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Análise: Tinykin (Multi) nos convida a explorar um mundo em miniatura em uma ágil aventura

Comande grupos de aliens com poderes especiais neste charmoso título indie de plataforma.


Em Tinykin, um pesquisador é encolhido ao ir para um planeta distante, e para retornar a sua casa ele contará com a ajuda de um pequeno exército de criaturinhas curiosas. O jogo é uma aventura de plataforma 3D focada em coletar itens, contando com uma leve pitada de Pikmin: muitos dos desafios envolvem fazer os inúmeros tinykin carregarem objetos imensos. Estágios elaborados, movimentação ágil e ambientação leve tornam esse título indie bem envolvente, mesmo que falte um pouco de criatividade.

Odisseia em miniatura

Milo vive no planeta Égide e trabalha como arqueólogo. Em suas pesquisas, ele concluiu que aquele não é o planeta-natal dos humanos, mas sim um mundo distante conhecido como Terra. Disposto a descobrir a verdade, ele decide viajar até o astro azul. Ao chegar lá, algo estranho acontece: ele se tornou miniatura e está preso em uma casa habitada por insetos amigáveis. Agora, para voltar para Égide, ele precisará ajudar os habitantes do lugar, ao mesmo tempo em que tenta descobrir o motivo de ter encolhido.  


Em diferentes cômodos da casa, que funcionam como fases individuais, o objetivo de Milo é coletar uma das peças de um dispositivo que, supostamente, vai permitir ele viajar novamente pelo espaço. Para isso, ele necessita resolver algum problema dos insetos locais: na cozinha, precisamos coletar os ingredientes para fazer um bolo; no banheiro, a tarefa é organizar uma festa para traças; no quarto, recebemos a missão de descobrir a origem de uma estranha música.

Para ajudar na tarefa, o pesquisador conta com o apoio dos tinykin, pequenas criaturas com habilidades úteis. Os monstrinhos vermelhos, por exemplo, explodem ao serem lançados e são uma ótima opção para destruir obstáculos. Os de cor roxa são fortes e, juntos, conseguem carregar grandes objetos. Já os verdes podem ser empilhados para criar uma escada em praticamente qualquer lugar. Novos tipos de tinykin aparecem no decorrer da aventura, expandindo as possibilidades de exploração.


As habilidades dos tinykin são bem úteis, porém a maioria dos desafios exige grandes quantidades de criaturinhas. Sendo assim, para avançar, Milo precisa vasculhar os cenários em busca de mais deles. Eles estão por todo lugar: debaixo de tapetes, atrás de livros, em cima de uma estante alta, em espaços apertados e mais. Por sorte, o pesquisador tem alguns recursos para facilitar a exploração, como flutuar no ar por curtas distâncias ou deslizar rapidamente em cima de um sabonete.

Perdendo-se em uma jornada leve

Tinykin resgata o melhor do gênero de plataforma 3D em uma aventura suave. A característica que mais apreciei no título é a agilidade e flexibilidade da ação: há muitas opções para explorar com facilidade os cenários. Milo se move rapidamente ao deslizar em cima de um sabonete, alcançar locais altos é muito fácil com a ajuda dos tinykin verdes e inúmeros atalhos permitem chegar rápido aos diferentes pontos das fases. O resultado é uma jornada com ritmo acelerado e andamento descomplicado.


A maioria das situações consiste em puzzles cuja solução depende das habilidades dos tinykin. Para levar uma xícara para cima de uma mesa, por exemplo, primeiro precisamos explodir caixas para fazer caminhos de cartas e, em seguida, usar as criaturinhas roxas para levar o objeto. Para fazer pipoca, é necessário ligar um microondas com tinykin elétricos, criar pontes ao unir monstrinhos amarelos e, por fim, carregar uma espiga de milho até o aparelho. Os problemas são simples e as soluções são intuitivas, porém não deixa de ser divertido executar os passos.

Fora isso, os vastos estágios repletos de elementos e colecionáveis nos convidam a explorar todos os cantos. Na maior parte do tempo estamos em busca de mais tinykin para conseguir resolver alguma interação específica, mas também podemos coletar pólen para melhorar a habilidade de flutuação de Milo, buscar objetos para um museu e fazer diferentes missões paralelas. Constantemente deixei de lado a trama principal para desbravar os estágios para procurar itens.



Boas ideias, mas variedade limitada

Mesmo com o andamento ágil e situações instigantes, Tinykin tem alguns problemas. Para começar, as habilidades das criaturinhas são subutilizadas no decorrer da aventura e as utilizamos de maneira bem óbvia. O conceito de ser acompanhado por um pequeno exército de monstrinhos é claramente inspirado em Pikmin, contudo aqui não há o aspecto estratégico do título da Nintendo — os tinykin são basicamente ferramentas simples e não precisamos pensar muito em seu uso.

Além disso, as ideias e situações não mudam muito durante os estágios, ou seja, o objetivo é basicamente explorar e carregar objetos grandes. Alguns passos adicionais, missões paralelas, trechos de plataforma e cenários mais elaborados ajudam a trazer variedade, mas há uma leve sensação de repetição e limitação. Isso não é de todo ruim, afinal é clara a intenção de oferecer uma experiência mais relaxada, no entanto um pouco mais de criatividade e variedade não fariam mal algum.



Em um universo colorido e vibrante

Uma pessoa que é encolhida é um tema um pouco batido, mas Tinykin explora o conceito com muito carisma. O universo do jogo é povoado por inúmeros insetos caricatos que protagonizam diálogos divertidos muito bem adaptados para o português. Cada estágio foca em uma espécie específica de criatura e é notável o cuidado despendido para tornar cada grupo único.


Já os cenários transformam cômodos simples em criativas cidades para os habitantes diminutos, como uma banheira transformada em lago para uma festa e um templo de papelão no meio de um quarto. Graficamente, o jogo mistura elementos 3D com personagens desenhados. Pode parecer estranho, mas a combinação é bela e natural. Há um tom constante de desenho animado colorido, que é reforçado por belas cenas animadas.

Tinykin não conta com combate e não há punição ao morrer, o desafio está na exploração e em alguns trechos de plataforma. No conteúdo, o título é bem enxuto e focado, com conteúdo que pode ser completado em aproximadamente cinco horas. No entanto, há vários extras e segredos a serem encontrados, o que aumenta consideravelmente o tempo de jogo. Aqueles que gostam de completar tudo terão trabalho: muitos dos itens estão em locais de difícil acesso e coletar tudo é uma tarefa complicada.



Uma expedição memorável

Tinykin é uma simpática aventura de ação e plataforma 3D. A exploração ágil é seu maior trunfo, e os estágios nos incentivam a desbravar todos os cantos com suas localidades bem pensadas. Além disso, há muitos puzzles interessantes que demandam encontrar e utilizar os diferentes tinykin — o desafio é baixo, porém é divertido conseguir resolver os enigmas criativos. Uma atmosfera leve e repleta de carisma torna a experiência ainda mais envolvente.

Os cenários são expansivos e há alguns conceitos únicos bem interessantes, no entanto o jogo sofre com algumas questões, como simplicidade de uso dos tinykin e situações que se repetem do início ao fim. Isso não chega a impactar a jornada como um todo, mas não deixa de ser uma oportunidade perdida. No mais, Tinykin vale muito a pena.

Prós

  • Interpretação ágil do gênero plataforma 3D;
  • Muitas situações criativas envolvendo os tinykin;
  • Estágios expansivos e repletos de coisas para ver e coletar;
  • Atmosfera leve, colorida e bem-humorada.

Contras

  • As habilidades dos tinykin são subutilizadas durante os estágios;
  • As ideias e as mecânicas não evoluem e se repetem no decorrer da aventura.
Tinykin — PC/PS4/XBO/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela tinyBuild

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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