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Análise: Monument Valley: Panoramic Edition (PC) é um belo e surreal puzzle

Desafie as leis da física e use truques visuais para avançar neste ótimo título indie


Monument Valley: Panoramic Edition brinca com perspectivas e manipulação de cenários para criar enigmas criativos e instigantes. Além disso, o jogo nos cativa com sua atmosfera calma e também com seu belíssimo visual minimalista. Lançado inicialmente para dispositivos móveis, o título chega ao PC em uma versão que inclui todas as expansões e com visual adaptado para telas de proporção horizontal. Elegante e meditativo, Monument Valley continua sendo um puzzle excepcional.

Explorando monumentos intrigantes

Uma princesa silenciosa chamada Ida está em uma jornada solitária. O que ela procura? E por que uma estranha figura a chama de ladra? Logo fica claro que a garota busca por perdão e, para alcançar a redenção, ela precisará atravessar construções impressionantes e surreais cujas estruturas desafiam as leis da física com torções impossíveis e elementos que confundem a mente.


Em cada estágio, o objetivo é levar Ida até um pedestal em formato de estrela. Raramente o caminho é óbvio e, para avançar, precisamos manipular os cenários para criar novas passagens. É nesse momento que as coisas ficam interessantes: é necessário brincar com os elementos para montar ilusões de ótica que subvertem o senso comum.

Para alcançar um local alto, por exemplo, podemos posicionar uma passarela de forma que pareça que ela conecta um ponto baixo a uma plataforma elevada. Em outro estágio, é possível girar a câmera para que elementos distantes fiquem próximos ou sobrepostos, criando um novo caminho. Os cenários, que são claramente inspirados nos trabalhos do artista M. C. Escher, nos instigam a experimentar constantemente.



Subvertendo a percepção em puzzles fascinantes

Monument Valley me encantou com o seu equilíbrio suave entre criatividade, desafio e beleza. Os puzzles, em um primeiro momento, são bem simples, normalmente consistindo em mover plataformas. Porém, aos poucos, eles vão ficando mais complexos e interessantes: há trechos completamente surreais em que Ida anda pelas paredes e dá voltas em colunas curvadas, brincando com a nossa percepção. Há introdução constante de elementos e ideias, como um totem que pode ser controlado livremente, blocos que permitem mover trechos do cenário e manivelas capazes de girar a câmera.


A atmosfera tranquila e de tons meditativos torna a experiência envolvente. Cada estágio é uma pequena maquete interativa e gostei muito dos inúmeros detalhes espalhados pelos cenários. O jogo abusa de cores e elementos geométricos para criar construções belíssimas inspiradas na arquitetura de diferentes partes do mundo, e o uso pontual de música e sons potencializam as sensações. O desafio acompanha essa filosofia com enigmas intuitivos e tranquilos de resolver, por mais que nos estágios finais apareçam alguns mais complexos — com um pouco de insistência e observação, eu consegui superá-los.

Me surpreendi com a variedade imaginativa das fases: algumas lembram ruínas em miniaturas, já outras contam com várias estruturas geométricas exóticas. A surpresa é uma constante, pois no decorrer dos puzzles os monumentos se transformam — um dos meus estágios favoritos é uma caixa que se desdobra em diferentes ambientes conforme giramos a câmera e modificamos a perspectiva. A aventura leva por volta de uma hora e meia para ser concluída, pode parecer pouco, porém não há exageros ou enrolação.



Expandindo o mundo em uma versão panorâmica

Monument Valley foi lançado originalmente para dispositivos móveis em 2014 e agora chegou ao PC com a Panoramic Edition. Como o nome indica, a maior novidade é a expansão da área de jogo para cobrir toda a tela na proporção retrato — algo necessário, visto que o original foi pensado para o formato vertical das telas de celulares. Alguns estágios apresentam um preenchimento simples como fundo, já outros receberam cenários elaborados ou exibem simultaneamente diversas estruturas. O resultado é estonteante e belo.

Os controles também foram adaptados para o mouse e continuam intuitivos, bastando clicar e arrastar para direcionar Ida e interagir com elementos do cenário. Contudo, a conversão não foi perfeita e algumas ações, como girar manivelas ou rotacionar certos dispositivos, carecem de precisão: o cursor é sensível demais nessas situações, o que acaba dificultando um pouco essas interações. Felizmente é algo fácil de contornar.


Por fim, essa versão inclui as expansões Forgotten Shores e Ida’s Dream, que oferecem mais desafios — no total, a campanha principal e o conteúdo adicional podem ser aproveitados em aproximadamente três horas. Só acho uma pena não terem aproveitado para incluir outros extras, quem já jogou a versão mobile não tem muitos motivos para revisitar a aventura na Panoramic Edition.

Uma viagem sensacional

Monument Valley: Panoramic Edition é uma experiência singular. Brincar com a perspectiva para resolver puzzles é instigante, e a constante introdução de novos elementos mantém a sensação frequente de novidade e deslumbre. A atmosfera repleta de cenários coloridos e surreais, em conjunto com a música suave, traz um ar meditativo ao jogo.

A adaptação para PC é razoável, sendo o maior destaque os visuais adaptados: alguns estágios ficaram belíssimos com a adição de novos elementos. O pacote inclui também as expansões, o que estende o tempo de jogo, mas é uma pena não ter novidades para quem já experimentou a versão mobile.

No mais, Monument Valley: Panoramic Edition é um puzzle fantástico e imperdível.

Prós

  • Inúmeros puzzles criativos que brincam com perspectivas;
  • Ambientação excepcional com visual elaborado, cenários surreais e música suave;
  • Inclusão de todas as expansões pagas da edição mobile.

Contras

  • Ausência de novidades em relação à versão mobile;
  • Pequenos problemas com os controles.
Monument Valley: Panoramic Edition — PC — Nota: 9.0
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia digital cedida pela ustwo games

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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