Jogamos

Análise: Fashion Police Squad (Multi) é uma repaginada cheia de estilo nos shooters

Mostre para os criminosos que a justiça não perdoa, principalmente a quem não é fashion.

A missão da polícia é sempre combater o crime, inclusive contra a moda. Fashion Police Squad te coloca para erradicar o mau gosto das ruas de Trendopolis com garbo, estilo, elegância e bastante ação.

O esquadrão da moda

Nosso herói é o Sargento Des, que precisa eliminar todo traço de ameaça ao glamour da alta costura. Para isso, ele utiliza um armamento próprio que contém: uma espingarda de cores, uma metralhadora de agulhas, gnomos que comem as meias de quem insiste em usá-las com chinelos, e uma rajada de água pressurizada que ajusta as roupas muito largas — há um último equipamento, sobre o qual não irei falar para não dar um spoiler, mas digamos que ele resolve qualquer problema.

Todo esse arsenal estético é utilizado para combater os ofensores da moda, que insistem em vestir roupas muito largas, em tons sem vivacidade ou absurdamente fluorescentes, fazer combinações para lá de duvidosas e até usar um “saco de batatas”. Os diferentes tipos de inimigos têm seu visual corrigido e ganham trajes cheios de estirpe.

Os primeiros que aparecem podem ser “reformados” apenas com uma arma, mas ao longo das 13 fases alguns inimigos mais complexos exigem a combinação de duas delas para serem livrados da cafonice. Além de ser algo divertido, a ideia abre um precedente bacana que é associar uma metodologia não-violenta a um shooter, partindo do ponto de que nós não matamos ninguém, apenas os salvamos de escolhas ruins (dada a liberdade humorística do jogo).

E já que citamos o fato de Fashion Police Squad ser um shooter, ele sabe se valer muito bem das mecânicas do gênero, oferecendo ação em primeira pessoa de maneira muito competente com trocas rápidas de armas, rápida locomoção pelo cenário e bom controle da mira. A jogabilidade só dá uma leve derrapada quando se trata de algumas sessões de plataforma.

Além das armas contamos com o Cinto da Justiça, que serve para tontear os inimigos mais próximos além de servir como uma espécie de gancho para nos pendurarmos em lustres, mastros e postes. A ideia de usá-lo dessa maneira condiz com o contexto do jogo, mas em alguns momentos parece que seu alcance varia e um pulo que era aparentemente fácil se torna mais curto do que deveria ser, e isso faz com que essas áreas que envolvem muitos saltos fiquem um pouco mais complicadas do que realmente são.

Outro ponto a ser citado é a guinada que a curva de dificuldade dá nas fases finais. Os jogadores mais habilidosos até conseguirão se virar, mas quem não tem tanta intimidade com o gênero vai se sentir um pouco exausto com as levas massivas de inimigos que aparecem ao mesmo tempo em áreas pequenas ou estreitas. Isso causa algumas confusões, já que temos que trocar de arma muitas vezes e de maneira veloz.

Um desfile de referências

Fashion Police Squad não se contém em trazer apenas o mundo da moda para um ambiente de jogo de tiro, mas usa e abusa de diversos trocadilhos, menções e piadas baseadas em inúmeros elementos da cultura pop. Dá para refazer cada fase só para ficar de olho nas fontes homenageadas.

O fato de o jogo ser um shooter com estilo 8-bit em que  a cara do protagonista muda de acordo com a sua barra de vida já é claramente inspirado em DOOM, o precursor do gênero. Mas as coisas não param por aí, pois os colecionáveis dão uma aula de estilo à parte, já que são pôsteres do sargento Des vestindo fantasias “questionáveis”.

Sempre que chega em um local secreto e encontra uma dessas fotos vexaminosas, ele exclama algo como “que péssima escolha” ou “acho que nunca mais usarei isso”. Cada um desses trajes nada mais é que uma inspiração em diversos ícones famosos de filmes, desenhos, jogos e música. Temos roupas espalhafatosas inspiradas em James Brown, Duke Nukem, Jotaro Kujo (de Jojo’s Bizarre Adventure), Paul Phoenix (Tekken), Tidus (Final Fantasy X) e Mugatu (vilão do filme Zoolander, vivido por Will Ferrell), isso só para citar alguns.

Os inimigos também fazem parte da zoeira, pois sempre que um deles tem seu livramento fashion, eles fazem dancinhas e protagonizam um desfile na tela de conclusão de fase. E não achem que é um desfile qualquer, mas sim o suprassumo de movimentos icônicos como "The Floss Dance", popularizado pelo Youtuber Backpack Kid, e até o icônico Gangnam Style, do cantor sul-coreano Psy.

Toda essa mistura é acompanhada de uma excelente trilha sonora, que conduz  muito bem as nuances entre ação e comédia da narrativa.

Inventando moda sem ser brega

Fashion Police Squad dá um show e mostra que um gênero clássico como os shooters ainda podem ser explorados de maneira criativa. Para quem quer criar alguma intimidade com o gênero e ainda dar boas risadas, aqui está o seu modelo ideal.

Prós

  • A criatividade da narrativa se espalha muito bem pelos elementos de um FPS;
  • Ótimo senso de humor;
  • Uma maneira não-violenta de encarar um shooter
  • Ótima trilha sonora;
  • Boa exploração de referências diversas sem se tornar clichê.

Contras

  • A curva de dificuldade dá um salto gigantesco nas fases finais;
  • As sessões de plataforma são um pouco irritantes por causa da imprecisão dos saltos;
  • Ter muitos inimigos em áreas pequenas causa algumas confusões.
Fashion Police Squad — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSS — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Piombo dos Santos 
Análise feita com cópia digital cedida pela No More Robots

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google