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Análise: WRC Generations (Multi) traz uma nova geração de carros, mas com o pé no freio

A franquia apenas se preocupa em trazer mais do mesmo, com inovação apenas nos motores híbridos e mantendo o restante do conteúdo inalterado.

WRC Generations
é a sequência de WRC 10, que celebrou de maneira um pouco adiantada os 50 anos do Campeonato Mundial de Rali. Mesmo sem trazer um número no nome, era esperado que pelo menos o mesmo padrão seria mantido, mas parece que a fórmula mágica começou a dar alguns sinais de cansaço.

Poeira e tecnologia

Começando pela parte boa, a jogabilidade de Generations ainda se mantém afiada e precisa, o que se tornou um marco na franquia. Os carros respondem muito bem aos comandos do jogador, inclusive quando cometemos algum erro.

Não basta termos habilidade no volante, mas também é vital fazer a melhor escolha de pneus para não derraparmos pelo caminho. Mesmo quem nunca jogou um WRC na vida poderá contar com as instruções e macetes das combinações de pneus ideais para um bom desempenho.

Ainda estão disponíveis carros das mais variadas categorias, como WRC3, WRC2 e os clássicos que abrilhantaram outras épocas, mas o destaque fica com os carros da divisão principal, que agora têm motores híbridos, como na realidade.

Eles foram introduzidos no torneio deste ano e o jogo já conseguiu trazê-los para o mundo virtual. É possível armazenar energia nos pontos de frenagem e usá-la para ganho de potência na aceleração, o que reduz o tempo da retomada de velocidade após as curvas. Há três configurações diferentes para o uso destes motores, o que altera drasticamente a estratégia de quem busca mais realismo.

As localidades e pistas também continuam um show à parte, tanto em variedade quanto no visual. Estão disponíveis as treze etapas do campeonato deste ano, mais oito lugares de ralis passados, o que totalizam 165 trajetos distintos. Vale lembrar que há o sentido inverso da maioria dos circuitos, mas a diferença no relevo, somada ao clima e ao jogo de pneus fazem eles serem encarados como provas novas.

Os biomas de cada país são ricamente detalhados, desde as geleiras suecas, passando pelos desertos chilenos, savanas quenianas e florestas estonianas. A variedade de ambientes, junto com as alterações de horário fazem belas composições de luzes, principalmente em etapas que acontecem ao pôr do sol ou no meio da madrugada.

Entretanto, vale citar mais uma vez que, mesmo com menus e tutoriais em português, a voz dos copilotos ainda se mantém no padrão europeu. Ou seja, ele só falará espanhol, francês e inglês. Quem não entende nada de nenhum destes três idiomas não compreenderá totalmente as instruções do seu companheiro, mesmo com a sinalização de curvas aparecendo na tela.

Não custava nada dar uma mexida

Ou seja, podemos fazer partidas rápidas em qualquer pista, realizar uma Temporada do Campeonato Mundial de Rali - sempre começando pelas categorias WRC3 ou WRC2 - nos preocupando apenas em correr, ou trilhar nossa jornada no modo Carreira, no qual também nos ocupamos com a gestão da equipe e outros eventos, como treinos e ações das montadoras que podem te contratar.

Quanto ao multiplayer, temos a oportunidade de integrar uma liga e participar de etapas diferentes com determinadas janelas de tempo. O modo copiloto também está de volta, mas se no jogo anterior ele era uma novidade, aqui nem esse refresco ele oferece. É divertido nas duas ou três primeiras partidas, mas depois não oferece nada de mais que o torne atrativo por muito tempo.

Por fim, há o editor de exteriores, que é o mais bacana de tudo, já que você pode colocar sua própria marca nos carros de qualquer categoria, inclusive nos carros lendários. E por falar em lendas, a única adição a ser notada foi a inclusão do Subaru Impreza 1997 azul de Colin McRae na lista inicial de veículos, o que serve mais como um pedido de desculpas pela mancada de ter deixado ele como DLC em WRC 10.

O legado histórico que WRC sempre trouxe ficou muito em falta em Generations. O modo de desafios que temos presente é basicamente o mesmo que encontramos na Carreira, que envolve bater tempos em pistas específicas com veículos determinados. Não há nada que faça menção à provas passadas ou com momentos clássicos. Com um nome que literalmente diz “Gerações”, era esperada pelo menos alguma menção às glórias de tempos antigos.

Arroz com feijão e uma mistura nova para enganar

Se WRC 10 trouxe a festa, WRC Generations é aquela marmita com os salgadinhos e o bolo que você continua comendo pelos dias seguintes: continua gostoso, mas ainda é mais do mesmo. Os modos de jogo são exatamente os mesmos, e com menus bem mais simples. Mesmo com a excelência da experiência de dirigir um carro de rali, agora híbrido, esta edição pecou em não tentar mexer pelo menos um pouco em sua estrutura básica.

Prós

  • A jogabilidade e simulação são muito boas;
  • Os visuais dos diferentes países e pistas são bem detalhados;
  • A inclusão dos carros híbridos foi uma ótima sacada;
  • Corrigiram o pecado de não ter o Subaru Impreza do Colin McRae.

Contras

  • Exatamente os mesmos modos do jogo anterior, sem nenhuma adição ou inovação;
  • Os menus iniciais estão muito simplificados e sem vida;
  • Telas de loading exaustivamente longas.
WRC Generations — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Camila Cerineu
Análise feita com cópia digital cedida pela Nacon

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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