Análise: Chefy-Chef (Multi) parece um aperitivo, mas tem gosto de prato principal

Ajude um cozinheiro inocente a escapar de um mundo maluco enquanto reúne ingredientes para o seu prato favorito.

Não há surpresa melhor do que um jogo que entrega muito mais do que aparenta. Chefy-Chef é mais um plataforma com visual retrô que tinha tudo para ser apenas mais um no meio da multidão, mas seu estilo, com pitadas de metroidvania e um toque de carisma, faz dele um título que vale investir algumas horinhas.

Pelos poderes dos utensílios de cozinha!

Chefy é um mestre-cuca que dá a vida para comer seu prato favorito: salada de rabanete com abacaxi. Em um belo dia, enquanto cozinhava sua refeição, a geladeira de Chefy mostra-se mágica e o transporta para um mundo louco dividido em três partes: uma floresta, uma montanha nevada e um pântano.

Para escapar dessa confusão, o ingênuo cozinheiro ruivo — que, devemos admitir, parece ser fortemente inspirado no Cozinheiro Sueco, do Muppet Show — deve encontrar os três ingredientes da sua receita para que a geladeira reapareça e o leve de volta para casa.

A premissa é simples e direta, mas explica bem o objetivo, que também nem teria como ser complexo. Os 60 estágios disponíveis são curtinhos e muito bem estruturados, fazendo com que o jogador não se canse tanto durante a aventura. A característica que liga Chefy-Chef a um metroidvania é a exploração do cenário, que exige a revisitação de alguns locais para a sua conclusão.

Os níveis começam de forma simples, requisitando apenas o uso do salto duplo, mas logo surge a necessidade da utilização dos acessórios de cozinha, que são uma mão na roda:
  • Faca: serve para ser arremessada em inimigos e barreiras de pedras, e também é primordial para escalar paredes;
  • Martelo: possibilita pulos mais altos ao ser batido no chão, inclusive em cima de espinhos;
  • Frigideira: pode teletransportar Chefy para locais mais afastados ou atrás de barreiras de vinhas após ser arremessada.
Esses itens, sempre que encontrados, conseguem deixar a jogabilidade ainda mais dinâmica e divertida. Nem sempre os três estarão disponíveis, mas após algum tempo pelas fases, já dá para prever quais deles serão necessários e como encontrá-los. Ainda assim, como são 20 fases por área, utilizando as mesmas mecânicas para a resolução dos enigmas, tudo pode ficar um pouco repetitivo depois de um tempo.

Por fim, cada fase esconde um hambúrguer secreto e por mais que seja necessário revirar as fases para encontrá-lo, essa tarefa não é complicada. Como cada sala sempre tem alguma coisa, é só ficar de olho nos ambientes que não têm um ingrediente ou ferramenta e perceber o ramo ou flor que balança para pegar o lanche. É um detalhe bem sutil, mas que torna a busca mais divertida do que maçante.

Tudo isso é muito bem amarrado com uma jogabilidade bastante responsiva e que em nenhum momento nos deixa reféns dos obstáculos. O único ponto negativo nisso tudo é que sempre que levamos um dano, sofremos um leve arremesso para trás, que pode fatalmente nos colocar na direção de outra armadilha ou inimigo.

Mise en place de respeito

O pixel art pode estar bem manjado, mas é parte fundamental do carisma de Chefy-Chef. Desde o personagem principal até as criaturas que aparecem no nosso caminho, é inevitável não olhar para eles e pensar “que bonitinho esse macaquinho que quer acertar minha cabeça!”.

Quanto aos cenários, eles também são bem bacanas e sua identidade visual é muitíssimo bem-acompanhada pela música de cada um dos três mundos diferentes. Lógico que não faria mal se as 60 fases estivessem divididas em quatro partes de 15 também, só para aumentar a variação de diminuir um pouco a sensação de repetição causada pelos enigmas, mas ainda assim o conjunto é bastante harmônico.

Porção individual e muito bem servida

Chefy-Chef é o típico produto que ninguém quer dar crédito por ter um baixo custo ou ser de uma marca não tão famosa, mas quando adquirido, surpreende pela qualidade e custo-benefício. Sua receita é ao ponto e digna de ser saboreada por todos que têm apetite por uma boa aventura de plataforma.

Prós

  • Jogabilidade simples, dinâmica e responsiva;
  • O uso do conceito de metroidvania foi muito bem aplicado;
  • Belos visuais em pixel art;
  • A trilha sonora combina bem com o ambiente.

Contras

  • O andamento se torna um pouco repetitivo em alguns momentos;
  • Tomar dano pode te arremessar direto para outras armadilhas.
Chefy-Chef — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital adquirida pelo redator 

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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