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Análise: Jim Power: The Lost Dimension (Multi) é um resgate bem pensado de um clássico quase esquecido

Ajude o patrulheiro Jim Power a salvar o planeta em um dos jogos mais difíceis de sua época.

Caros gamers de mais de vinte e muitos, ou que já passaram dos trinta e tantos anos de idade, quantas vezes vocês quiseram conhecer um jogo que só aparecia nas páginas da revista mas que nunca aparecia na locadora? Ou queriam saber se aquele título de 16-bits todo bonitão ia ganhar uma versão para o seu modesto console 8-bits?

O tempo passou e as empresas começaram a resgatar diversos clássicos perdidos, para delírio daqueles que até então apenas sonhavam. Uma dessas empresas é a brasileira QUByte, que lançou o selo Classics. Em parceria com o estúdio Piko Interactive, já foram lançados The Immortal e The Humans. Agora chegou a vez de Jim Power: The Lost Dimension voltar aos holofotes e mostrar o porquê mereceu essa reapresentação ao público.

Vocês conhecem o Jim?

No ano de 1993, o Super Nintendo recebeu o jogo Jim Power: The Lost Dimension in 3-D, no qual o jogador controlava o intrépido agente Jim Power em sua missão de salvar o nosso planeta, que estava sob a ameaça do tirano intergaláctico Vaprak — aviso: mesmo com o 3-D no nome, o jogo é bidimensional.

A grande sacada de Jim Power estava em misturar estilos de jogabilidade diferentes, o que era meio incomum na época. No meio da aventura, encaramos fases de plataforma side-scrolling, outras com visão aérea em meio a labirintos — algo similar ao que temos hoje com Hotline Miami — e por fim, segmentos em que embarcamos em uma nave e pilotamos ao melhor estilo shoot ‘em up.

Essa miscelânea conferiu ao título a fama de ser um dos mais difíceis da sua geração, o que o colocava na mesma prateleira de nomes como Contra e Battletoads. Outras versões de Jim Power foram planejadas, como a de Mega Drive/Sega Genesis, mas nunca saíram do papel.

Em 2021, a Piko entrou em ação e resgatou esse projeto, fazendo um lançamento para diversas plataformas retrô, como o já citado console da Sega, e de aparelhos TurboGrafx e Amiga. Além disso, o NES ganhou uma versão também, (muito bem) feita do zero.

O poder de antes e o poder de agora

Nesta coletânea, temos acesso tanto à versão clássica 16-bit do SNES quanto a 8-bit, feita para o NES. Apesar dos comandos dos jogos não terem muito segredo, dá para perceber como eles envelheceram bem, mesmo exigindo uma precisão bem aguçada dos jogadores.

Em ambas as versões, nossa luta contra Vaprak pode ser facilitada ao coletarmos itens que melhoram nossos tiros e bombas. Ao final de cada área, enfrentamos um chefe colossal com a ajuda de um confiável jetpack. Vocês lembram mais acima quando eu contei que Jim Power foi considerado um dos jogos mais difíceis da época? Pois então, é hora dos recursos modernos entrarem em ação.

Para delírio de quem não podia ficar muitas horas na frente da televisão porque estava chegando a hora do jornal ou da novela, agora os jogos contam com o valioso save state, que muitas coletâneas e ports clássicos têm trazidos como algo de praxe.

Ou seja, além de poder salvar a aventura a qualquer momento, principalmente antes de alguma batalha derradeira, também é possível recarregar seu save instantaneamente e retomar alguma decisão que não foi muito bem sucedida. Para completar a experiência nostálgica, é possível usar filtros de tela para criar aquela sensação de usar televisores de tubo. Por fim, é possível customizar a ação de cada botão, e deixar cada comando na disposição que mais lhe agrada.

A diferença fundamental aqui é a sensação causada por cada versão. Como a 16-bit já existia, pode-se esperar algo que beire a nostalgia e a novidade, mas com uma jogabilidade bem característica da época, que requer tiros e pulos cirúrgicos. Quanto à 8-bit, como ela foi produzida do zero com uma tecnologia mais nova, ela consegue ser tão divertida quanto a outra, e ainda apresenta uma resposta mais ágil dos comandos.

Essa dupla consegue se complementar de maneira bastante satisfatória e é coroada com uma bela abertura desenhada no melhor estilo sessão matinal que assistíamos no final de semana. O único pecado aqui é não terem adicionado uma galeria, que mostrasse alguns detalhes desse projeto de revitalização da fonte clássica para a criação das outras versões.

Mais uma chance para salvar o planeta

Jim Power: The Lost Dimension é uma pérola do seu tempo, que ganhou mais alguns adornos bacanas para chamar a atenção da nova geração. Seu desafio pode afastar jogadores que não estão acostumados com uma jogabilidade que pode ser punitiva às vezes, mas os fãs de jogos retrô vão se acabar com essa jornada espacial.

Prós

  • A abertura no estilo animação é muito bem feita;
  • Os recurso de save state são uma mão na roda;
  • Os diversos filtros de tela conseguem deixar tudo mais bonito e nostálgico;
  • A versão 8-bit não decepciona e tem uma jogabilidade bastante responsiva.

Contra

  • A dificuldade da versão 16-bit pode afastar jogadores mais casuais;
  • Ausência de uma galeria ou memorabilia que falasse um pouco mais da história do jogo,
  • Poderia conter mais uma ou duas versões, lançadas para os outros consoles, como a do Mega Drive.
Jim Power: The Lost Dimension — PC/PS4/Switch/XBO —  Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise feita com cópia digital cedida pela QUByte Interactive

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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