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Análise: Lone Ruin (PC) traz feitiços e ação em um roguelike frenético

Tente sobreviver a hordas de inimigos neste título indie bem produzido, mas sem surpresas.


Uma cidade mágica em ruínas e infestada de monstros é o cenário de Lone Ruin, aventura de tiro e ação com elementos de roguelike. No controle de uma exploradora, utilizamos feitiços e artefatos para tentar sobreviver, sendo o diferencial a possibilidade de criar sinergias poderosas. As mecânicas são sólidas e bem executadas, no entanto a variedade bem limitada de conteúdo deixa o jogo desinteressante em pouco tempo.

Desbravando os restos de um mundo mágico

Muito tempo atrás, uma cidade se desenvolveu enormemente com ajuda de magia. Contudo, algo deu errado: uma onda de corrupção tomou tudo, transformando seus habitantes em monstros terríveis. Milênios se passaram e ninguém conseguiu descobrir o que houve, mas há boatos de um poder ancião capaz de reverter a situação. Muitos adentram as ruínas em busca da energia mágica, mas, até hoje, nenhuma pessoa voltou.

Em Lone Ruin, acompanhamos uma feiticeira que decide desbravar a cidade antiga. O local está tomado por criaturas agressivas, e para enfrentá-las contamos com inúmeros encantamentos. Em suma, o jogo é uma aventura de tiro controlado por duas alavancas: uma para mover a personagem, outra para mirar os feitiços. Além de até três ataques, a exploradora conta também com um movimento de esquiva. A jornada é dividida em arenas de combate com inimigos e chefes, mas há também lojas com itens diversos.


Em cada partida, começamos com uma única magia ofensiva e vamos melhorando a personagem pelo caminho ao coletar encantamentos de ataque e artefatos com poderes passivos. Os poderes têm características distintas que podem ser utilizadas em conjunto, então, com um pouco de estratégia, é possível criar combinações poderosas. Ícones nas portas de saídas indicam as recompensas das próximas salas, o que nos permite fazer escolhas conscientes.

Como é de praxe dos roguelikes, morrer significa perder tudo e recomeçar a jornada desde o início. Além disso, cada partida oferece uma seleção única de salas e de feitiços, tornando cada tentativa única. Fora o modo principal, Lone Ruin oferece também um modo no qual tentamos sobreviver por dez minutos a ondas de inimigos de dificuldade crescente.



Usando feitiçaria para sobreviver

Aqueles que já experimentaram títulos do gênero de tiro twin-stick estarão bem familiarizados com Lone Ruin. Mesmo sendo simples, o jogo me conquistou com sua ideia única, ação ágil e andamento frenético. A ambientação também é charmosa, com uma paleta focada nas cores rosa, roxo e azul e trilha sonora com batidas eletrônicas.

O aspecto mais notável de Lone Ruin é seu combate, principalmente os feitiços ofensivos. As magias de ataque são bem distintas, exigindo diferentes estratégias: relâmpagos saltam por vários monstros, mas têm força reduzida; projéteis flamejantes atravessam inimigos, porém precisam ser recarregados com frequência; um feixe de energia exige soltar o botão na hora certa para maximizar o dano; um buraco negro atrai inimigos; e mais.


Apreciei combinar as diferentes habilidades de maneira a potencializar suas características. Em uma partida, por exemplo, usei buracos negros para concentrar oponentes em uma única área e, em seguida, atirei com a magia de feixe. Já em outra tentativa, especializei-me em congelar e queimar inimigos para derrotá-los aos poucos. Numa terceira jornada, foquei em melhorar o feitiço do relâmpago, o que o tornou letal.

Dominar as nuances dos sistemas é essencial para sobreviver, pois Lone Ruin é bem difícil. É muito comum as arenas ficarem infestadas de inimigos e tiros, com muitos momentos de bullet hell. Por causa disso, é necessário ficar em constante movimento, abusando da esquiva enquanto atacamos. Diferentes tipos de monstros com movimentos e fraquezas distintas nos forçam a reavaliar as estratégias com frequência, e os confrontos contra os chefes trazem mudança de ritmo com embates mais cadenciados e complicados.



Frenético, mas enxuto demais

Em uma primeira olhada, Lone Ruin parece ser um roguelike de ação razoável, mas há um problema grave: a variedade de conteúdo é muito limitada. O jogo conta com aproximadamente 15 tipos de feitiços e algumas poucas relíquias, o que parece ser uma quantidade boa, porém as habilidades são muito simples, restringindo as possibilidades de sinergias bem rápido. Além disso, falta um pouco mais de balanceamento e algumas das magias são fracas demais ou praticamente inúteis. Por causa disso, com o tempo, acabei sempre utilizando as mesmas combinações.

Outro problema diz respeito aos desafios. As partidas consistem em inúmeras arenas com inimigos, porém todas elas são praticamente iguais, tanto no visual quanto no layout. Os cenários apresentam pequenas variações, como obstáculos e cores diferentes, mas não são suficientes para trazer diversidade. Além disso, há menos de dez tipos de monstros, então bastam poucas partidas para ver todos eles. Essas características fazem com que o jogo se torne repetitivo bem rápido.


Por fim, o título carece de conteúdo, bastando jogar uma única vez os dois modos disponíveis para ver praticamente tudo. Não há conteúdo desbloqueável, como novas magias, variações de combates e monstros alternativos, e isso faz muita falta. A experiência, no geral, é divertida, mas todas essas limitações não trazem incentivos para voltar mais vezes ao jogo — torço para que mais conteúdo seja incluído no futuro.

Em uma jornada enérgica, porém momentânea

Lone Ruin é um roguelike de ação competente e interessante, mas acaba perdendo um pouco do seu brilho com suas limitações. O destaque está nos combates frenéticos em que precisamos escapar de perigos enquanto lançamos feitiços diversos — parte da graça é descobrir combinações efetivas de poderes. No entanto, a quantidade reduzida e a variedade escassa de conteúdo deixam as partidas repetitivas rapidamente. No mais, Lone Ruin é uma diversão intensa e bem breve.

Prós

  • Interpretação bem implementada do gênero de tiro e ação com duas alavancas;
  • Feitiços criativos e com boas possibilidades de sinergias;
  • Ambientação agradável com paleta de cores inusitada e trilha sonora com elementos eletrônicos.

Contras

  • Quantidade limitada de poderes e habilidades deixam as partidas limitadas a médio prazo;
  • Pequena variedade de desafios e estágios;
  • Conteúdo geral reduzido.
Lone Ruin — PC/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Super Rare Originals

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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