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Análise: The Pinball Wizard (Multi) transforma o fliperama em um enfadonho dungeon crawler

Estágios desinteressantes, dificuldade desbalanceada e uma atmosfera sem graça são alguns dos problemas desse indie.


The Pinball Wizard é um dungeon crawler com premissa curiosa: no lugar da bola, lançamos um mago que tem à disposição alguns feitiços. A ideia de combinar o gênero pinball com outros estilos não é inédita, e este título indie até tem uma execução razoável. No entanto, o jogo sofre com vários problemas, como fases nada inspiradas e  conteúdo raso, o que torna a experiência nada memorável.

Um pinball mágico

No jogo, acompanhamos um mago que escala uma torre repleta de perigos e monstros a fim de alcançar o topo para consertar um artefato mágico. No entanto, não o controlamos diretamente: utilizamos flippers para lançá-lo pelos cenários, como se ele fosse uma bolinha em uma máquina de pinball. Para avançar, precisamos encontrar a chave da porta de saída, que está escondida dentro de algum dos monstros do estágio.

Conforme escalamos a torre e derrotamos os inimigos, o mago recebe pontos de experiência e sobe de nível. Além de receber aumento em suas características, como força e vida, o feiticeiro aprende várias habilidades. Algumas oferecem novas ações, como conjurar esferas de energia ou lançar o herói para qualquer direção. Já outras provêm bônus passivos, como recuperar parte da vida ao derrotar inimigos ou multiplicar a quantidade de dinheiro recebido ao coletar moedas em sequência.


Fora a campanha principal, The Pinball Wizard conta com alguns extras. O modo diário disponibiliza um estágio diferente a cada dia, já a modalidade calabouço consiste em fases mais elaboradas e complicadas. Para aqueles que gostam de competição, há placares online.

É fácil acertar quando o assunto é reproduzir uma máquina de pinball, afinal, o conceito é clássico e sólido. Nesse aspecto, o título é competente, sendo fácil e familiar utilizar flippers para lançar o mago. De único, aqui, temos os dois feitiços que trazem um pouco mais de controle às partidas — a habilidade de lançar o feiticeiro para qualquer direção, em especial, é essencial para superar os desafios dos estágios.



Enfrentando problemas irritantes

Infelizmente, nos demais aspectos, The Pinball Wizard se revela muito desinteressante. Para começar, o desenho dos níveis é sem inspiração alguma: a maioria das fases não passa de salas amplas com inimigos. Há alguns estágios com mais elementos, como trechos mais difíceis de alcançar, mas eles são minoria. Uma das características mais legais de máquinas de pinball é o design elaborado e repleto de caminhos interessantes, mas não há nada disso aqui.

Para piorar, a variedade de conteúdo é minúscula. Estruturas, como estacas, barris e uma pá que gira, são reaproveitadas constantemente. Além disso, só há quatro tipos de inimigos e um único chefe. Até mesmo a ambientação é regular: o jogo conta com uma única música e todos os estágios têm o mesmo visual sem graça de calabouço cinza.


Por fim, a dificuldade é desbalanceada e com problemas de design. Conforme avançamos na escalada, os inimigos ficam mais fortes, o que é fato esperado, porém o comportamento deles é punitivo. Um dos monstros, por exemplo, é uma geleia azul que pega fogo quando nos aproximamos. A principal forma de ataque é lançar o mago nos inimigos, então, na maioria das vezes, acabamos recebendo dano. Nos estágios mais avançados, isso se torna irritante por causa da quantidade de inimigos e perdi a conta das vezes que morri ao tentar atacar algum deles.

A soma de tantos problemas resulta em um jogo repetitivo, cansativo e frustrante. A quantidade de conteúdo também é ínfima: terminar a campanha e explorar o conteúdo opcional leva por volta de uma hora e meia.



Aventura tediosa

The Pinball Wizard tenta oferecer uma interpretação única do fliperama clássico, mas falha com sua execução limitada e problemática. Lançar o mago com a ajuda de flippers é intuitivo, porém os estágios são desinteressantes, a variedade de conteúdo é muito limitada e a dificuldade é desregulada. No fim, essa mistura de pinball e dungeon crawler não colou e é completamente esquecível.

Prós

  • Mecânicas de pinball implementadas de forma razoável.

Contras

  • Fases simples, repetitivas e nada inspiradas;
  • Pequena variedade de conteúdo e situações;
  • Dificuldade desbalanceada;
  • Visual e áudio limitados.
The Pinball Wizard — PC/Switch/iOS — Nota: 4.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Thais Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Frosty Pop

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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