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Análise: The Quarry (Multi) apresenta o terror trash a uma nova geração

O título é um sucessor espiritual de Until Dawn e conta com rostos conhecidos em filmes e séries norte-americanos.


The Quarry é um título de aventura narrativa concebido com a ideia de ser um sucessor espiritual de Until Dawn (PS4), lançado em 2014. Após o grande sucesso deste, a Supermassive Games continuou apostando em títulos do mesmo gênero, lançando a antologia “The Dark Pictures Anthology”, que hoje conta com três jogos lançados.

O título foi anunciado em março e lançado no dia 10 de junho, um tempo curto entre o seu anúncio e o lançamento. Ambicioso e promissor, ele uniu a desenvolvedora Supermassive Games e a editora 2K Games na missão de nos colocar no controle de jovens de caráter duvidoso em uma trama que honra os famosos filmes de terror trash.

Algo muito estranho está acontecendo em Hackett's Quarry

É noite de 24 de junho e os monitores Laura e Max estão a caminho do acampamento de Hackett’s Quarry, ou pelo menos tentando achar o caminho até ele. Ao se distrair, Max perde o controle do carro e acaba desviando de algo estranho que estava no meio da estrada, invadindo a floresta ao lado dela. Assustado, ele decide ver se houve algum estrago no carro. 

Deixando o companheiro de lado, Laura decide ir à floresta, suspeitando ter visto alguém por perto. Ao andar pela mata, uma voz misteriosa sussurra um nome em seu ouvido e, em pânico, ela corre de volta para Max, que acredita ser algum animal ou coisa do tipo. Os dois entram no carro e um policial sinistro os encontra, tentando convencê-los a ir para um hotel. Laura e Max são insistentes e seguem caminho até o acampamento. 

Ao chegar, em Hackett’s Quarry, não há ninguém, porém Laura decide procurar o Sr. Chris Hackett, o dono do acampamento. Ela então encontra um porão trancado onde avista o que pode ser alguém preso dentro do local. Max ajuda Laura a abrir o porão e acaba sendo atacado por uma criatura misteriosa. A garota é sedada pelo policial desconhecido, que atira na criatura e lamenta os jovens não terem ido ao hotel Harbinger como ele havia aconselhado na estrada.

Conhecendo os monitores de Hackett's Quarry

Iniciamos o jogo com esse prólogo instigante e retornamos com um primeiro capítulo que serve mais como a apresentação dos outros sete personagens que iremos controlar ao longo da campanha. No total, são nove personagens controláveis. Cada um conta com suas próprias personalidades, que podem fazer com que você os odeie ou os ame.

No prólogo, controlamos Laura, que é determinada e ambiciosa. Max, seu namorado é cauteloso e tranquilo. Após o incidente ocorrido no prólogo, temos um salto de tempo dentro da narrativa, e o primeiro capítulo começa com os monitores se despedindo dos campistas.
O casal de namorados Laura e Max.
O primeiro personagem que iremos controlar é Jacob, que tem o conhecido estereótipo do jovem americano: quer ser o centro das atenções agindo de forma babaca e infantil. Ele é apaixonado por Emma, a descolada do grupo e que pode passar a impressão de ser uma patricinha metida. É por causa dela que Jacob decide fazer com que os monitores fiquem por mais uma noite em Hackett's Quarry.
Os monitores Emma e Jacob.
Abigail é a garota delicada e ingênua do grupo, com talento para desenhar e uma queda por Nick, aquele cara que sempre acompanha o babaca, porém faz isso para ser aceito entre as pessoas. 
Os monitores Abigail e Nick.
Kaitlyn é sarcástica e divertida, e tem uma queda por Ryan, o mais distante do grupo. Ryan tem uma personalidade com a qual me identifico: o esquisito que gosta de ouvir podcasts de terror e prefere ficar mais recluso.
Os monitores Ryan e Kaitlyn.
Por último, temos Dylan, um ponto fora da curva por aqui. Digamos que ele seja um personagem a mais entre os outros. Ele é brincalhão e divertido, e também tem uma queda por Ryan —  ou seja, temos um triângulo amoroso entre Dylan, Ryan e Kaitlyn.
O monitor Dylan.
O que era pra ser uma noite regada a muita diversão e paquera entre os monitores acaba se tornando o maior pesadelo de suas vidas. Teremos de passar por uma noite perturbadora com a missão de fazer com que todos sobrevivam. Temos pela frente uma longa noite e todas as dúvidas só serão respondidas conforme avançarmos na história.

Acho que já joguei isso antes...

The Quarry irá repetir a mesma fórmula vista em Until Dawn. Podemos fazer escolhas, controlar os personagens para explorar a área atrás de pistas ou cartas de tarô e, em raros momentos, fazer uso de armas de fogo.




A novidade aqui fica somente por conta da forma excêntrica de como nos são explicadas as mecânicas presentes dentro do jogo. São pequenos vídeos animados mostrando situações que exigirão nossa ação para prosseguir com a jogatina. Particularmente, isso me lembrou aqueles vídeos sobre “como devemos nos comportar no cinema” que são exibidos antes de uma sessão. 

Um exemplo são os famosos quick time events. No prólogo, o primeiro tutorial em vídeo interrompe a jogatina para exibir um vídeo de como devemos agir em um QTE. Isso serve para ensinar os jogadores que nunca tiveram contato com um título do gênero.

Toda vez que finalizarmos um capítulo, teremos um encontro com Eliza, a bruxa de Hackett’s Quarry. Ela sempre irá conversar com o jogador sobre a história e irá nos mostrar o futuro por trás das cartas de tarô que coletamos em cada capítulo. Essas cartas serão essenciais para caso você queira ver as ações futuras de algum personagem no próximo capítulo, cabendo a você evitar ou não que tais ações se concretizem. No total, temos de coletar 22 cartas de tarô.
Eliza, a bruxa de Hackett's Quarry.
Todas as escolhas propostas durante a jogatina nos dão um caminho para seguir, assim que você fizer a sua escolha esse caminho não poderá ser alterado, uma consequência dele já está definido, pode ser algo tanto para o bem quanto para o mal.

Caso você escolha um caminho que leve à morte de um personagem, uma tela irá surgir e te dará a opção de salvar o personagem morto, porém serão apenas 3 tentativas. Então fique atento às suas escolhas e tome cuidado para não esgotar suas tentativas.
Atualmente, The Quarry conta com mais dois modos de jogo: Cooperativo Local e Filme. O Cooperativo Local, um modo multiplayer, nos dará a opção de passar o controle para um amigo; o modo Filme nos faz assistir a uma seleção de resultados predefinidos. 

A Supermassive Games prometeu para o dia 8 de julho uma atualização que irá adicionar ao jogo o modo multiplayer online, que dará o controle a um jogador anfitrião, enquanto até sete dos outros poderão fornecer informações sobre as dezenas de opções disponíveis ao longo do jogo.

Um terror trash ambientado em tempos modernos

The Quarry se inspira em filmes de terror estadunidenses bem conhecidos pelos fãs do gênero. Temos, por exemplo, um acampamento com jovens monitores como em Sexta-Feira 13 e uma família de caipiras bizarros como em Massacre da Serra Elétrica.

O jogo não nega que busca referências em tais obras, o que é sensacional. Com um terror mais subjetivo no começo, ele acaba se tornando mais sangrento e violento no final, digno de um terror trash. E ele não se sustenta apenas em suas inspirações, pois uma colcha de retalhos vai se formando com cada uma das obras na qual ele se inspira e isso transforma sua narrativa em algo original com uma linguagem para o mundo atual. Poderíamos muito bem achar que a história se passa na década de 80, por exemplo, mas este argumento cai por terra por detalhes como personagens terem contato com smartphones, redes sociais, etc.
Não negando as inspirações, The Quarry possui um pacote de DLC onde os personagens estão vestidos com roupas dos anos 80.
Outro destaque são os atores e atrizes presentes na história. Todos conseguem dar vida a seus personagens dentro do jogo, e acredito que esses mesmos personagens tiveram um pouco de inspiração em papéis conhecidos interpretados pelos atores. Temos aqui um elenco estelar composto por David Arquette (franquia Pânico), Ariel Winter (Modern Family), Justice Smith (Jurassic World), Brenda Song (Dollface), Lance Henriksen (Aliens), Lin Shaye (A Hora do Pesadelo) e muito mais.

A dublagem em português é outro espetáculo à parte. Os dubladores brasileiros desempenharam excelentes trabalhos de voz, deixando a dublagem de alguns personagens muito bem caricaturizada, como os caipiras e a bruxa de Hackett’s Quarry. A única coisa que me incomodou no texto foram alguns trechos de diálogos que ninguém diria por ser uma imensa vergonha alheia, parece ter tido uma censura em relação a alguns xingamentos.

A narrativa é o ponto alto 

The Quarry me conquistou no segundo em que começou a tocar “Moonlight” de Ariana Grande. Além disso, ele é um título excepcional para os jogadores que buscam uma experiência mais ligada à narrativa do que em jogabilidade. 

Ele cumpre perfeitamente aquilo a que se propõe, e isso digo por experiência própria, pois me afeiçoei aos personagens e aproveitei cada segundo da história, mas é só isso que ele tem a nos oferecer. O jogo não tem um fator replay muito interessante, a menos que você queira ver como seriam as outras decisões e como elas poderiam impactar a história. Os outros modos disponíveis parecem estar aqui somente para inflar o jogo.

Devo dizer que graficamente ele é lindo e tem uma direção de arte incrível. Temos cenários bem-detalhados, com cabanas rústicas, uma floresta amedrontadora, etc. O trabalho de captura de movimentos dos atores está muito bem-feito, não tenho nada do que reclamar quanto a isso. A trilha sonora é mais presente no início, calma e composta por um violão; em momentos de tensão, surge a trilha de suspense, típica de filmes de terror.

Tive alguns problemas de performance no jogo. Notei falhas relacionadas a atrasos na dublagem e na legenda em todas as cenas, demora em alguns loadings e alguns travamentos durante a jogatina; e isso incluindo momentos importantes, como nos quick time events. Graficamente, ele pode parecer pesado, mas não é — inclusive, joguei ele na configuração recomendada pelo próprio título. Tirando os problemas de performance no PC, só tenho elogios. 

Se você estiver disposto a embarcar em uma história de terror direta e instigante, com personagens cativantes, clichês de filmes de terror, escolhas difíceis e muito sangue, The Quarry é este jogo.



Prós:

  • Narrativa direta e instigante;
  • Jogabilidade fácil de aprender;
  • Protagonistas únicos e carismáticos;
  • A direção de arte nos transporta com êxito para a trama;
  • O jogo está totalmente localizado para o português.

Contras:

  • Demora nos loadings;
  • Problemas de atraso na dublagem e na legenda em todas as cenas;
  • Pequenos travamentos em momentos importantes podem incomodar.
The Quarry — PS4/PS5/XBO/XSX/PC — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela 2K Games

Poderia estar dando um rolê na Epoch, ou participando do torneio Mortal Kombat, e quem sabe escapando de alguns zumbis, mas estou aqui, feliz por estar escrevendo sobre games.
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