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Análise: Frogun (Multi) traz o bom e o ruim da época dos 32-bits

Use uma ferramenta pegajosa para explorar ruínas antigas e salvar seus pais.

Todo jogo de plataforma, para tentar dar uma variada em sua jogabilidade, introduz algum tipo de ferramenta mirabolante. Em Frogun, a jovem Renata precisa resgatar os pais com a ajuda de uma “arma-sapo” em uma aventura desenvolvida de maneira simples, que revive o ambiente colorido e vetorial da era 32-bits.

Estica e puxa

Os pais de Renata sempre foram exploradores experientes, mas sumiram do nada. Para salvá-los de alguma enrascada maior, a jovem pega a Frogun, uma invenção que funciona como um gancho e tem carinha de sapo. Logo, toda a nossa evolução é baseada em saltar e nos deslocar com essa espécie de revólver, que consegue grudar em paredes e puxar objetos. Também podemos fisgar inimigos e objetos, para arremessá-los para longe ou em outros bichinhos.

Ao finalizarmos cada área, somos recompensados com um emblema. Ele simboliza nossos méritos, que são: não morrer nenhuma vez, coletar as duas esmeraldas, encontrar a caveira secreta, finalizar o estágio abaixo do tempo estipulado e pegar todas as moedas. O jogador é livre para tentar fazer tudo de uma vez ou cruzar cada estágio em múltiplas tentativas, mas fatalmente cada um precisará ser jogado pelo menos duas vezes, pois os tempos a serem batidos tornam impossível a exploração completa do local.

Além disso, temos mais dois tipos de empecilhos no nosso caminho: um menino bem inconveniente chamado Jake, que nos desafia para corridas nas fases — e sim, ainda precisamos coletar tudo após derrotá-lo —;  e as batalhas contra os chefes, que em sua maioria envolvem a tática de desviar das investidas, capturar um bichinho que esteja passando e atirá-lo na criatura gigante após ela ficar tonta.

Por ter um desenrolar simples, espera-se que a jogabilidade também se comporte dessa maneira, mas temos algumas falhas. A mais incômoda é que o jogador também é responsável por controlar a câmera o tempo todo. Isso fatalmente cria diversos pontos cegos se decidimos manter apenas uma perspectiva. O ângulo de visão livre também impacta no cálculo de pulos e noção da proximidade de inimigos, que mesmo quando são lentos, podem acabar nos atingindo.

Outro ponto de atenção é que nem sempre conseguimos grudar a língua do Frogun onde queremos por causa da mira. Demora bastante para conseguirmos deixar Renata na direção que queremos ir em momentos que exigem mais precisão. Os pulos também têm momentos estranhos, em que parecem não ir tão longe quanto gostaríamos e essa sensação é aumentada pela câmera. Esses problemas em conjunto causam uma dor de cabeça e até tornam certos trechos mais trabalhosos bastante irritantes.

Um pouco rústico para os padrões atuais

Usar visual retrô pode ser um charme, mas no caso de Frogun é um pouco demais da conta. Por mais que o estilo colorido em 32-bit tente passar a sensação de uma exploração leve e divertida, há a impressão de muitos elementos repetitivos. Independentemente do tamanho das fases, é inevitável notar vários padrões replicados, seja de texturas nas paredes, de inimigos e até de plataformas.

Os menus simples também deixam bastante a desejar, principalmente na hora de gastarmos nossas moedinhas. Podemos comprar chapéus e imagens em uma galeria, mas tudo é apresentado na mesma janela, de maneira estranha e até meio achatada. Os chapéus são apenas cosméticos, enquanto as imagens extras variam entre ilustrações, rascunhos e modelos recortados, dando uma aparência até meio desleixada.

A trilha sonora até consegue salvar um pouco, dando um tom alegre enquanto acompanhamos as trapalhadas de Renata, mas se passamos muito tempo em um mesmo estágio, a repetição em looping também acaba desgastando um pouco os ouvidos.

Pegou, mas não grudou

Frogun é até que uma gostosa lembrança de como funcionavam os clássicos do PS1 e do N64, mas isso também significa trazer à tona o quão chatos eram os defeitos daquela época. A aventura em si consegue entreter, mas não espere algo muito cativante além das caretas engraçadas da protagonista.

Prós

  • Level design com boa estrutura geral;
  • Utilizar a Frogun é uma mecânica criativa;
  • Boa quantidade de fases.

Contras

  • Visual datado demais;
  • A câmera livre cria muitos pontos cegos;
  • Muitos elementos repetidos ao longo das fases;
  • A mira da Frogun é um pouco imprecisa em momentos mais delicados;
  • A galeria é mal feita.
Frogun — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise feita com cópia digital cedida pela Top Hat Studios

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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