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Análise: Prodeus (Multi) é uma nostálgica homenagem aos FPS dos anos 90

Oblitere demônios em uma intensa experiência fortemente inspirada em jogos como DOOM e Quake.


Depois de um período de dois anos em acesso antecipado, a Bounding Box Software Inc., por meio da Humble Games, finalmente disponibilizou a versão 1.0 de Prodeus.

Com fortes inspirações em jogos consagrados da era de ouro dos games de tiro em primeira pessoa, como DOOM, Quake e o notório Wolfenstein 3D, em pleno 2022 temos a oportunidade de obliterar criaturas demoníacas ao estilo clássico, ou seja, usando armas exageradamente poderosas e movimentando-se com extrema agilidade ao som de metal pesado.

Copia mas não faz todo igual

Se você está na casa dos 30 anos de idade e teve a oportunidade de jogar as versões originais de DOOM e DOOM II naquele PC da lan house ou na casa do seu amigo que tinha um computador melhor que o seu, então Prodeus foi feito justamente pensando em você que sentia uma certa saudade de experimentar algo com a mesma vibe que o clássico criado por John Romero no início da década de 1990.

Na pele de um combatente implacável e sem nome, nossa missão é enfrentar uma horda de demônios para evitar que uma entidade maligna chamada Prodeus, que está em uma guerra dimensional contra as forças do Caos, saia vitoriosa do conflito e instaure seu reino de trevas. No meio deste fogo cruzado está a humanidade que, como sempre, depende do poder do protagonismo de nosso personagem principal para ter uma gota de esperança no meio deste sanguinolento conflito.


É, o enredo é bem clichê e remete bastante ao DOOM original, mas convenhamos que se a intenção é realmente homenagear o clássico, já está mais do que bom, o que nos leva aos verdadeiros destaques de Prodeus: sua jogabilidade e sua direção de arte. Abraçando suas inspirações com todo o amor e respeito que nortearam o desenvolvimento do game, é nestes dois departamentos que o título tem seus principais destaques.

De cara, o que já chama a atenção é a estética que emprega um visual retrô saudosista, com inimigos, armas, itens e diversos elementos do cenário propositalmente feitos com uma arte pixelada, remetendo aos jogos já citados. Essa arte é mesclada com um cenário que já conta com texturas e detalhes melhor trabalhados; ou seja, é como jogar um game das antigas, mas com dentro de um universo mais moderno e, por que não dizer, atualizado.


Somado a uma jogabilidade bem gostosa, com controles responsivos, rápidos e fáceis de dominar, jogar Prodeus acaba por se tornar uma experiência bem prazerosa. Assim como o diabólico jogo que o inspirou, nosso protagonista conta com um generoso arsenal de armas que proporcionarão ao jogador um prazer extra na luta contra os demônios. São pistolas, escopetas, miniguns, lançadores de foguetes e outros armamentos mais futuristas, como um rifle de pulso e até um revólver que dispara energia do caos. Cada arma conta ainda com um modo alternativo de disparo, adicionando um pouco mais de variedade à jogabilidade.


A direção de arte brilha novamente ao deixar nossas armas totalmente ensanguentadas após um violento encontro com uma horda de inimigos, com direito até às entranhas — ou o que sobrou delas — dos coitados pingando do teto após explodirmos um barril e vermos a tela coberta com uma massa vermelha de inimigos obliterados. É um verdadeiro festival de violência gratuita durante a campanha.

Além da campanha principal, o jogador tem ainda a possibilidade de jogar no modo multiplayer contra outros jogadores pela internet. Entretanto, em minhas sessões de jogatina, precisei alterar a região do servidor para encontrar outras pessoas, e mesmo selecionando um local um pouco mais distante, como os Estados Unidos, consegui ingressar em algumas partidas e experimentar o modo, que mesmo por conta da distância, ainda me rendeu uma experiência bem satisfatória.


Outro ponto bacana vem para agregar ao fator replay, graças ao apoio da comunidade. O game conta com ferramentas de criação e compartilhamento de mapas para que o jogador possa criar e experimentar sessões de jogatina com novos mapas, regras e inimigos. Se mesmo depois de jogar a campanha, encontrar todos os segredos e cumprir todos os desafios você ainda quiser passar mais um bom tempo no jogo, esse é o lugar para conseguir mais conteúdo para te entreter.

Driblando problemas herdados do passado

Prodeus consegue reproduzir de forma bastante competente a experiência noventista de tiro em primeira pessoa, e isso também inclui alguns problemas básicos que já tínhamos naquela época. O principal deles diz respeito à variedade e consequente repetitividade. Depois de meia dúzia de níveis concluídos já começa a ficar um pouco maçante ver os mesmos tipos e quantidades de inimigos. Ver o mesmo sujeito e matá-lo pela “enésima” vez vira rotina bem rápido.

Além disso, a estrutura dos níveis também cai nessa armadilha, com leves variadas na progressão dos níveis. A grande maioria conta com o clássico objetivo de ir do ponto A ao ponto B. Outros adicionam objetivos extras, como a obtenção de chaves para abrir determinadas portas ou ativar painéis. Eventualmente, temos o tradicional embate contra um chefe também.


Pensando nessa inevitável possibilidade, a equipe de desenvolvimento adicionou um elemento que vai exigir do jogador um esforço extra no que diz respeito à exploração. Diferentemente de seus jogos inspiradores, em Prodeus temos a capacidade de obter dois tipos de recursos: runas e fragmentos de minério. O primeiro é usado para habilitar o acesso a níveis no mapa de seleção de fases, para avançarmos na campanha, enquanto o segundo serve para a aquisição de novas armas que não são obtidas naturalmente durante a jogatina.

Esse elemento adiciona uma demanda extra para nos fazer sair um pouco da rotina de matança, nos estimulando a buscar os segredos nas fases, onde geralmente estão esses dois tipos de itens. Algumas fases adicionais incluem pequenos desafios de arma para ajudar o jogador a se familiarizar com seu crescente arsenal de destruição de demônios.

É dos véio que nóis gosta

A mistura de estilos visuais de Prodeus, somada a uma jogabilidade ágil e responsiva, traz como resultado algo que podemos chamar de nostalgia moderna. Se você curte jogos FPS de um modo geral, mas quer dar aquela passeada no passado para matar a vontade de um título com pegada retrô sem apelar para a obviedade dos clássicos, este é o jogo que você está procurando.


Prós

  • A mistura de estilos visuais dá um charme único à experiência;
  • Trilha sonora potente;
  • Jogabilidade rápida favorecida por controles responsivos;
  • O conteúdo da comunidade dá força para a longevidade do game.

Contras

  • O estilo visual pode não ser tão legal para alguns jogadores;
  • A pouca variedade de inimigos e da estrutura dos níveis passa a sensação de repetitividade;
  • O multiplayer é pouco convidativo nos servidores sul-americanos, por conta da ausência de jogadores.
Prodeus — PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PlayStation 5
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Humble Games

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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