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Análise: TombStar (PC) oferece tiroteio ágil e sem surpresas

Este título indie é bem polido e competente, mas não apresenta elementos únicos para ser memorável.


TombStar é um título de ação e tiro com duas alavancas bem direto, ou seja, basta atirar em tudo que se mexer. O ritmo é acelerado e conta com elementos de roguelike, como armas e mapas diferentes a cada partida, que ajudam a deixar a aventura mais interessante. Produzido pelo criador do sucesso mobile Crossy Road, o jogo agrada com sua atmosfera colorida e ação precisa, porém faltou maior variedade e personalidade para conseguir se destacar.

Bangue-bangue no espaço

O pacífico planeta TombStar foi invadido pelo Grimheart Gang, um grupo de bandidos interplanetários. Agora, a população do local está refém dos tiranos, que também passaram a explorar os recursos naturais do local. Inúmeros indivíduos tentaram enfrentar os malfeitores, mas ninguém conseguiu derrotá-los. A esperança é um trio de pistoleiros bastante habilidosos que vai até o planeta decidido a acabar com o Grimheart Gang.

Na prática, TombStar é descomplicado: usamos diferentes armas de fogo para enfrentar inúmeros inimigos e chefes. O jogo, que utiliza o conceito top-down (ação vista de cima), usa o esquema de duas alavancas, uma para controlar o personagem e outra para mirar. Há três heróis para escolher: o cowboy intergalático Jack Galloway, a sniper AJ Starchild e o alien Benson Gara. Cada pistoleiro conta com atributos diferenciados, um movimento de esquiva próprio e um ataque especial único.


Os personagens começam a jornada com uma arma básica cuja munição é infinita, mas encontramos várias outras pelo caminho — lançadores de mísseis, lasers, metralhadoras e mais. Além disso, é possível obter habilidades passivas interessantes, como rebater tiros ao esquivar, atirar balas explosivas de vez em quando ou até mesmo conseguir disparar várias armas simultaneamente.

Como é de praxe do subgênero roguelike, cada partida de TombStar conta com mapas gerados proceduralmente, elementos escolhidos de forma aleatória e ser derrotado implica em  perder todos os itens e recomeçar a aventura desde o início. No entanto, novos recursos, como armas e habilidades, são desbloqueados entre as partidas, o que aumenta as possibilidades das tentativas futuras. Fora isso, os personagens podem equipar até três insígnias com efeitos passivos diversos, o que traz um elemento de customização ao jogo.



Em confrontos frenéticos

O tiroteio ágil e descomplicado é a minha característica favorita de TombStar. Os controles precisos e a jogabilidade focada em alguns poucos elementos tornam fácil explorar os cenários distribuindo tiros para todos os lados.

Atirar e esquivar são ações tranquilas de executar, mas não se deixe enganar: o jogo é difícil. Há grande diversidade de inimigos, como robôs que lançam projéteis para todos os lados, acrobatas difíceis de acertar que jogam facas, cowboys androides capazes de lançar seus chapéus como se fossem bumerangues, e mais. Enfrentar um oponente de cada vez não é problemático, mas a situação muda quando tipos diferentes atacam juntos e a tela fica tomada de tiros. A introdução constante de inimigos e perigos nos cenários nos força a agir com perícia e a reavaliar estratégia.


Os três personagens ajudam a trazer diversidade com seus estilos distintos. Jack Galloway tem atributos equilibrados e um bom movimento de esquiva, mas deixa a desejar com sua força mediana. Benson Gara é especializado em força bruta: ele usa uma escopeta poderosa, é capaz de destruir projéteis com uma investida com um escudo de energia e conta com mais vida; no entanto ele é lento e desajeitado. Já AJ Starchild compensa a sua fragilidade atirando de longe com uma sniper, além de ser a mais rápida dos três.

O universo do jogo mistura Velho Oeste, ficção científica e traço cartoon para criar um mundo colorido. Não é muito original ou marcante, mas cumpre o seu propósito com um visual agradável e alguns cenários interessantes. Porém, há uma escolha irritante: os cenários estão sempre atulhados de objetos decorativos que voam ao serem atingidos, o que dificulta a clareza visual. Reduzir pela metade a quantidade desses elementos com certeza melhoraria o ritmo do jogo.



Uma aventura pouco original

TombStar é claramente um jogo de ação e tiro bem competente, porém algumas características impedem que ele se destaque em relação a outros representantes do gênero.

O principal problema é que o jogo é conservador demais: as armas são bem básicas e parecidas, as melhorias são de pouco impacto e os estágios são estruturalmente similares. Além disso, os sistemas de jogo carecem de elementos únicos — é, de fato, só “apontar e atirar”. Até mesmo a temática “Velho Oeste no espaço” não é explorada além de robôs com chapéus de cowboy. O resultado é uma aventura pouco marcante e desprovida de personalidade.


Como roguelike, o título também deixa a desejar com sua diversidade bem reduzida de conteúdo. Os mapas são muito parecidos, as habilidades mudam pouco o jeito de jogar e as armas são similares demais. Para piorar, a aventura recicla conteúdo: a campanha tem oito fases, mas as últimas quatro são versões levemente alteradas das primeiras. Com isso, as partidas se tornam repetitivas rapidamente. Aqueles que procuram algo mais simples vão se divertir com TombStar, por mais que dificilmente por muito tempo, já os mais exigentes vão se entediar muito rápido.

Um roguelike efêmero

TombStar foca no básico para criar uma aventura de tiro e ação razoável. O maior destaque é a agilidade dos tiroteios, que contam com embates intensos e de bom desafio. Além disso, a introdução de novidades é constante por causa de muito conteúdo desbloqueável. Contudo, o jogo carece de personalidade, variedade de situações e de mecânicas únicas, o que deixa as partidas repetitivas com o tempo. No fim, TombStar diverte, mas não é muito memorável.

Prós

  • Execução competente do gênero de tiro com duas alavancas;
  • Combinação de diferentes tipos de inimigos deixa o desafio interessante;
  • Boa quantidade de conteúdo para desbloquear.

Contras

  • Armas e habilidades são conceitualmente sem inspiração;
  • Conteúdo limitado deixa as partidas parecidas demais;
  • Presença de muitos elementos nos cenários cria bagunça visual que chega a atrapalhar o tiroteio.
TombStar — PC — Nota: 6.5
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela No More Robots

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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