Blast from the Past

Twisted Metal 2 (PS/PC): 25 anos da sequência de um clássico de combate veicular

Após a destruição da Cidade dos Anjos no primeiro jogo, o mundo inteiro será palco da disputa promovida por Calypso.

 

Conversando com minha comanheira sobre o texto que planejava escrever para esta coluna, me lembrei de ter jogado Twisted Metal 2 dois anos após seu lançamento, em 1996. Reconheço que o primeiro título, lançado no ano anterior, passou completamente batido por mim, sendo quase que por acaso que o descobri em uma locadora localizada ao lado da residência de um de meus melhores amigos.

Adoro jogos de corrida, especialmente aqueles que possuem uma pegada arcade, mais inclinada à diversão proporcionada do que à busca por uma direção veicular real. A franquia Twisted Metal, no entanto, está mais voltada a um derby de demolição do que uma corrida convencional, com alguns extras: foco tanto no carisma quanto na insanidade dos personagens, e muitas, muitas armas de fogo.

É necessário um enredo? Okay, então

O primeiro jogo se passa em Los Angeles e o jogador recebe em seu correio eletrônico uma mensagem de um enigmático indivíduo chamado Calypso, que nada mais é do que o patrocinador de um dos mais insanos eventos de todos os tempos: Twisted Metal. Durante 24 horas, os pilotos disputarão entre si, e o último a permanecer vivo será premiado com algo muito especial: qualquer desejo, por mais surreal que pareça, será plenamente atendido.

Calypso

Em Twisted Metal 2, com a destruição da cidade de Los Angeles, o novo palco para o evento do ano seguinte será o mundo como um todo. Nas palavras do próprio Calypso, “ninguém estará a salvo”. Nada muito aprofundado, servindo tão somente de trama para o caos desenfreado.

Não há um torneio sem a presença de competidores

Um dos diferenciais de Twisted Metal é conferir destaque não apenas aos veículos em si — tão insanos quanto os próprios pilotos —, mas também aos personagens controlados pelo jogador: do lendário Needles Kane/Sweet Tooth (inclusive, um dos lutadores de PlayStation All-Stars, piloto em ModNation Racers, jogador de golfe em Hot Shots Golf 2 e personagem de Pay Day 2), na condução do seu alegre caminhão de sorvetes a Axel, que, bem, pilota ele “mesmo”; de Simon Whittlebone pilotando seu Mr. Slam a Capt. Rogers, junto de seu Warthog, certamente algum personagem chamará a atenção do jogador.

Cada um dos pilotos possui sua própria motivação, desde o desejo de voar (como é o caso de Mike & Stu, pilotos do Hammerhead e que retornam do primeiro jogo), ou o simples prazer em criar o caos, como é o caso de Needles Kane.

Twisted Metal 2 possui 14 personagens jogáveis, dos quais cinco são novos corredores, sete retornam do primeiro título e dois são desbloqueáveis. Dentre eles estão:

Veículos que retornam...

Marcus Kane: à altura de seus 32 anos, Kane é um sem-teto que não possui amigos ou recursos financeiros e está à beira da insanidade. Ele pilota o Roadkill, veículo pertencente a Captain Spears no primeiro jogo, e ingressa no Twisted Metal para se certificar de que o evento é real.

Mike & Stu: dois jovens descabeçados que estão à procura de emoção e “garotas”. Ambos são responsáveis pela condução do Hammerhead, originalmente pilotado por Mike e Dave, sendo que este, por alguma razão desconhecida, não é mais o parceiro de Mike na edição seguinte do evento). Caso saiam vitoriosos do torneio, eles desejam a habilidade de voar.

Capt. Jamie Roberts: na condução do Outlaw 2, a agente da Polícia de Los Angeles ingressa no Twisted Metal à procura de seu irmão, o Sargento Carl Roberts, desaparecido após os eventos do primeiro jogo, no qual pilotava o Outlaw original.

Outlaw 2 punindo Hammerhead sem piedade.

Captain Rogers: o veterano de guerra se mobiliza com seu Warthog (originalmente pilotado por Commander Mason) para que, com a vitória, possa recuperar sua juventude.

Mr. Grimm: o obscuro piloto de uma motocicleta (que também se chama “Mr. Grimm”) tem um único propósito: se alimentar da alma dos incautos e, de quebra, contribuir para o fim do mundo. Considerando que o Twisted Metal 2 ocorrerá em todo o globo, não será uma missão muito difícil.

Bruce Cochrane: o jovem que cresceu em Los Angeles e ama suas ruas luta em seu Thumper para trazer paz a seu bairro desde o primeiro Twisted Metal.

Ken Masters: impopular desde sua infância, ele adentra o Twisted Metal 2 para obter fama e reconhecimento na condução do Spectre, originalmente pilotado por Scott Campbell. Aparentemente não deu muitos resultados, já que sua única aparição em toda a série foi neste título.

… E veículos que entram

Amanda Watts: a piloto de Fórmula Indy se junta ao elenco do torneio com seu Twister para se tornar a mais veloz corredora de todos os tempos.

Axel: o icônico piloto preso à hellish contraption (“engenhoca infernal”) pilota “a si mesmo” após ser aprisionado ao bizarro mecanismo de duas rodas. Com a vitória, ele pretende se libertar e enfrentar o responsável por sua maldição.

Axel se tornou tão icônico quanto Sweet Tooth.

Simon Whittlebone: demitido de seu emprego, o ex-arquiteto conduz seu Mr. Slam para ter o poder de construir uma estrutura que alcance os céus.

Mortmer: o soturno piloto do Shadow é o guardião das almas perdidas, auxiliando aqueles que morreram antes da hora prevista para que se vinguem de seus algozes. Ele se inscreve no Twisted Metal 2 para colocar um fim no caos promovido por Calypso.

Krista Sparks: (spoiler de 25 anos) filha de Calypso, a jovem ingressa no torneio com seu Grasshopper na tentativa de descobrir o que houve com seu pai e entender as razões por trás do caos promovido por ele.

… E competidores secretos

Needles Kaine/Sweet Tooth: o inigualável e simpático palhaço maníaco homicida com cabelos flamejantes (aparência que só foi concebida em Twisted Metal 2) ressurge como um dos chefes na atual edição do torneio, sendo desbloqueável somente com códigos (para os interessados: na versão para PS, na tela de seleção de veículos, use Cima, L1, Triângulo, Direita; no PC, digite gloriousicecream. Um som de explosão confirmará que o código foi acionado). A despeito de toda a “simpatia” que lhe é característica, o desejo de Sweet Tooth nesta edição do torneio é ser transformado em um inseto de jardim no interior dos Estados Unidos para conseguir, finalmente, fugir de sua loucura.

Kaine dispensa apresentações.

Minion: chefe desde o primeiro Twisted Metal, o piloto conduz um tanque de guerra que leva seu próprio nome. Ele está no torneio não para obter a realização de um desejo por Calypso, mas tão somente se vingar do organizador e tomar seu lugar. Assim como ocorre a Sweet Tooth, Minion só pode ser desbloqueado mediante códigos (no PS, na tela de seleção de veículos, pressione L1, Cima, Baixo, Esquerda. No PC, digite gloriousbigboy).

O jogo em si

Como um jogo de disputa entre veículos dentro de arenas, Twisted Metal expandiu o conceito desde o título original. São oito fases no modo single player: Hong Kong, Paris, Nova Iorque, Holanda, Moscou, Antártica, Los Angeles (completamente destruída) e até mesmo a Amazônia.

A finalidade do jogo é destruir cada um dos veículos inimigos (que variam de cinco a nove, dependendo do estágio) utilizando metralhadoras, rajadas laser, lança-foguetes e demais armamentos disponibilizados no mapa, sendo que cada um dos automóveis possui seu próprio poder especial.

Os modos single player e multiplayer não diferem muito entre si, ambos se dividindo entre Tournament/Co-op Tournament e Challenge Match. Em Tournament, o jogador explorará a história do personagem por ele escolhido, sendo que cada um deles possui seu próprio final. No Challenge Match para um jogador, os veículos comumente serão escolhidos aleatoriamente pelo jogo, enquanto para dois jogadores ocorrerá apenas o típico “um contra um” — assim como no primeiro Twisted Metal.

Os veículos possuem quatro características principais, que possuem classificação entre 1 e 5: Velocidade, Manuseio, Armadura e Arma Especial. Notadamente, aqueles que possuírem pontos maiores em armadura serão lentos e difíceis de manobrar, mas suportarão mais ataques. Caberá a cada jogador definir seu estilo de jogo e utilizar aqueles que explorarem melhor suas habilidades.

À época, o trabalho desenvolvido pela SingleTrac e pela Sony Interactive Studios trouxe bons gráficos e jogabilidade, sendo primoroso que a câmera do jogo — um dos aspectos mais problemáticos nos primeiros jogos tridimensionais — não apresentasse qualquer problema.

Infelizmente, um dos pontos fracos de Twisted Metal 2 — que também existiu no primeiro jogo da série — é a esquecível trilha sonora, muito aquém do que um jogo dessa magnitude demandava à época. Com exceção de “Suicide Slide”, tema da cidade de Moscou, a maior parte das canções parece se encaixar mais em qualquer jogo da série Tony Hawk’s Pro Skater do que em um título Twisted Metal.

Outro ponto que merece destaque é o fato de que os gráficos podem aparentar ser um tanto “datados”; no entanto, considerando se tratar de um jogo lançado há quase 25 anos, eles não chegam a deixar o produto final injogável.

De mesmo modo, a substituição de rostos humanos reais (empregados no primeiro jogo) por personagens cartunizados extraiu um pouco da essência de “filme tipo B” que Twisted Metal possuía. 

E então, mesmo após tanto tempo, vale a pena?

Twisted Metal 2 foi lançado em uma época em que talvez a maioria dos leitores sequer havia nascido. A era 32 bits, dando continuidade aos trabalhos desenvolvidos nas duas gerações anteriores de console, foi um período de experimentações. Considerável parte dela foi frutífera e, felizmente, Twisted Metal 2 foi um destes bons conceitos que chegaram aos jogadores — ao ponto da Luxoflux, em parceria com a Activision, lançar seu Vigilante 8 (Multi).

Ainda falaremos a respeito desse cidadão aí...

Infelizmente, o último jogo da franquia estagnou em Twisted Metal, lançado em 2012 para PlayStation 3. Twisted Metal 2, embora esteja disponível na PlayStation Network desde 2007, só pode ser jogado no PSP/PS Vita ou PS3.

Títulos como este não são tão comuns atualmente — Vigilante 8 Arcade, o último desta franquia, foi lançado em 2008 no ainda Xbox Live Arcade —, portanto, se o leitor desconhecia Twisted Metal 2 e se interessou pelo mesmo, nunca é tarde para resgatar este clássico. Boa diversão!

Revisão: Davi Sousa


Mineiro, apaixonado por livros, música, filmes, discussões, Magic: The Gathering e, claro, jogos eletrônicos.
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