Jogamos

Análise: My Dear Frankenstein (PC) traz a encantadora jornada de um pequeno monstrinho

Guie Adam em uma jornada para recuperar o seu coração fragmentado.

Desenvolvido pela NUMBER7, My Dear Frankenstein é um point-and-click japonês que propõe uma curta jornada pela vida de um jovem monstrinho chamado Adam. O título é o segundo a ser publicado no Ocidente pela Moonchime Localization, uma empresa focada em jogos joseimuke, obras desenvolvidas com um público feminino como alvo, a exemplo de otome e BL.

Em busca de um coração

Tudo começa com o nascimento de Adam, um pequeno humano criado artificialmente e que, portanto, é tratado também como uma espécie de monstrinho. Após acordar na mansão Barns, ele encontra um fantasma que o guia em um passeio noturno pela cidade de Shipberry.

O objetivo desse passeio é encontrar os fragmentos do coração de Adam que estão misteriosamente dispersos por várias localidades da cidade. Para pegá-los, o jogador precisará resolver uma variedade de puzzles. De forma geral, esses desafios são interessantes, envolvendo questões de lógica e observação dos cenários. Vale destacar também que eles conseguem ser bem equilibrados, oferecendo boa dificuldade ao mesmo tempo em que há dicas úteis para a sua resolução.

Os fragmentos obtidos podem ser alocados em duas categorias: empatia e razão. É possível obter 200 fragmentos no total e alocar metade deles em cada categoria. Para escolher certas opções de interação, é necessário ter uma determinada quantidade de empatia ou razão. Com uma quantidade limitada desses fragmentos a princípio, essa escolha impacta nas possibilidades de ação do jogador. Posteriormente, dá para retornar a qualquer capítulo e refazê-lo para testar outras opções, incluindo mudar a forma como os fragmentos são alocados.

A cidade de Shipberry

Conforme avançamos pela história de My Dear Frankenstein, encontramos personagens charmosos que dão vida à região. Além daqueles que poderiam ser considerados a família de Adam, Shipberry conta com algumas figuras um tanto curiosas, como um pintor cego e uma moradora de rua que vive com uma autômata quebrada.

Interagir com esses personagens nos permite conhecer não apenas um pouquinho da sua história, como também eventos importantes do passado da cidade. Shipberry esconde muitos detalhes e a jornada de Adam fará algumas revelações virem à tona. Porém, vale destacar que a obra opta por ser prioritariamente sutil, cabendo ao próprio jogador juntar as peças em relação a alguns aspectos da trama.

O jogo é razoavelmente curto, com uma expectativa de aproximadamente 7 horas para concluir a campanha principal. Mesmo com uma variedade de histórias opcionais e finais alternativos, ainda há uma sensação de que Shipberry e seus habitantes têm muito mais a oferecer do que o que é possível ver. Ao final, fiquei com a sensação de que o contato com os personagens foi um tanto superficial de forma geral, o que enfraqueceu minha experiência pessoal com a trama.

Um misto de sombrio e fofo

My Dear Frankenstein está em um limiar charmoso entre uma obra com tons macabros e elementos fofos. A história menciona alguns tópicos pesados, como suicídio e automutilação, assim como múltiplas referências a morte e ocultismo. Ao mesmo tempo, o jogo trabalha com a perspectiva de Adam, que é, na prática, aquela de uma criança, mesmo que o garoto tenha gostos peculiares.

A experiência consegue se manter leve mesmo com esses elementos sinistros. Nesse sentido, a arte também é muito bem utilizada. As ilustrações combinam bastante com essa perspectiva entre o sombrio e o fofo e conseguem determinar com maestria o tom da jornada. Ainda em relação a elas, vale destacar o uso de cores com personagens de aparência muito branca e cenários com fortes contrastes.

No aspecto da trilha sonora, vale destacar que My Dear Frankenstein opta por músicas clássicas de licença livre. Apesar de não ser uma escolha particularmente inspirada, as músicas são bem selecionadas e adequadas aos contextos. Vale destacar em especial o encerramento que é uma canção que fortalece os encerramentos mais emocionantes da obra.

No menu inicial, há uma galeria em que é possível conferir informações sobre personagens, itens, uma galeria de ilustrações e as conquistas internas. Vale destacar que esses itens precisam ser liberados no jogo, sendo uma boa recompensa pela exploração.

Um point-and-click encantador

My Dear Frankenstein
é um bom exemplar do gênero point-and-click. Em alguns momentos ele parece ser um pouco superficial demais devido à sua narrativa curta e alguns diálogos vagos. Porém, ainda assim vale a pena explorar e conhecer mais a fundo a cidade de Shipberry e seus habitantes.

Prós

  • Puzzles bem-montados que contam com indicações úteis;
  • Múltiplas histórias opcionais;
  • Personagens charmosos;
  • Estilo artístico que consegue ser sombrio e fofo ao mesmo tempo;
  • Desbloqueio de ilustrações recompensa a exploração.

Contras

  • Mesmo com os conteúdos opcionais, a história e os personagens mereciam mais desenvolvimento.
My Dear Frankenstein - PC - Nota: 7.5
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Moonchime Localization


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google