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Análise: NeverAwake (Multi) é uma maneira criativa de se tratar um assunto sério

Derrote os traumas de uma garota na base da bala, para que ela possa acordar de um pesadelo sem fim.

NeverAwake já havia sido lançado para PC no final do ano passado, e chega agora para os consoles da Sony. Trata-se de um jogo de tiro, no qual controlamos a protagonista apenas com as duas alavancas do controle. 

Entretanto, a história densa e estilo artístico único fazem desta aventura muito mais do que uma simples chuva de balas convencional.

Combatendo seus medos

Rem está dormindo em uma cama de hospital. Não sabemos o que aconteceu ou como ela chegou lá. As fases ocorrem no seu subconsciente, no qual cada um de seus medos e angústias são personificados em monstros.

De sua aversão a verduras e legumes, passando pelo medo de cachorros e dentista, ao bullying sofrido na escola e pela sua própria irmã, vivenciamos cada uma das coisas que lhe assombram como se o seu avatar lutasse dentro de longos pesadelos.

Logo, o estilo artístico é voltado para cores escuras e ambientes soturnos, o que combina muito com a narrativa densa do jogo. Todas as sete áreas, cada uma composta por 10 estágios, possuem criaturas inerentes àquele espaço, adotando a identidade visual devida, e outras mais comuns, que aparecem em todos os lugares.

Entender o simbolismo de cada local é vital para começar a desvendar o que aconteceu com a garota e, à medida que progredimos, são reveladas páginas do diário de Rem, que dão mais profundidade à trama. Outro mérito visual está nos chefes, que funcionam bem como momento de tensão máxima dos pensamentos ruins

Um twin-stick shooter pode não ser a escolha mais óbvia para uma narrativa tão pesada, mas o desenrolar da trama, aliado aos diversos elementos descobertos, torna NeverAwake um jogo instigante.

Neste aspecto, apenas a trilha sonora não acompanha o ritmo acelerado de jogo em alguns momentos. Não é algo que atrapalha, mas há ocasiões em que ela parece se esconder e ficar quase imperceptível, devido à sua falta de impacto.

Memórias, almas e traumas

Com todo o conteúdo que descrevi antes, parece que tudo pode se tornar arrastado com o tempo, afinal, são 70 fases de tiros constantes. Entretanto, fica a critério do jogador quando os estágios serão finalizados, já que todos eles possuem um trajeto definido que pode ser seguido infinitamente.

O objetivo principal é juntar as almas deixadas pelas criaturas, até que o medidor do topo da tela atinja 100%. Assim que coletarmos a quantidade necessária, a fase se encerra.

Durante a progressão, desbloqueamos acessórios que podem nos ajudar na velocidade de juntar almas, potência dos tiros, conferir escudos, aumento de mobilidade e até diminuir nossa vulnerabilidade após realizar um dash. As combinações possíveis são inúmeras.

Também há armas especiais, que podem ser disparadas junto com a principal, perfeitas para eliminar inimigos velozes ou que aparecem pela retaguarda. Entretanto, diferentemente dos acessórios, só podemos equipar uma arma por vez.

Apenas em alguns momentos a sequência de inimigos pode parecer um pouco repetitiva entre as diferentes áreas. Isso se dá principalmente pelos monstros mais comuns, que aparecem em todos os lugares.

Todos os fatores descritos acima influenciam no tempo de duração de cada fase, que pode durar até menos de um minuto. E tudo isso sem sofrimento, já que o controle a base dos dois analógicos é simples e dinâmico, respondendo rápido ao nosso toque.

As batalhas contra os chefes também têm ótimas construções, obrigando o jogador a memorizar os seus padrões ofensivos e também a descobrir qual a combinação ideal de armas e acessórios para cada um deles.

Por fim, quando achamos que tudo acabou, NeverAwake apresenta uma rota alternativa, e bem mais complicada, o que aumenta consideravelmente seu fator replay.

Um sonho de pesadelo

NeverAwake conseguiu juntar a ação frenética de um jogo de tiro com uma história séria e bastante tocante sobre traumas e perdas. Isto, somado ao seu vasto conteúdo, controles afiados e estilo artístico singular, o torna uma peça única do seu gênero.

Prós

  • Narrativa densa e muito bem desenvolvida;
  • A identidade visual de cada área é um artifício muito bem utilizado para auxiliar na interpretação da história;
  • Jogabilidade ágil e descomplicada;
  • Armas e acessórios podem gerar uma infinidade de combinações;
  • Batalhas contra os chefes são frenéticas;
  • Estilo artístico muito bem planejado;
  • Bastante conteúdo para replay.

Contras

  • Em alguns momentos, a trilha sonora se esconde demais em segundo plano;
  • Alguns padrões repetitivos de inimigos.
NeverAwake — PC/PS4/PS5 — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise feita com cópia digital cedida pela Phoenixx Inc.


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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