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Análise: Breakers Collection (Multi) é uma coletânea feita com carinho e competência

O compilado traz duas pérolas dos anos dourados dos jogos de luta, com diversos incrementos e alta qualidade.

Desde que fiquei sabendo do lançamento de Breakers Collection, fiquei doido para jogar. Breakers e Breakers Revenge foram lançados em 1996 e 1998, respectivamente. Eu nunca encontrei um fliperama para jogá-los nem tive um conhecido com um Neo Geo CD, só ficava de olho nas páginas das revistas da época.

Só para que vocês entendam, pelo menos meu ponto de vista, o porquê de eles sempre despertaram minha curiosidade: ambos os títulos não enfrentaram vida fácil com seus concorrentes. O primeiro Breakers foi lançado junto com Street Fighter Alpha, o primeiro Darkstalkers e Tekken 2. Já Revenge teve que dividir espaço com Street Fighter Alpha 3, X-Men vs. Street Fighter, Mortal Kombat 4, Pocket Fighter e o primeiro Dead or Alive. 

Mesmo em meio a esses titãs, a franquia conseguiu um sucesso que a elevou ao status de “clássico cult” da porrada. Tanto que os diversos emuladores e fightcades da vida sempre fazem questão de incluir as duas versões. E agora chegou a hora de experimentar Breakers e Breakers Revenge no conforto do seu console.

Uma dupla reforçada

Os Breakers foram emulados de maneira a reproduzir exatamente o que ofereciam nos arcades e consoles da época: escolha um dos personagens e caia na porrada com uma CPU que vai ficando cada vez mais difícil de combater, a ponto de prever seus golpes. Irritante, mas ainda assim um clássico do gênero.

Algo que acaba mostrando os sinais de idade de ambos os títulos, além da dificuldade escalar entre cada luta, é o cálculo de dano. Ele é um tanto aleatório, logo, um golpe ou combo nunca causará exatamente o mesmo prejuízo ao oponente. Esse já era um problema da época, e infelizmente foi mantido.

Para essa coletânea, foram providenciados diversos outros modos de jogo, para que a experiência também ficasse mais próxima do que alguns outros títulos ofereciam em suas versões caseiras. E convenhamos, as adições vieram muito a calhar.

Breakers recebeu um modo Versus, para alguém que quer curtir umas partidas locais, e um Team Battle Mode, no qual é possível escolher uma dupla ou trio de lutadores e fazer uma luta simples contra a CPU ou outro participante, ou seguir uma sequência no estilo Arcade.

Breakers Revenge foi um pouco mais agraciado. O Team Battle Mode permite a seleção de Bai-Hu (o chefe do jogo) logo de cara e sem códigos, além de Saizo, personagem disponível apenas na sequência. Além disso há também  um modo Treino e o famigerado Online, com direito a crossplay e rollback netcode. Infelizmente, como recebi o código antecipadamente para a análise, não foi possível realizar uma luta em rede.

Em ambos os títulos é possível escolher manter os gráficos originais, escolher polígonos mais suavizados ou adotar o formato de tela de tubo com filtros de linha, além de podermos alterar a disposição da tela para central, preenchimento parcial proporcional e o total, para se adequar ao formato widescreen. Qualquer que seja a combinação de filtro e disposição escolhidos, todas combinam muito bem, sem passar aquela impressão estranha de algo muito esticado.

Outra opção bacana e que lembra um pouco os fliperamas, é poder dispor a lista do lutador escolhido nas laterais da tela. Isto é ideal para quem ainda se perde um pouco com os movimentos mais complexos ou não se lembra das nuances entre um e outro personagem.

Um carinho para os fãs

Para incrementar o pacote, foram incluídas algumas perfumarias. A galeria traz diversas ilustrações, esboços e artes de fãs devidamente creditadas, mostrando que o carinho do público foi devidamente retribuído. Já o Sound Test, algo que também era clássico em títulos de luta, nos permite ouvir e comparar as versões originais dos arcades de cada tema e as do Neo Geo CD, escolhidas para tocar durante as batalhas da coletânea. E acreditem, elas envelheceram muito bem.

Entretanto, há uma pequena falha sonora quando jogamos o Versus muitas vezes seguidas. Atrasos começam a ocorrer, tanto na música quanto nos demais efeitos e isso só cessa quando retornamos ao menu. Como ainda não houve um patch de lançamento, esse bug persistiu durante todo o período de análise, mas não é algo impossível de ser corrigido.

Outro ponto que trago é que escolher Bai-Hu deveria ser um pouco mais fácil em Breakers Revenge. Se ele já está disponível direto no Team Battle e no Treino, não seria ruim poder contar com ele no Arcade de uma maneira mais simplificada, já que ainda é necessário ter dois controles para poder desbloqueá-lo.

Por fim, o pessoal da QUByte Interactive realizou uma entrevista com os desenvolvedores da Visco Corporation, sobre a criação de Breakers e Breakers Revenge. O texto está disponível em inglês e em português.

Dobradinha campeã

Perto de outras coletâneas de luta, Breakers Collection conta com bem menos títulos, mas o cuidado realizado no port, bem como as diversas adições que só maximizam o potencial original, fazem com que esses dois se tornem indispensáveis para quem curte os clássicos do gênero. Se você é um fã da trocação de socos e magias em 2D, esse duo precisa estar na sua biblioteca.

Prós

  • Os ports de ambos os títulos foram muito bem feitos, resultando em uma jogabilidade com boa resposta;
  • Adição de modos extras, como Versus, Team Battle, Treino, Galeria e Online, com direito à crossplay;
  • Filtros de tela e opção de colocar a lista de comandos na tela.

Contras

  • Pequeno problema de atraso sonoro no modo Versus de ambos os títulos
  • Poderia ser mais simples escolher Bai-Hu no modo Arcade de Breakers Revenge;
  • A dificuldade do jogo e a imprecisão do cálculo de danos podem assustar e afastar jogadores um pouco mais inexperientes.
Breakers Collection — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela QUByte Interactive

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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