impossíveis de serem executados com precisão.

A câmera também gera momentos de confusão quando há mais de um inimigo próximo. Ela sempre tende a colocar em plano central o ofensor mais recente a aparecer, então se aparecerem dois ou mais, ou ela muda de foco rapidamente mais de uma vez, ou fixa só no primeiro, não evidenciando os demais, que estão em pontos cegos.

Além disso, os inimigos têm a resistência abençoada pelo cavaleiro negro de “Monty Python em Busca Cálice Sagrado.” OK, talvez eu tenha forçado na referência, mas só para explicar, o personagem em questão confronta os heróis do filme e ao perder os membros em batalha, desdenha falando que é apenas um arranhão — da maneira divertida e jocosa que os comediantes sempre fizeram.

Pois bem, fiz essa referência porque alguns soldados precisam de pelo menos cinco ou seis tiros na cabeça para morrer, sem contar o restante que atinge o corpo enquanto tentamos calibrar a mira, que é bem lenta. Entretanto, o destaque vai para aqueles que tentam te atacar com uma faca, que te perseguem mesmo após sequências longas de golpes, tiros e após até perder um braço. 

Mutilar os inimigos com a katana, cortando sua cabeça ou braços, até é divertido, mas essa resistência deles aos seus golpes e projéteis é um pouco exagerada e foge do que torna o desafio divertido, passando a ser irritante.


Para quem ainda quiser afiar suas habilidades, há alguns modos de jogo, como o Treino, que possui diferentes níveis, e um focado em minigames. 

Uma escolha questionável

Se já não bastassem os deslizes na jogabilidade, Wanted: Dead tem uma piora considerável no quesito visual. Um fato curioso é que os trailers de divulgação do jogo traziam imagens até que bem trabalhadas para a atual geração de consoles, mas o produto final “traiu” os seus consumidores.

Assim que abrimos o jogo, já notamos um estranho “efeito granulado”, como se tudo rodasse em uma fita cassete bem antiga. Acontece que não se trata de uma decisão estética para dramaticidade ou um filtro, que pode ser ligado ou desligado, a imagem simplesmente é assim e isso é horroroso.

Como esta análise está sendo produzida antes do seu lançamento de fato, talvez haja um patch de correção para isso, mas ainda assim, o que testamos não faz jus aos vídeos de anúncio, o que é muito frustrante.

Além disso, também há algumas mancadas no áudio, no que se refere às cutscenes. Por mais que a dublagem seja bacana, sempre que entra alguma cena há um atraso considerável na sincronia entre áudio e imagem. Pode não ser perceptível durante o discurso ininterrupto de uma personagem, mas fica evidente quando acontece algum ruído externo, como vidros quebrando ou batidas em portas.

Deixa esse zumbi enterrado

Wanted: Dead teve uma ótima equipe e a ideia de misturar dois tipos de ação bem distintos viria muito bem a calhar, mas infelizmente o jogo veio recheado de falhas na jogabilidade. Além disso, é inconcebível que a qualidade visual final seja tão aquém do que foi exibido nos trailers.

Prós

  • Na teoria, a ideia de misturar shooter e hack n’ slash daria uma combinação interessante;
  • É bem legal prosseguir pelas fases com sua equipe te dando cobertura;
  • A jogabilidade permite que quem está no controle seja bem criativo com a maneira de prosseguir.

Contras

  • A movimentação não é tão responsiva quanto o ritmo do jogo demanda;
  • A câmera prejudica momentos de embate contra mais de um inimigo;
  • A mira das armas é lenta e imprecisa;
  • Os inimigos precisam de uma boa quantidade de munição ou cortes para te deixarem em paz;
  • O visual gráfico está horrível;
  • Atrasos e falta de sincronia no áudio das cutscenes.
Wanted: Dead — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 5.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Vitor Tibério
Análise feita com cópia digital cedida pela 110 industries

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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