Análise: Soundfall (Multi) orquestra de maneira quase impecável uma aventura no mundo da música

Ponha seus fones de ouvido, equipe seu instrumento e aventure-se no mundo de Sinfonia.

em 26/05/2022

Em Soundfall, estamos no controle dos Guardiões da Harmonia, poderosos musicistas que devem usar seus poderes para impedir que o mundo de Sinfonia seja dominado pelo mal. Combinando a estrutura de dungeon crawler e um combate baseado em ritmo, temos um jogo desenvolvido de maneira quase impecável, além de nos presentear com uma trilha sonora maravilhosa. Além disso, há muitos elementos que ajudam a manter a vida útil do jogo.

Junto da leitura desta análise, convido a todos que escutem a playlist abaixo com algumas das músicas presentes no jogo para entrar no clima. Caso não tenha acesso ao Spotify, você pode ouvir a playlist pelo YouTube clicando aqui.

Moda do Falsete

Há muito tempo, o mundo de Sinfonia, local em que as músicas são tocadas pela primeira vez, entrou em guerra contra o Senhor da Dissonância pelo controle da região. Os Guardiões da Harmonia foram os responsáveis em banir o mal de Sinfonia e por receio da volta dos Dissonantes, criaram a Torre da Harmonia e os Instrumentos da Harmonia que, em tempos de necessidade, convocariam poderosos musicistas para combater o mal.

Melody (não a do falsete) é uma dessas musicistas. Transportada de maneira repentina para Sinfonia, a jovem cantora encontra Legato, um dos habitantes do mundo da música, que logo lhe explica sobre o problema. Os Dissonantes estavam de volta e os Guardiões precisam reunir os Instrumentos da Harmonia para derrotá-los. Agora, Melody precisa encontrar os outros quatro Guardiões e impedir que o Senhor da Dissonância domine o mundo da música.




Junto a ela estarão o guitarrista Jaxon, a violoncelista Lydia, a sua irmã mais nova e baterista Brite e o DJ Ky. Soundfall adota para cada personagem um traço de personalidade estereotipado com base em seu estilo musical. Enquanto Jaxon é mais agitado, Lydia apresenta um comportamento mais reservado, por exemplo.

O jogo aproveita as breves cutscenes e diálogos para explorar a relação contrastante entre os membros do grupo e desenvolvê-los de uma maneira muito interessante. Ky, por exemplo, acha que a música clássica de Lydia é “música de vampiro”, enquanto ela não considera as batidas do DJ “música de verdade”. Essa relação traz uma profundidade à história que ajuda a manter a aventura atrativa aos jogadores.

Aliado a isso está a localização para português. A tradução das legendas está muito bem-feita, com uso de diversas gírias e referências a bandas como Kid Abelha e Fresno. Além disso, é possível ver alguns easter eggs como um boneco do Link e o capacete da Samus com fones de ouvido.


Harmonia de estilos

Soundfall é um dungeon crawler com combate rítmico e um leve toque de RPG. Todas as fases possuem uma estrutura semelhante, com salas interligadas por corredores, trajetória linear e alguns pequenos desvios para coleta de moedas e equipamentos. Seu maior diferencial, entretanto, é o fato de o combate seguir o ritmo das músicas de cada estágio.

Nossas ações são, basicamente, ataque e esquiva. Na parte inferior da tela temos um metrônomo que indica visualmente o compasso que devemos seguir. Erre de maneira consecutiva e sua ação falhará. Acerte o ritmo e seus ataques se tornarão mais fortes. Cada fase possui seu próprio compasso, tornando-as únicas.




Cada protagonista pode equipar até duas armas diferentes, uma armadura, o seu respectivo Instrumento da Harmonia, além de executar um ataque especial. Aqui, o jogo adota uma pegada de RPG, com vários itens de diferentes níveis e atributos, podendo ter alcances variáveis ou até efeitos secundários, por exemplo. 

Além disso, os Instrumentos da Harmonia caracterizam cada protagonista como uma classe de RPG: Lydia é uma arqueira; Brite funciona como tanque, criando escudos; Melody, Jaxon e Ky estão equipados com espada, machado e foice, respectivamente, e são focados em combate de curto alcance. Essa variedade é ótima pois é possível encontrar um estilo de jogo que melhor combine com você.




Sinfonia é dividida em dez biomas diferentes: Terras Celestes, Praia, Floresta, Vulcão, Cidade, Profundezas, Deserto, Criptas, Selva e Montanhas. Cada ambiente possui dez fases obrigatórias, além de algumas opcionais, totalizando 141 estágios com músicas únicas, passando por vários estilos musicais diferentes. Além de muito bonitos, o ambiente ao seu redor reage de acordo com as canções, dando vida a todo o mundo.

Cada fase pode ser jogada em três níveis de intensidade, que interferem na quantidade de inimigos que você irá enfrentar e na dificuldade para derrotá-los, porém premia o jogador com mais ouro e itens com níveis melhores. O ouro é extremamente útil para comprar novos equipamentos e facilitar a aventura.




A escolha de dificuldade permite que o jogo se torne acessível para novos jogadores ou desafiador para quem procura uma aventura com alta dificuldade. A sensação de evolução é muito natural, pois a dificuldade aumenta de uma maneira muito sutil. No entanto, escolher a dificuldade mais baixa traz às fases uma menor variedade de inimigos — que já são poucos — e isso deixa o combate um pouco repetitivo.

Soundfall atribui para cada estágio quatro níveis de objetivos que estimulam o fator replay. As missões envolvem desde completar a fase até realizar 100% das ações dentro do compasso. Cada nível premia o jogador com mais experiência e dinheiro e, considerando a alta qualidade das músicas, é muito divertido repetir as fases.




É perceptível o carinho dos desenvolvedores na criação de cada mundo e fase. O ambiente reage às músicas, seja na dança de uma árvore até nas armadilhas que o cercam. Quando nos acostumamos com a dinâmica da jogabilidade, nos sentimos como parte de Sinfonia. O jogo flui de maneira muito agradável e cada acerto no compasso torna tudo mais prazeroso.

Nesse quesito, Soundfall erra em apenas um detalhe: o level design. Cada bioma possui sua particularidade nos cenários, tornando-os únicos. No entanto, as fases repetem algumas salas com certa frequência. É comum se deparar com três ou quatro fases quase idênticas em cada mundo, deixando uma sensação de déjà vu.



Montando sua playlist e sua própria banda

Uma função muito legal em Soundfall é a possibilidade de importar músicas (apenas na versão de PC) para o jogo. Ao escolher o arquivo, automaticamente o game define o ritmo que devemos seguir e escolhe uma fase para o som. Jogar no ritmo de suas músicas favoritas é extremamente divertido, além de ajudar a prolongar a vida útil do jogo.

Não apenas isso, mas o multiplayer também é uma ferramenta muito bem utilizada pelos desenvolvedores. Até quatro jogadores podem se juntar simultaneamente em uma fase para combater os inimigos. Tão complicado quanto uma pessoa manter o ritmo, são quatro pessoas seguirem o compasso e avançarem as salas. A bagunça é divertida e, no geral, costuma ter a mesma harmonia da banda do Chaves.

Em ritmo de festa

Soundfall é uma das mais gratas surpresas que tive com jogos. Apesar de sofrer com leves deslizes na baixa variedade de inimigos e o level design repetitivo, o jogo engloba de maneira muito competente a estrutura de dungeon crawler com combate rítmico. Além disso, as músicas escolhidas são de uma qualidade impressionante, combinando perfeitamente com a ambientação em que foi designada.

O jogo possui elementos que ajudam a prolongar a vida útil, como missões desafiadoras para todas as fases, multiplayer e a possibilidade de importar músicas. E mais do que isso tudo, é muito divertido jogá-lo e aproveitar as músicas.

Prós

  • Há uma enorme variedade de músicas e estilos musicais;
  • Boa variedade de armas e equipamentos para personalizar cada protagonista;
  • Cada protagonista possui uma característica que torna o gameplay único;
  • Mesmo em cutscenes curtas e diálogos simples, os Guardiões transbordam personalidade e carisma, além de serem desenvolvidos de maneira competente;
  • Possibilidade de importar músicas para o jogo;
  • O multiplayer é caótico e extremamente divertido;
  • A opção de escolher o nível de dificuldade em cada fase torna o jogo acessível ou desafiador, como o jogador preferir;
  • Todos os mundos de Sinfonia são belíssimos e cheios de vida;
  • Elementos como multiplayer, missões e importação de músicas ajudam a manter o fator replay.

Contras

  • Há pouca variedade de inimigos, o que torna o combate um pouco repetitivo;
  • O level design não é muito bem elaborado, com frequente repetição de algumas salas.
Soundfall — PS4/PS5/XBO/XSX/PC/Switch— Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: PC

Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise feita com cópia digital cedida pela Noodlecake

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