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Análise: Monster Crown (PC/Switch) é um jogo com inspiração em Pokémon e algumas ideias interessantes

Mesmo com mecânicas atrativas, este RPG apresenta diversos problemas que tornam a experiência exaustiva.

Monster Crown
é um RPG com forte influência de Pokémon e introduz uma mecânica de reprodução muito interessante. São centenas de monstros para capturar, treinar e combinar para criar criaturas ainda desconhecidas.

Temos, no entanto, vários pequenos problemas que, quando somados, interferem negativamente na experiência, desgastando a jogatina aos poucos. Mesmo assim, os fãs da consagrada franquia de batalhas entre bichinhos terão uma grata surpresa ao explorar todas as possibilidades presentes, enquanto os não entusiastas podem considerar o jogo pouco interessante.

É tipo Pokémon, só que diferente

Nossa aventura começa em nossa pequena fazenda no interior, onde ajudamos nosso pai nas tarefas diárias. Devido às necessidades da família, começamos a receber as primeiras lições para nos tornarmos um domador de monstros. Essas criaturas vivem na natureza e possuem seus próprios interesses, porém aprenderam ao longo do tempo os benefícios de se associar aos humanos.

Com a autorização de nossos pais, temos a oportunidade de ganhar um monstro pela primeira vez, através de um teste de personalidade em uma revista. Após responder a algumas perguntas, nosso companheiro chega em casa, preso em uma jaula. Com o objetivo de alcançar o posto de maior dos domadores, saímos para nossa primeira missão: entregar um presente de nosso pai ao Rei do Reino Humanismo.




Ao deixarmos a fazenda, já dá para perceber as semelhanças em relação à estrutura de Pokémon. Monster Crown se passa em uma enorme ilha com diversas cidades e províncias. Tais cidades são interligadas por rotas, lagos, cavernas e florestas em que podemos encontrar monstros selvagens e NPCs. A diferença, no entanto, é que o mapa é relativamente aberto e temos a liberdade de explorá-lo como bem entendermos.

Os cenários possuem uma semelhança gráfica muito grande com os jogos da segunda geração de Pokémon, mas um aspecto interessante aqui é que o ambiente possui muita vida, com diversos elementos em movimento, como moinhos, água, flores e monstros. As criaturas são encontradas livres pela natureza e para enfrentá-las precisamos ir ao encontro delas.




Em compensação, essas grandes áreas parecem desertos pela falta de conteúdo. Em diversos momentos, enquanto procurava monstros selvagens para treinar minha equipe, eu passava vários minutos andando de um lado para o outro sem encontrar nada e ninguém. Além disso, é comum passar por trechos que não levam a absolutamente nada, nem mesmo um item para recompensar a exploração. Isso quando não há bugs que interferem na movimentação e te deixam preso em certos locais.

A livre exploração de nada adianta, pois os monstros selvagens e outros domadores ficam gradualmente mais fortes, resultando em uma barreira natural de progresso. Querendo ou não, ficamos dependentes de seguir a história para ter a chance de encontrar oponentes do nosso nível pelo caminho. Por mais que exista uma mitologia interessante por trás de todos os eventos de história, ela acaba se tornando apenas um meio para justificar a progressão. Além de demorar a engrenar, a antagonista baseia suas ações em conquista de poder, o que a torna meio genérica.




Um ponto legal é a localização para português brasileiro. No entanto, há muitos textos com uma tradução medíocre, além de itens sem tradução. Aliado a esse problema, os menus, apesar de completos, são confusos e péssimos de navegar, frequentemente apresentando textos mal-encaixados em seus espaços. Isso torna a experiência muito cansativa e é possivelmente o pior problema do jogo, pois interfere diretamente na exploração e nos combates. 



Um combate familiar

O combate de Monster Crown é talvez sua principal semelhança com Pokémon. Aqui, temos monstros classificados em cinco tipos diferentes: Tenaz, Feroz, Atroz, Instável, e Implacável, com vantagens e fraquezas entre eles. Não sei se meu costume com os títulos da Game Freak estão me influenciando, mas os nomes e ícones escolhidos não são intuitivos, levando-me a sempre precisar consultar a relação de vantagens dentro do combate.




Os golpes também seguem essa relação de tipos, proporcionando dano maior ou menor de acordo com as escolhas. Dentro do combate, os golpes super efetivos possuem um ícone que indicam a vantagem, enquanto os pouco efetivos não possuem essa indicação. Além disso, alguns movimentos podem criar condições como envenenamento ou aumentar e diminuir atributos.

Cada monstro possui atributos para ataques físicos ou mágicos, defesas contra esses golpes físicos ou mágicos, e velocidade. As disputas são realizadas em turnos, com o monstro mais rápido atacando primeiro, e o objetivo naturalmente consiste em reduzir a vida dos bichinhos do oponente a zero. É possível batalhar contra monstros selvagens, outros domadores e Mestres Domadores, presentes em cada cidade como um líder de ginásio.




A grande variedade de monstros existentes é um ponto muito positivo de Monster Crown, contendo cerca de 200 espécies. Sua equipe pode ser composta por até 8 criaturas e todas são tão carismáticas e interessantes que a vontade de capturá-las e treiná-las costuma prevalecer durante a jogatina. As artes são inspiradas nos Pokémon das primeiras gerações, com um pixel art simples, porém caprichado. Para capturá-los, precisamos diminuir sua vida e oferecer a eles um pacto. Quanto menos vida e maior a diferença de níveis, maior é a taxa de sucesso.



Um verdadeiro centro genético

Como se não bastasse cerca de 200 monstros para capturar, Monster Crown tem uma mecânica muito interessante, que é a de reprodução de monstros híbridos. Após determinado ponto do jogo, temos o nosso próprio centro de reprodução, onde podemos escolher quaisquer dois monstros para conceber um ovo. 




Após chocar o ovo, o filhote gerado terá características de ambas as espécies escolhidas anteriormente, incluindo golpes e aparência. Para os viciados nessa mecânica em Pokémon, este é um prato cheio de diversão. Gastei horas apenas combinando monstros e criando as mais diversas espécies, e mesmo após terminar a campanha, passei mais um tempo apenas me divertindo com as possibilidades.

Isso cria um diferencial muito interessante em relação aos monstrinhos de bolso e mantém a sensação de descoberta sempre em alta. Devido aos seus problemas, Monster Crown se torna cansativo ao ser jogado por muitas horas seguidas, então investir um tempo na parte de reprodução ajuda a renovar a experiência. 



Temos que pegar!

Monster Crown é mais do que uma simples cópia de Pokémon. É um jogo com muita personalidade, principalmente por conta de sua mecânica de reprodução e seus diversos monstros carismáticos. No entanto, seu gameplay se torna cansativo devido aos seus menus de difícil navegação e combate pouco intuitivo. O mapa, apesar de grande, não incentiva a exploração e deixa as coisas desinteressantes. Apesar de tudo, é uma experiência válida aos fãs de Pokémon e que, com futuras atualizações, tem de tudo para melhorar e se tornar um título marcante.

Prós

  • Muitos monstros para capturar e treinar;
  • A mecânica de reprodução torna o jogo mais interessante e instiga a curiosidade de combinar todos os monstros;
  • Os cenários são lindos e cheios de vida;
  • Possui tradução para português brasileiro.

Contras

  • A localização para PT-BR é medíocre e possui algumas falhas de tradução;
  • Os tipos de monstros possuem nomes péssimos, que dificultam no entendimento da relação de vantagens e fraquezas;
  • O mapa é consideravelmente vazio e pouco incentiva a exploração;
  • Os menus são ruins de navegar;
  • Há bugs que interferem na movimentação e deixam o protagonista preso.
Monster Crown — PC/Switch — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela SOEDESCO


Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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