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Análise: Blanc (PC/Switch): uma aventura para dois em preto e branco

Ajude um lobo e um cervo em uma jornada para reencontrar suas famílias nesta simpática experiência cooperativa.

Blanc é uma aventura artística cooperativa que segue a jornada de um filhote de lobo e de um pequeno cervo presos em um vasto deserto de neve. O destino os força a criarem uma amizade que vai contra sua própria natureza para desbravarem juntos uma imensidão branca para que possam reencontrar suas famílias.

Amigos improváveis

Após uma nevasca sem precedentes, dois filhotes se vêem sozinhos em meio a uma imensidão branca de neve. Um pequeno lobo e um jovem cervo acabam se cruzando e, naturalmente, não se entendem logo de cara. Porém, ao perceberem que suas respectivas famílias seguiram o mesmo rumo para se abrigar do frio, os dois acabam por se juntar para que consigam rever seus amados.

A aventura protagonizada pelos dois filhotes nos leva a cenários devastados pela nevasca, como uma cidade totalmente coberta de neve, ruínas e até mesmo uma área industrial. A interação entre os dois é essencial para que tenham êxito em sua jornada, seguindo os rastros de seus bandos.


O lobinho é capaz de passar por áreas pequenas, como árvores ocas caídas no chão e alguns pequenos túneis e dutos. O pequenino também é capaz de usar suas fortes presas para romper cordas que estejam segurando algum objeto.

O cervo é ágil e maior que seu colega de aventura. Por conta de seu tamanho, ele é capaz de desferir alguns golpes em estruturas frágeis e empurrar objetos maiores. Em áreas em que o jovem lupino não consegue alcançar por conta de sua altura, ele também o ajuda dando um apoio para que alcance esses pontos elevados.

Algumas interações do cenário exigem a ação conjunta dos dois, como arrastar portas ou troncos maiores. A cooperação entre eles é o cerne da experiência de Blanc, somada a uma direção de arte simplista, mas extremamente bem feita e cheia de personalidade, e uma trilha sonora acolhedora e dinâmica, ajudando a transmitir os momentos de tensão e alívio que a jornada dos filhotes proporciona.


Uma aventura para dois

Blanc foi desenvolvido para ser jogado de modo cooperativo, por isso a Gearbox Publishing nos cedeu uma chave adicional do jogo para que pudéssemos experimentar o game da maneira como realmente foi concebido: jogando de dois.

Eu e meu colega de redação Ivanir Ignacchitti jogamos o game em modo cooperativo online, alternando algumas vezes nossos papéis como o lobo e o cervo. A título de registro, o jogo também pode ser jogado em modo cooperativo local e solo, que explicarei logo mais como funciona.


Um dos pontos interessantes em nossa experiência jogando juntos é que as dicas dadas são mínimas. Inicialmente recebemos instruções básicas sobre como saltar, correr e interagir com determinados elementos do cenário para resolver puzzles. Entretanto, a dedução e resolução destes foi resultado de nossa astúcia ao observar sutis elementos no cenário que nos dão dicas.

Um exemplo, sem dar muitos detalhes, é a etapa em que encontramos uma família de patos que está tentando atravessar uma área com uma forte ventania. Detalhes sutis na arte do jogo nos dão as pistas necessárias para saber como proceder para atravessar aquele ponto. O mesmo acontece em outros momentos, e conseguir resolver estas situações sem uma ajuda direta do jogo é algo gratificante.

Claro, há momentos de tentativa e erro, algo natural para este tipo de jogo, mas nada que seja desnecessariamente elaborado ou complexo que exija um “QI de gênio” para resolver. Até porque duas cabeças ainda pensam melhor do que uma. Nossa parceria na jogatina para esta análise nos levou aos momentos finais em cerca de duas horas. Sim, uma experiência curta, mas divertida.

Cooperação fora do jogo é essencial

Um dos pontos fracos dessa interação mano a mano entre os jogadores, pelo menos ao jogar em modo online, é a limitação na comunicação. É altamente recomendável que, ao jogar com seu amigo, vocês possam conversar diretamente de alguma forma. Seja por um chat de voz básico ou mesmo mensagens de texto.


Não existe uma interface de comunicação entre os jogadores dentro do próprio jogo. Se um dos jogadores estiver um pouco perdido, ou caso um problema técnico ocorra, a experiência pode ser comprometida. Foi o que aconteceu durante minha jogatina com o Ivanir, em que o jogo crashou algumas vezes do lado dele e pra mim nenhuma notificação surgiu até eu perceber o que aconteceu. Dessa forma, nossa play precisou ser interrompida mais de uma vez até nos conectarmos novamente e darmos seguimento em nossa aventura.

A restrição de se conectar com um jogador que não faz parte de sua lista de amigos é outro ponto que desfavorece Blanc se você não conta com um amigo que também tenha o jogo. Só é possível convidar pessoas de sua lista para adentrar em sua sessão. Caso contrário, você estará limitado a jogar cooperativamente apenas em modo local ou então da forma menos recomendável, mas ainda possível, que é sozinho.

Felizmente, de certo modo, o título foi desenvolvido para quem prefere, ou só pode, jogar em modo solo. Neste modo, a movimentação de cada um dos filhotes é feita usando um dos analógicos do controle. As ações e pulos são executados com os respectivos botões de ombro e gatilho.
Layout ao jogar sozinho, com um controle
Layout ao jogar sozinho, sem um controle
Sem um controle, no caso da versão para PC, jogar Blanc se torna um verdadeiro incômodo, pois todos os comandos são atribuídos a lados opostos do teclado em posições até convenientes, mas sem opção de customização. Resumindo: se você não tem um controle, jogar a versão para PC de Blanc será um verdadeiro desafio.

Simples e cativante

Blanc é uma ótima pedida para quem faz questão de uma jogatina online simples, descompromissada e rápida com um amigo em uma história cativante. Porém, mesmo que seja uma experiência cooperativa interessante, limitações técnicas podem deixar a experiência desagradável por conta de detalhes que a tornam pouco atrativa se você resolver jogar em modo online.

Prós

  • Jogabilidade simples;
  • Apresentação traz uma direção de arte contemplativa e trilha sonora cativante;
  • Puzzles criativos e bem contextualizados com a ambientação do game;
  • Mesmo não sendo o ideal, é possível jogar sozinho.

Contras

  • Problemas pontuais de sincronização ao jogar online;
  • Nenhuma interface in-game de comunicação entre os jogadores em modo online;
  • Jogar sem um controle é desagradável;
  • Curta duração.
Blanc — PC/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Heloísa D’Assumpção Ballaminut
Análise feita com cópia digital cedida pela Gearbox Publishing

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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