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Análise: Space Elite Force 2 in 1 (Multi) traz o dobro de diversão pelo preço de um jogo

O pacote traz dois jogos excelentes e produzidos por um estúdio brasileiro, mostrando que nós também entendemos de combates espaciais.

Alguns shooters, ou “jogos de navinha”, dificilmente conseguem trazer elementos surpreendentes, já que a sua fórmula é bastante objetiva, clara e óbvia. Então o que resta de alternativa é melhorar o que já existe, dando um novo fôlego para o gênero.

Foi exatamente assim que a desenvolvedora cearense Moraes Game Studio acertou a mão com Space Elite Force 2 in 1. Esse generoso pacote traz para os consoles da Sony e da Microsoft os dois jogos da série, que haviam sido lançados para PC e Nintendo Switch  separadamente. 

Uma bela entrada

No primeiro Space Elite Force, somos apresentados à G-7, uma espaçonave de combate que protagoniza a batalha contra os invasores Klyvu, que querem se apoderar do nosso belo planeta azul. Desbravamos a galáxia em batalhas no estilo pixel art, coloridas e vibrantes, acompanhadas de uma excelente trilha sonora com base em riffs de guitarra mais pesados. É uma escolha bastante atípica para o gênero, mas combinou muito bem, trazendo um tom mais enérgico para a ação. Também é possível dividir toda essa ação com um segundo jogador, no tradicional co-op local.

No controle da G-7, temos uma arma primária, para disparos frontais, e a secundária, para armamentos auxiliares, como bombas e minas de aproximação. Nossos equipamentos podem ser aprimorados ao final de cada fase ou ao morrermos. A lista de equipamentos é generosa e não demora muito para obtermos uma nave maximizada.

Os inimigos também possuem cores fortes e um padrão de ataque bem definido. Se por um lado eles se tornam repetitivos depois de um tempo, por outro fica fácil identificar o melhor tipo de reação à saraivada de tiros que está vindo em sua direção, pois cada um tem uma cor que indica o quanto de dano irá causar à sua nave. 

O ponto fraco se encontra nos chefes de cada fase, pois eles são extremamente parecidos e não demandam uma estratégia tão apurada assim, e podem ser derrotados facilmente. Outro incômodo, referente ao visual, está nas moedas que coletamos para realizarmos os upgrades na nave. Por elas terem uma coloração amarelada, assemelhando-se a projéteis, é normal que o jogador desvie delas em um primeiro momento. 

Por fim, Space Elite Force é muito curto. São apenas sete fases, que podem ser finalizadas rapidamente. Além da aventura normal, existem outros dois modos de jogo: o Extremo tem o mesmo caminho do Normal, só que não podemos morrer e temos apenas cinco pontos de vida. Em caso de falha, não importa onde estivermos, voltamos para o começo; e o Infinito, que como o nome sugere, são enfrentadas hordas sem fim de inimigos e sempre que morrermos, podemos utilizar os pontos coletados para fazer upgrades e retornarmos mais preparados até quando quisermos.

Uma continuação fiel

Space Elite Force II consegue melhorar e muito as coisas que o primeiro acertou, mas também mantém os mesmos pecados. A variedade de inimigos é maior, assim como o número de fases que também dobrou, e existem mais equipamentos disponíveis para serem melhorados. O destaque fica por conta de uma terceira arma, que pode ser um laser poderoso, uma bomba que anula todos os projéteis na tela ou um escudo que absorve quase tudo.

Por falar em armas, o método de upgrade mudou, deixando tudo um pouco mais estratégico. Agora, coletamos unidades verdes (que ficaram muito melhores visualmente), que enchem uma barra e nos dão um cristal. Esses cristais espaciais são gastos nas melhorias e quanto mais forte o equipamento, maior o custo. Existem também mais opções de tiros e armamentos secundários, além de aparatos que minam a força dos tiros recebidos.

A campanha principal possui dois níveis de dificuldade: o casual, que habilita checkpoints em locais específicos e é mais generoso na coleta de cristais verdes; e o elite, que te faz recomeçar a fase sempre que morre e distribui cristais de maneira mais escassa, além de trazer inimigos bem mais irritados e que irão deixar o espaço inteiro repleto de projéteis prontos para te explodir.

Os visuais continuam muito bonitos e a trilha sonora também, porém ela é basicamente a mesma usada no primeiro jogo. Como agora existem 14 fases, logo as músicas se tornam um pouco repetitivas. Mais uma vez os chefes são um ponto fraco, pois são fáceis de serem liquidados e a tarefa fica ainda mais simples caso o jogador adquira o laser como arma terciária. Além disso, eles ainda são quadrados pretos voadores, que vão ficando cada vez maiores e mais largos, o que não combina em nada com o resto da criatividade proposta por Space Elite Force II.

A grata surpresa estão em três estágios específicos, em que precisamos entrar em uma estação e lidar com obstáculos, lasers e torretas inimigas antes de chegarmos ao chefe. O desafio aqui é maior, pois estamos com o espaço limitado. A ideia é ótima, mas poderia ter sido usada mais uma ou duas vezes. Ainda assim, é possível concluir tudo em aproximadamente 40 minutos, mesmo na dificuldade elite.

Quem quiser continuar se aventurando, tem à disposição: o Arcade, que equivale ao Infinito do primeiro Space Force; e o Boss Rush, que nos coloca em batalha direta com os chefões, sem passar pelas hordas de inimigos. Vale ressaltar que esse modo, a exemplo da Campanha, se torna ridiculamente fácil quando adquirimos o laser. 

Uma dupla quase perfeita

Space Elite Force 2 in 1 é um combo bem pensado, mas que com certeza não seria tão bem recebido se fossem lançados isoladamente, por causa da duração de cada um. A ação frenética, aliada aos visuais bem trabalhados e trilha sonora um pouco mais pesada, faz com que ambos se tornem títulos bastante relevantes para o gênero. Os jogos podem pecar um pouco pela repetição de padrões e falta de criatividade nos chefes, mas não podemos deixar de lado que esse é mais um ótimo produto produzido em território nacional.

Prós

  • Jogabilidade rápida e dinâmica;
  • Multiplayer local;
  • Mesmo com muitos inimigos na tela, é fácil entender o que está acontecendo;
  • Um excelente sistema de upgrade;
  • Ótima trilha sonora;
  • Dois bons jogos por um preço justo.

Contras

  • Ambos os jogos são muito curtos;
  • Alguns padrões de inimigos se replicam demais;
  • Os chefes são muito fáceis e parecidos uns com os outros;
  • A trilha sonora de Space Elite Force II se torna um pouco repetitiva com o tempo.
Space Elite Force 2 in 1 — PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise feita com cópia digital cedida pela QUByte Interactive


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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