Jogamos

Análise: MLB The Show 22 (Multi) mantém a essência do seu antecessor, para o bem e para o mal

Mesmo trazendo pouquíssimas novidades, o título consegue entregar uma experiência divertida até mesmo para quem desconhece o esporte.

MLB The Show 22
está entre nós, bem a tempo da atual temporada da Major League Baseball, que começou no dia 7 de abril e se encerrará em 5 de outubro. Para quem desconhece o esporte e suas regras, o jogo é uma excelente porta de entrada. Quem já conhece o universo do campo em formato de diamante se sentirá em casa, apesar de alguns deslizes.

Bê-á-base

Particularmente, nunca fui chegado em beisebol como sou em basquete. Conhecia alguns times por serem logomarcas conhecidas em roupas, como o New York Yankees e o Los Angeles Dodgers. No mais, sabia que tinha um cara que arremessava e outro que rebatia, tudo com uma larga base de conhecimento adquirida em filmes que assisti na Sessão da Tarde.

MLB The Show 22 não traz um glossário de gírias e regras, e tampouco está em português. Logo, é fácil se perder em algumas opções e instruções. Nada de surpreendente, já que todo título esportivo faz o mesmo, mas convenhamos que sempre é mais difícil quando se trata de uma cultura da qual não fazemos parte.

Ainda assim, o jogo é bastante intuitivo e, mesmo como um debutante nesse universo, consegui compreender até que rapidamente o entendimento principal do jogo, que é como pontuar. MLB 22 vai te apresentar, em alguns momentos, balões de instrução que você pode seguir, se quiser. Não é o tipo de instrução de que gostaríamos, mas já é alguma coisa e ajuda qualquer pessoa a se situar com os lances que se tornarão cada vez mais corriqueiros em cada jogo.

O mérito dessa intuitividade está nos controles e na inteligência artificial, que podem ser personalizados para tornar tudo mais simples ou mais complexo, e ainda com diferenciação entre o batedor e o arremessador. Essa gama de opções tende a favorecer muito quem está aprendendo, e os níveis de dificuldade sinalizam a evolução de quem está no controle.

Nossa escolha é livre, mas podemos optar por uma escala de dificuldade dinâmica, que varia entre Iniciante e Veterano de acordo com o nosso desempenho durante a partida. Se acertarmos muitos arremessos e rebatidas, ela sobe. Se cedermos muitas corridas aos adversários ou tomarmos muitos strikes, a dificuldade retrocede.

Quanto aos comandos, existem várias possibilidades, mas uma certeza: arremessar é bem mais fácil do que rebater. Quando estamos no papel do arremessador, cada botão simboliza um efeito diferente que podemos dar na bola e sempre haverá um indicador que mostra o pedido do apanhador. Podemos segui-lo ou não, o que importa é induzir o rebatedor adversário ao erro, com três strikes, mirando no marcador que temos como referência. Bastante básico e prático de dominar.

Já na hora de rebater, temos a opção de controlar o balanço do bastão com o direcional ou com os botões convencionais. Depois, devemos selecionar se essa tarefa será feita com base no timing (e na premonição) do arremesso adversário, para o qual só temos que apertar um botão e rezar para acertar, com a seleção do ponto exato da trajetória da bola ou com o sistema PCI Anchor — que é um pouco mais complexo, mas facilita muito a vida de quem for usar.

Mesmo com essa variedade de sistemas, o ato de bater é visualmente mais complexo que o de arremessar, o que torna certa parte do jogo incômoda até pegarmos o costume. Para não dizer que eliminar rivais é só benefícios, inexplicavelmente a câmera do arremessador muda aleatoriamente de acordo com o modo de jogo que você está e todo o ajuste deve ser feito manualmente.

Em busca da (re)batida perfeita

No que diz respeito a modos de jogo, MLB 22 traz um bom número de opções, mas nada que seja muito diferente da edição anterior. No modo offline, temos partidas de exibição, Torneio de Rebatidas e a possibilidade de escolher nossa equipe favorita para conquistar o cobiçado World Series, o famoso modo carreira, aqui batizado de Road to the Show.

Entretanto, os modos mais divertidos são aqueles nos quais nossa liberdade pode ser mais ousada. No Franchise, podemos escolher qualquer uma das 30 equipes da liga principal e fazer o que bem entendermos no papel de donos da franquia. Além de fazer transações e decidir quem joga e quem vai para o banco, também podemos disputar as partidas de fato ou só simular os resultados.

O principal é o Diamond Dynasty, que tem o já manjado esquema “Ultimate Team”: customizamos nossa equipe, desde a logo e o uniforme até o elenco, com base em cartas que conseguimos em pacotes ou eventos. Cartas mais raras têm atributos mais fortes e compõem um elenco mais sólido, mas perdem um pouco de eficácia se colocadas em posições secundárias ou totalmente fora da sua especificidade.

O que torna o Diamond Dynasty bastante charmoso é que, por mais que haja aquele esquema de juntar moedas e comprar pacotes a rodo, o grinding não chega a ser tão excessivo. Isso acontece por alguns motivos: o primeiro é que existe uma série de missões, chamadas de Programas, que dão recompensas quando completadas e são bastante simples (basta ter um mínimo de criatividade com os comandos, o que vem com o tempo); o segundo é que, se quisermos um jogador específico, podemos ir na loja da comunidade e adquirir o nosso pretendido sem ter que gastar quantias exorbitantes em pacotinhos aleatórios.

As partidas online têm o fator crossplay a seu favor, e isso inclui todas as plataformas. Ou seja, participantes de PS4, PS5, XBO e XSX podem jogar em harmonia, juntinhos, ou quase… Até o momento desta análise, a frequência de desconexões estava bem alta, mesmo com uma boa qualidade de rede de ambos os participantes.

Outra mancada em rede é o modo Co-op. Nele, entramos em partidas de 2v2 ou 3v3 com outros participantes. A ideia é interessante e ficaria ainda melhor se, além do já citado problema de conexão, pudéssemos escolher a nossa função durante o jogo e selecionar quem vai jogar conosco. Pois é, para você conseguir jogar com um conhecido, é só na base da torcida para que o seletor do jogo te coloque na mesma sala que ele. E se isso acontecer, não adianta um só querer rebater e o outro só arremessar; todos terão que revezar, fazendo tudo aleatoriamente.

Por fim, é possível criar seu próprio campo, com direito a escolher até dinossauros na beira do gramado. É muito divertido, mas esse privilégio é destinado apenas aos donos de PS5 e XSX.

Um show de transmissão com falhas técnicas

Ao entrarmos em qualquer partida, temos nossos olhos cheios de animações, gráficos, dados e cortes de câmera, como em uma transmissão ao vivo. Isso é sensacional e realmente justifica o “The Show” no nome do jogo, e os efeitos de luz dos estádios são muito bem elaborados. As expressões faciais dos jogadores também não deixam por menos, até sendo um pouco exageradas às vezes.

O deslize nessa parte fica por conta da narração. O trio de MLB 21, composto por Matt Vasgersian, Mark DeRosa e Dan Plesac, foi substituído por Jon “Boog” Sciambi e Chris Singleton, que transmitem as partidas pela rádio da ESPN nos Estados Unidos. A mudança no geral é boa e a sinergia da dupla é notável, mas essa troca diminuiu consideravelmente o número de falas disponíveis, então não é incomum algumas repetições de tempos em tempos.


Além disso, alguns jogadores de times menores não têm os nomes falados. Vale ressaltar que, em adição aos times da MLB, também estão disponíveis duas ligas minoritárias, cada uma com mais 30 equipes, totalizando 90 opções diferentes de franquias para serem escolhidas. Sim, é muita gente para falar o nome, mas é meio frustrante não ouvir o seu batedor ser chamado no meio da partida. Corta um pouco o clima.

Quase um MVP

MLB The Show 22 vem com o famoso “em time que está ganhando não se mexe”. Isso não é ruim, já que ele traz uma quantia generosa de conteúdo para diversão online e offline, mas a falha no co-op pode cortar o potencial do modo que tinha para ser um dos mais instigantes. Por mais que a falta do nosso idioma também dificulte o entendimento de uma série de siglas, expressões e jargões, vale muito a pena dar uma chance para conhecer esse esporte melhor.

Prós

  • Os controles são fáceis de aprender;
  • Imensa variedade de equipes;
  • Vários modos de jogo tanto online quanto offline;
  • Excelentes visuais, baseados nas transmissões televisivas;
  • Diamond Dynasty é simplesmente viciante.

Contras

  • Rebater ainda é um pouco intuitivo (demais);
  • Modo online é muito instável;
  • Não é possível convidar um amigo para o co-op, nem estabelecer uma função fixa;
  • Falhas na narração;
  • A câmera do arremessador muda aleatoriamente;
  • Modo de criação de estádios restrito apenas a PS5 e XSX.
MLB The Show 22 — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Sony

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google