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Análise: Bright Memory: Infinite (Multi) é um FPS muito curto, mas repleto de adrenalina e diversão

Tiroteios radicais e habilidades incríveis compensam a história obscura e a duração bem reduzida.


Apesar do nome um tanto pomposo, Bright Memory: Infinite é um FPS de ação bastante tradicional. No controle de uma agente especial, o jogador precisa sair atirando em hordas e mais hordas de inimigos, superar algumas seções de plataforma e salvar o mundo de uma catástrofe. Apesar dos pesares, o game ainda é uma ótima pedida para os fãs do gênero, conforme vamos conferir nesta análise.

Uma nova oportunidade

Embora esta análise vá falar do game lançado em 21 de julho de 2022, é importante explicar as origens dele. O chamado Bright Memory (Multi) surgiu em acesso antecipado para PC em 2019, considerada uma produção de alta qualidade para os padrões indie. Inicialmente definida como “episódio 1”, a sequência acabou nunca sendo lançada.
Na prática, o “episódio 2” foi repensado como Bright Memory: Infinite, original de novembro de 2021 também para PC. De certa forma, é como se ele fosse uma releitura do primeiro, agora com mais conteúdo e diversas novidades. Finalmente chegamos ao lançamento atual para os consoles de mesa, que incluem Switch, Xbox Series e PlayStation 5.
 
O game é um FPS com elementos de ação que coloca a protagonista Shelia em combates usando espada e poderes especiais. Ressalto que as mecânicas de tiro são ótimas, incluindo cada uma das quatro armas disponíveis – como rifle e escopeta – e suas munições variantes, que incluem munições explosivas e rastreadoras. Sair cortando os inimigos também é divertido, inclusive com habilidades para defender e até refletir ataques.
Graças a equipamentos especiais, Shelia também conta com poderes telecinéticos, podendo levitar, paralisar, puxar e empurrar inimigos. Em termos de deslocamento, ela pode pular, correr e realizar uma espécie de dash, habilidades úteis tanto em combate quanto nas seções de plataforma das fases, que usam desde corridas por paredes até cordas com gancho. Ainda que careçam de algum refinamento, todas essas mecânicas são legais e radicais.

Quem? Onde? Por quê?

Normalmente eu gosto de começar introduzindo o contexto do jogo que analiso, mas no caso de Bright Memory: Infinite preferi falar da jogabilidade, maior destaque do game. Afinal, em termos de enredo, temos um dos problemas mais graves do game. A história é bastante obscura, com poucas e confusas explicações ao jogador. Os personagens são igualmente rasos e pouco desenvolvidos.
Prestando muita atenção aos detalhes (e com alguma pesquisa na internet), é possível descobrir que o jogo se passa no ano de 2036, em meio ao aparecimento de estranhos fenômenos no planeta, incluindo um misterioso e perigoso buraco negro. Uma equipe de pesquisadores sobrenaturais chamada SRO, onde Shelia trabalha, é despachada para investigar e tentar resolver o problema.
Parece uma explicação razoavelmente simples, mas essas informações são passadas de forma bem solta no começo do jogo. Conforme ele avança, novos elementos e mistérios surgem, mas eles são igualmente confusos. É uma pena, pois várias coisas me chamaram a atenção, como a mistura de elementos sobrenaturais e tecnológicos. Felizmente, essa falta de organização e clareza não atrapalham a jogatina.
Ao menos o enredo nos propicia inimigos interessantes, que incluem soldados com armaduras tecnológicas, armas e escudos, além de guerreiros mitológicos com espadas e escudos. A variação poderia ser um pouco maior, mas os chefes compensam isso com lutas bastante interessantes. Eles possuem habilidades bastante distintas, tornando os combates únicos e mais exigentes.

Memória curta

Outro ponto que Bright Memory: Infinite deixou a desejar foi a sua duração. Entendo que esse tópico é meio relativo, visto que uma campanha longa não necessariamente é uma coisa positiva. Neste caso, porém, fica difícil defender uma jornada de apenas duas horas. A ausência de modos de jogo secundários torna esse ponto ainda mais relevante, visto que várias missões poderiam facilmente ser adaptadas para minigames e similares.
Portanto, o game acaba sendo uma ótima, mas curta experiência. Aliás, uma ótima, curta e bela experiência. Apesar de ser um indie, a produção visual é de muito boa qualidade. Efeitos luminosos e texturas são bonitos, mesmo em meio aos tiroteios e combates. Modelos dos personagens e cenários mantêm o alto nível, com exceção das animações faciais bastante limitadas.
Dublagem, músicas e efeitos sonoros são bons, mas sem maiores destaques. O negócio aqui é aproveitar as lutas repletas de adrenalina, gerenciando a quantidade de munições e a barra de energia que limita o uso da defesa e das habilidades especiais. Combos complexos podem ser executados ao alternar entre a espada e as diferentes armas, sempre com atenção aos inimigos, que podem ser bem apelões.
Indo além dos combates e dos já comentados elementos de plataforma, temos algumas missões diferentes para variar a jogatina. Por exemplo, existe uma em que Shelia perde a capacidade de usar seus equipamentos, exigindo uma postura completamente stealth. Noutra, temos que usar um carro esportivo armado para derrotar veículos inimigos.
Existem alguns cosméticos que só podem ser adquiridos com dinheiro, enquanto é possível adquirir novas habilidades e melhorias usando um item especial espalhado pelos cenários. Por fim, uma última crítica ao desempenho técnico, que sofre com as telas de carregamento e pequenos engasgos entre missões. Algo perfeitamente corrigível em atualizações, ao contrário, infelizmente, dos demais problemas.

Na espera por um futuro mais brilhante

No final das contas, Bright Memory: Infinite parece uma demonstração de alta qualidade. Afinal, as qualidades estão lá: visuais, jogabilidade, variedade de mecânicas, diversão e desafio. O problema é que falta conteúdo, seja por meio de uma campanha mais robusta e bem explicada, seja por modos de jogo secundários.
De certa forma, ele me lembrou muito de Shadow Warrior 3 (Multi). Temos belos visuais e combates divertidos, mas campanha curta (aqui é ainda menor) e alguns probleminhas técnicos. Fico na torcida para que Bright Memory: Infinite não fique perdido na memória e receba uma continuação e/ou expansão algum dia.

Prós

  • Game de FPS com ação divertido e cheio de adrenalina;
  • Visuais de ótima qualidade;
  • Mecânicas de tiro são fluidas e bem implementadas;
  • Habilidades especiais são bem integradas às demais funcionalidades;
  • Boa variedade de desafios além dos combates, como dirigir veículos e missões de furtividade.

Contras

  • A duração do game poderia ser mais extensa, fosse por meio de uma campanha maior ou modos extras;
  • Enredo e caracterizações praticamente inexistentes;
  • Diversos elementos precisam de refinamento, como animações faciais e carregamentos.
Bright Memory: Infinite – Switch/PC/PS5/XSX – Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia cedida pela PLAYISM


é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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