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Análise: Sophstar (Multi) — Um shmup brasileiro que te leva às estrelas em uma descoberta pessoal

Escolha sua nave, cumpra missões e desbrave o espaço para saber mais sobre sua própria origem.

Ter uma crise existencial nunca é bom. Pior ainda se você estiver no espaço. Para resolver esse problema, Sophstar te coloca em uma jornada de descobrimento embalada pelo bom e velho estilo shoot ‘em up vertical, com direito a uma bela variedade de modos e naves, que irão te entreter por boas horas interestelares.

Perdida nas estrelas

A subtenente Soph perdeu sua memória e não sabe de onde veio ou quem é. A única coisa que ela ainda possui são seus poderes de teletransporte. Durante a jornada, nossa intrépida heroína poderá contar com nove tipos diferentes de naves, cada uma com seu tipo de armas primárias e secundárias. Para aumentar as possibilidades de sobrevivência, também há o recurso de teletransporte, que se torna uma ferramenta providencial ao enfrentarmos levas concentradas de inimigos. 

Algumas naves possuem tiros frontais concentrados, outras cobrem uma área multidirecional maior, incluindo disparos que abatem inimigos vindos pela retaguarda, e ainda há aquelas que balanceiam rajadas espaçadas e dano massivo. Além disso, as armas secundárias também apresentam outras variantes interessantes, como escudos, anuladores dos projéteis que vêm na sua direção e explosões que cobrem a tela toda.

Por mais que um “jogo de navinha” tenha seu estilo muito bem definido e até meio batido, a variedade de veículos vai te fazer voltar para experimentar cada um e acabar se apegando ao seu favorito.

Outro ponto-chave da jogabilidade é a pontuação. Nosso placar é determinado pelos fragmentos que coletamos das criaturas que abatemos, mas temos que ser rápidos, pois eles vão diminuindo até sumir. Quanto menor o tamanho desses quadrados estelares, menos pontos conseguimos.

Pode parecer um detalhe ínfimo, mas ele é fundamental para determinar a postura do jogador. Quem quiser sobreviver sem ter que se arriscar muito vai se posicionar mais ao fundo do espaço, evitando projéteis e se portando de maneira mais defensiva. Se a meta for uma pontuação elástica, aí o jogador invariavelmente ficará mais próximo do topo, fazendo o possível para exterminar as ondas rapidamente para coletar grandes números, mas ficando extremamente exposto e vulnerável.

Essa sutileza, combinada com o padrão de cada nave, traz diferentes maneiras de encarar a curva de dificuldade de Sophstar. Ela não é das mais amistosas nos estágios avançados, mas ainda assim é inclusiva com novatos, sem deixar os veteranos desamparados de desafios mais intensos.

Variedade estelar

Para que o fator replay fosse variado, temos à disposição diversos modos de jogo. O Arcade possui oito fases, com uma grande variação de chefes e subchefes. Temos também as opções de Ataque de Placar, nas quais temos apenas uma vida para registrar a melhor marca possível; o Desafio por Tempo, no qual abater naves rivais aumenta o nosso cronômetro; e o Modo Infinito, que dura até sermos explodidos em uma nuvem de poeira cósmica.

Entretanto, o destaque aqui é a Escola de Cadetes, que funciona como um modo de missões. Nela, temos que cumprir com o objetivo dado respeitando as condições, que podem variar entre derrubar inimigos em um curto espaço de tempo, alcançar uma quantidade de pontos sem errar nenhum tiro e sobreviver a rajadas de balas em um espaço pequeno, sem poder nos teletransportar ou revidar. Nosso triunfo é recompensado com notas entre C e S e, no caso da mais alta, ainda conseguimos desbloquear um filtro visual.

Se temos uma vasta gama de opções de modos de jogo, podemos dizer o mesmo no quesito visual, mas com ressalvas. O estilo retrô sempre é um charme em shoot ‘em ups quando bem empregado, e em Sophstar ele é muito conveniente sim. Inclusive, o fato de a disposição da tela ter o formato 240x320, que nem o dos antigos gabinetes, traz a nostalgia dos fliperamas oitentistas.

Para quem não é fã da progressão vertical, também dá para “virar” a tela, deixando tudo na horizontal, tanto da direita para esquerda quanto no sentido contrário. Por fim, os filtros de cores disponíveis, alguns deles ganhados na Escola de Cadetes, alteram as cores para padrões que se assemelham a diversos consoles antigos.

Ainda assim, mesmo com os diversos filtros e disposições de ecrã, o fato de os inimigos básicos serem sempre os mesmos em todos os modos de jogo e fases, aliado aos planos de fundo estáticos, cria aquela sensação de repetição que só é quebrada com a chegada dos chefes ou com as belas cenas criadas para dar o contexto da viagem de Soph. Outro ponto é que, nas dificuldades mais acentuadas, a quantidade de projéteis na tela pode causar uma certa confusão na hora de entender o que está acontecendo, e isso pode resultar até mesmo em um momento de desatenção que irá fatalmente nos levar a perder uma vida.

Um tesouro galáctico

Sophstar respeita a fórmula consagrada dos “jogos de navinha”, adicionando muita personalidade e características interessantes, como a variedade de veículos com atributos únicos e o teletransporte. Para quem quer uma aventura para conhecer melhor o gênero, este título é uma ótima pedida e com certeza irá afiar suas habilidades.

Prós

  • Variedade de naves;
  • Diversas opções de filtros visuais nostálgicos;
  • Visual retrô combina muito bem com a ação durante o jogo;
  • Teleporte é um recurso interessante e dinâmico;
  • A Escola de Cadetes é um ótimo modo de missões.

Contras

  • Em alguns momentos o excesso de projéteis na tela causa confusão;
  • Inimigos duplicados em diversos momentos podem passar a sensação de repetitividade;
  • Os menus são um pouco simplistas demais.
Sophstar — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Red Art Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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