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Análise: KungFu Kickball (Multi) tenta dar um golpe certeiro na diversão, mas passa de raspão

A ideia de misturar a temática de artes marciais com uma disputa esportiva é boa, mas mal explorada e gera um entretenimento que pode durar pouco.

Em meio a tantos jogos com narrativas densas e mecânicas complexas, às vezes só queremos relaxar com os amigos em uma disputa rápida e franca. Para isso existem jogos que misturam diversão, cores e partidas dinâmicas de maneira bem entrosada.

Assim pode ser definido KungFu Kickball, que adiciona uma pitada de artes marciais em algo que lembraria um duelo bem agitado no melhor estilo “gol a gol” (bons tempos de escola, hein?).

Os mestres dos punhos “chutebolísticos”

OK, citei acima o “gol a gol”, certo? Para quem não conhece o termo, ou não se lembra como funciona essa brincadeira, ela é bem simples: cada jogador fica em uma das metades de uma quadra e tenta acertar o gol do outro lado sem ultrapassar o meio do campo. É algo bem tranquilo, exceto pelas diversas regras mais sofisticadas que podem surgir para sacanear alguém da sua turma.

KungFu Kickball segue essa mesma lógica. No controle de um dos ávidos artistas marciais disponíveis, temos que golpear uma bola até acertar o sino do adversário, além de impedir que ele acerte o nosso. Ganha quem “badalar” a meta adversária mais vezes.

Os comandos são bem simples e intuitivos. Além de socar e chutar, podemos pular e fazer uma espécie de curto teleporte em qualquer direção que desejamos. É possível acertar a meta rival tanto com um golpe bem dado de longe quanto com uma posse de bola mais precisa, para quem quer ter certeza de que não vai errar o alvo (que é bem grande, diga-se de passagem).

Ainda assim, se o jogador precisar de algum tipo de guia, irá ficar na mão, pois o tutorial não passa de uma tela com explicações escritas e nada de prático. Por exemplo, não é explicado que, além de bater na bola, podemos acertar o oponente para nocauteá-lo brevemente e impedir que ele continue sua investida contra nosso sino.

Outra coisa que fica meio nebulosa é a diferença de poder entre os personagens. Existem 8 “lutadores” diferentes, cada um fazendo referência a um estereótipo clichê encontrado em filmes: como um monge careca, uma garota ninja, um mestre ancião, uma duplicata do Bruce Lee e até um expert na arte do “punho bêbado” (drunken fist). Por mais sutil que pareça, eles têm sim uma diferença entre seus níveis de força, velocidade e distância de pulo, mas isso não é mostrado em lugar nenhum.

Se os artistas marciais possuem suas peculiaridades nas entrelinhas, o mesmo não pode ser dito das arenas, que realmente mostram uma variedade bastante interessante na disposição das plataformas. Localizadas em lugares como uma floresta, um vulcão, uma caverna ou um templo, elas adicionam uma boa dose de diversão, pois um movimento mal calculado pode abrir o caminho em meio às plataformas, aclives e obstáculos para acertarem seu sino.

Sozinho não tem graça

Por mais que KungFu Kickball seja divertido e empolgante, ele só funciona bem se jogado em mais de uma pessoa. Até há um modo Arcade, em que o jogador enfrenta alguns oponentes em um nível de dificuldade que varia de aprendiz a grande mestre, mas que podia ser chamado facilmente de “inativo” e “estressante”, pois a inconstância da IA é bastante incômoda para quem quer só curtir um momento tranquilo batendo uma bolinha.

Os demais modos, como o Torneio e o Versus, só valem com dois ou mais participantes. As partidas podem ser 1v1 ou 2v2 e é com o caos dessas configurações que tudo se torna mais proveitoso. Ou seja, se você não tem com quem jogar, a diversão vai durar bem pouco.

Existe um modo online também, mas durante nosso período de análise, não conseguimos achar outras pessoas para realizar uma disputa em rede, o que é uma pena, já que um dos grandes anúncios sobre este título era as disputas entre diferentes plataformas.

Por fim, não há muito o que falar dos visuais, que apostam no bom, velho e seguro estilo cartunesco para afirmar a vibe mais descolada e divertida de cada confronto. Entretanto, a trilha sonora por vezes é bem fora de sintonia, não fazendo o devido acompanhamento para o que está acontecendo na tela.

Vamos deixar essa disputa para o momento certo...

KungFu Kickball é um título inegavelmente divertido e de fácil manejo, mas que realmente só serve como diversão em grupo. Nem mesmo completar o Arcade nos variados níveis de dificuldade gera uma empolgação mais forte. No fim, este é o tipo de título que você guarda na manga quando a galera cansa de jogar outras coisas.

Prós

  • Jogabilidade fácil de aprender;
  • Arenas criativas;
  • Personagens divertidos;
  • Cross-play entre as plataformas;
  • Ideal para jogatinas com até quatro jogadores locais.

Contra

  • Dificuldade em encontrar partidas online;
  • Não fica claro se os personagens têm diferença de habilidades entre si;
  • Tutorial raso;
  • Trilha sonora não combina com as partidas;
  • Poucos modos de jogo e pouco conteúdo para quem quer jogar sozinho.
KungFu Kickball — PC/PS4/Switch/XBO — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Blowfish Studios


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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