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Análise: River City Girls 2 (Multi) é um beat’em up cheio de atitude que amplia as virtudes do seu antecessor

Tão bom quanto o primeiro, mas com mais personagens, mapa maior e novas mecânicas.


River City Girls 2 é um beat ‘em up retrô com elementos de RPG que dá sequência ao bem-sucedido primeiro título de 2019. Nessa aventura, começamos exatamente do ponto em que o anterior termina, com a dupla de estudantes delinquentes Kyoko e Misako detonando o grupo yakuza da cidade para resgatar seus namorados que foram sequestrados.

Porém, a organização criminosa não foi eliminada, ressurgindo sob uma nova liderança, que orquestra uma vingança contra a dupla. Agora, o jogador conta com um elenco ampliado de personagens jogáveis: além das tradicionais protagonistas, seus namorados Kunio e Riki já estão disponíveis desde o início da aventura. A verdadeira novidade fica para a dupla de estreantes Provie e Marian, que precisam ser desbloqueadas ao longo da campanha.



Round Two, Fight!!!

Provie é originária de River City Ransom: Underground (PC), outro spin-off da franquia Kunio-kun. A garota é uma street dancer exímia, e seu estilo ágil combina combos de velocidade com movimentos de dança, em sequências acrobáticas belas e devastadoras.

Marian vem da tradicional franquia Double Dragon, onde normalmente é retratada como a donzela que precisa ser salva ao final da aventura. Mantendo a tradição com o protagonismo feminino de River City Girls, agora ela é uma garota com “barriga tanquinho épica” que não precisa de homens para salvá-la. Ela mesma é capaz de acabar com organizações criminosas com seus golpes devastadores de luta livre.


O jogador pode trocar de personagem nas bases secretas, em qualquer parte do progresso da campanha. Cada combatente possui seu próprio repertório de golpes, nível, dinheiro e inventário de consumíveis. Na base, é possível depositar consumíveis em baús e passá-los de um lutador para outro.

Os itens equipáveis são de uso comum a todos, não se desgastam e conferem vantagens diversas, como aumentar a durabilidade de armas, criar um escudo protetor quando a vida estiver baixa, adicionar danos elementais aos golpes, etc.

Elementos de RPG

Apesar de ser um beat ‘em up, River City Girls 2 possui elementos de RPG, com as personagens ganhando atributos ao evoluir níveis, até o máximo de 30. Após o consumo de um alimento pela primeira vez, também é recebido um aumento permanente em um dos atributos.


A jogabilidade é extremamente simples e prazerosa. A lista de comandos inclui desferir ataques normais, ataques pesados, pular, bloquear e fazer movimentos especiais que consomem uma barra de energia. À medida em que progredimos na campanha, podemos adquirir novos golpes para cada personagem, o que torna os combos ainda mais devastadores e satisfatórios.

Uma das novidades em RCG2 é a adição de efeitos elementais em golpes e armas. Ataques congelantes reduzem a velocidade dos alvos; ataques elétricos paralisam os oponentes; ataques de fogo incendeiam aqueles que forem atingidos; e envenenamentos causam dano adicional durante um tempo.


As armas são abundantes e podem ser encontradas na maioria dos cenários. Elas se dividem em grupos (brinquedos, ferramentas, itens domésticos e artigos esportivos) e se quebram com o uso, mas sua durabilidade pode ser aumentada se equiparmos certos itens ou manuais. Uma das partes mais divertidas do jogo é testar o efeito de cada arma nos oponentes.

A cidade da pancadaria

A cidade é dividida em áreas, que por sua vez são compostas por diversos cenários interligados entre si. Para progredir na campanha é preciso ir de um cenário para outro através de pontos de saída e cumprir a missão atual para desbloquear as saídas necessárias para avançar. O mapa está muito maior, contendo áreas do primeiro jogo e acrescentando novas regiões para explorar.

Os inimigos reaparecem com frequência, mas normalmente não é obrigatório derrotá-los, bastando correr até a saída para mudar de tela. Em alguns casos específicos a tela fica travada e é necessário derrotar todos os oponentes. Inimigos abatidos rendem experiência, dinheiro e às vezes derrubam comidas que recarregam parte da energia.


Além das lutas, existem várias tarefas disponíveis, algumas obrigatórias para prosseguir com a campanha e outras totalmente opcionais. Os desenvolvedores foram bastante criativos ao desenvolver essas missões, que oferecem uma gostosa variação na pancadaria regular de River City Girls 2.

Existem tarefas para arrasar em um game de dança, tirar fotografias em certos pontos, resgatar gatos, eliminar gangues num jogo de queimada (outra referência a spin-offs da série Kunio-kun), consertar geradores de energia, impedir yakuzas de depositar dinheiro no banco, caçar fantasmas e muitas outras, cada uma com sua jogabilidade própria.

Além disso, cada batalha contra chefes possui uma mecânica exclusiva, que o jogador precisa compreender para triunfar. Essas variações trazem uma diversão a mais, fugindo da mesmice de simplesmente resolver tudo na base do soco.


Outra novidade bem-vinda é que agora podemos levar conosco até dois aliados recrutados, que atuam como strikers. Cada tipo de parceiro faz um ataque diferente, invocado com os gatilhos L ou R, e é interessante criar estratégias combinando as ações dos recrutas com nossas próprias sequências de golpes.

Uma luta com problemas

No entanto, apesar de todas as novidades, a jogabilidade básica durante as lutas comuns é muito parecida com aquela que vimos no primeiro River City Girls, passando a impressão que a sequência inova pouco em relação a seu antecessor.

Outro problema é que, assim como no primeiro jogo, a navegação pelo mapa é um tanto confusa e requer bastante backtracking, fazendo o jogador pausar a todo momento para consultar o mapa no celular. Para piorar, cada transição de cenário exige uma tela de carregamento. No Xbox Series X esse defeito é bastante amenizado, mas no Switch os tempos de loading incomodam.

No Switch também notei quedas na taxa de quadros com muito mais frequência do que no console da Microsoft. Por outro lado, na versão para Xbox encontrei alguns bugs, como o preço dos itens nas lojas aparecer absurdamente maior do que deveria.


O item Smart Watch, que deveria dar desconto nos itens, na verdade aumenta ainda mais os preços. Itens que deveriam diminuir a velocidade, como ataques congelantes, causam o efeito inverso, aumentando a movimentação. Esses defeitos não acontecem na versão para Switch e acredito que serão corrigidos em futuras atualizações.

O sistema de bloqueio de golpes se mostrou pouco útil na prática, pois normalmente somos cercados por numerosos oponentes, sendo muito mais intuitivo sair com ataques ou esquivando para cima ou para baixo. Outra mecânica pouco útil é o pulo duplo em paredes, que só utilizei para resgatar gatos que estavam em pontos mais altos do cenário.

I'm Better Than You

Um dos destaques de River City Girls 2 é a sua fantástica trilha sonora, da renomada compositora Megan McDuffee. Algumas partes da cidade e batalhas contra inimigos especiais contam com músicas próprias, muitas delas com arranjos vocais.

A própria introdução do jogo é acompanhada pela faixa “River City Girls Too”, um rock agitado cuja letra descreve o próprio RCG2. Outros destaques vão para a faixa "I'm Better Than You", o novo tema do shopping e para a trilha “Thanks for Your Time”, um agradecimento musical pelo tempo dedicado ao completarmos a campanha.


Os cenários em estilo retrô são outro destaque. Seguindo a tradição da WayForward, que sempre apresentou belos títulos em pixel art, os gráficos são coloridos, bonitos e variados, muitos deles com um level design interessante em que podemos nos aproveitar de plataformas, buracos e elementos de cenário para derrotar os oponentes. Cada área do jogo possui um visual e estilo característicos, e toda loja é única, o que nos instiga a explorar o mapa inteiro e descobrir novidades.

River City Girls 2 é repleto de referências, especialmente de outros títulos da WayForward e da Technos, com vários personagens conhecidos de diferentes jogos fazendo uma ponta, especialmente como vendedores nas lojas. O humor auto-referenciado permeia toda a jornada e traz ainda mais personalidade à ambientação.

Time que está ganhando

River City Girls 2 é um ótimo beat ‘em up, que aposta na fórmula de sucesso de seu antecessor, mantendo a jogabilidade fluida, os elementos de RPG e principalmente sua ambientação irreverente e cheia de atitude. Isso dá a impressão de que ele é muito parecido com o anterior, o que não é exatamente um defeito se você gostou do original.

As duas novas personagens jogáveis, Provie e Marian, são divertidas, e as novidades introduzidas são interessantes e realmente acrescentam diversão para o jogador, em especial os criativos desafios que aparecem no meio da exploração e as batalhas memoráveis contra os chefes.


Apesar dos bugs ocasionais e do excesso de telas de carregamento, este jogo continua divertidíssimo e é um dos melhores beat ‘em ups lançados nos últimos tempos. É recomendadíssimo a quem gosta do gênero e obrigatório para quem curtiu o primeiro RCG.

Prós

  • Jogabilidade divertida, prazerosa e fácil de dominar;
  • Gráficos caprichados em estilo retrô, cheios de atitude e personalidade;
  • Excelente trilha sonora de Megan McDuffee, com arranjos vocais e temas específicos para oponentes e áreas especiais;
  • Minigames divertidos e variados;
  • Senso de humor cheio de referências à cultura dos games.

Contras

  • Excesso de telas de carregamento;
  • Bugs ocasionais nos preços das lojas e no funcionamento de alguns itens;
  • Navegação confusa pelo mapa;
  • Mecânica de bloqueio pouco útil na prática.
River City Girls 2 — PS5/XSX/PS4/XBO/Switch/PC — Nota: 8.0
Versões utilizadas para análise: XSX e Switch

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela WayForward

é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
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