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Análise: Godstrike (Multi) te joga em uma missão implacável onde o tempo é uma questão de vida ou morte

Enfrente chefes impiedosos em batalhas desafiadoras enquanto controla sua raiva para não arremessar o controle na parede.

Depois de ser lançado para PC e Nintendo Switch, Godstrike chega ao PlayStation 4 e ao Xbox One, trazendo uma tarefa que parece simples, mas que é bem ingrata: exterminar dez chefes dificílimos dentro de um tempo estipulado. Por mais que bullet hell seja um termo associado a outros gêneros, como shoot ‘em ups, aqui essa mecânica é o foco de tudo, e o jogador vai ter sua habilidade, e paciência, colocadas à prova.

Sem tempo, irmão!

No controle de Talaal, uma garota que deseja salvar seu vilarejo e serve de hospedeira para a última máscara que guarda uma fração do poder de um deus antigo, você deve exterminar as demais máscaras, que estão absorvendo umas às outras, em combates que estão devastando a humanidade. Essa é a premissa de Godstrike.

O jogo é focado apenas nos combates contra cada criatura, e todos eles têm uma minutagem estipulada. Só que o tempo é vital de muitas maneiras aqui. Em primeiro lugar, ele é intrinsecamente ligado à sua vida: toda vez que você recebe dano, perde segundos no relógio e, assim que ele zera, você fica a apenas um hit da morte.

Segundo, os segundos servem como moeda de troca para adquirir poderes que te ajudam na hora da batalha. Existem 20 habilidades passivas e 20 habilidades ativas, e ao todo podemos equipar quatro de cada uma ao mesmo tempo. As passivas são focadas na mobilidade e na proteção de Talaal, como esferas que absorvem disparos, aumento de velocidade da personagem ou da potência do tiro nos momentos mais decisivos do confronto. Elas entram em ação automaticamente, dentro das condições que necessitam.

Já as ativas precisam ser acionadas com os botões superiores e são em sua maioria mais ofensivas e estratégicas. Elas envolvem projéteis mais fortes, bolas de energia, raios laser, lanças e até escudos. Entretanto, todas elas têm um custo, que é cobrado como desconto no tempo final para concluir cada fase. Diferente das passivas, que são automáticas, estas só podem ser usadas após a coleta de esferas azuis de alma, derrubadas pelos inimigos de tempos em tempos.

A quantidade de combinações disponíveis é inúmera, só que não dá para negar que alguns poderes se parecem bastante entre si, trazendo aquela impressão de que você desperdiçou uma escolha. Além disso, uma vez que achemos uma combinação mais confortável ao nosso estilo de jogo, dificilmente vamos abrir mão dela em nome de uma possível estratégia específica para cada boss.

Dor, sofrimento e muita repetição

Bom, já deu para perceber que as estrelas de Godstrike são os chefes, e com razão. Cada um deles tem uma identidade própria, com visuais bem criativos, e oferecem batalhas duríssimas à Talaal. Com padrões de ataques bem específicos e mais de uma forma — geralmente entre três e quatro —, todos eles te farão morrer MUITO. A ideia é fazer com que o jogador repita cada etapa até aprender cada leva de ataques deles e assim derrotá-los no menor tempo possível. Esse tipo de característica é uma faca de dois gumes, pois premia os exaustivamente persistentes, mas afasta aqueles que querem um desafio mais moderado.

Todos os combates acontecem em arenas fechadas, o que também tem seus prós e contras. Se por um lado é possível aprender os padrões de cada movimentação, investida ou enxurrada de projéteis dessas criaturas soberanas, também é possível se perder em algumas confusões visuais. Como a ação é vista por um ângulo superior, acompanhando Talaal de maneira bem leve, é muito fácil se perder em pontos cegos, principalmente na hora em que passamos para a parte superior da tela, deixando o chefe fora do nosso campo de visão, ou quando os disparos inimigos têm trajetórias menos padronizadas.

A movimentação da protagonista também pode ser a causa de um certo descontentamento. Na versão para PC, a mira é feita livremente com o mouse, entretanto quem optar por usar controles terá que movimentá-la com os dois analógicos ao mesmo tempo, um para o deslocamento no espaço e o outro para orientar a direção dos disparos. Casar a movimentação dos dois ao mesmo tempo resulta em diversos momentos em que atiramos no meio do nada.

O foco nesses duelos colossais é tão grande que todos os modos de jogo são focados nisso e acabou. Nada mais, nada menos. O modo história tem uma cena de abertura bem simples, para explicar como Talaal foi escolhida para esta jornada. Logo depois disso, somos colocados para enfrentar o primeiro monstro, com apenas duas habilidades disponíveis. À medida que triunfamos, sempre voltamos para a área de escolha de poderes, com novas opções liberadas, e assim seguimos até o último e derradeiro confronto.

O modo arena é mais direto ao ponto, com tudo liberado desde o começo e com a possibilidade de escolher qual será o nosso oponente livremente. Assim que concluímos a batalha, voltamos à área de início, fazemos novas combinações (se quisermos) e partimos para o próximo confronto.

Os dois últimos modos são focados em uma experiência mais roguelike. O modo desafio te impõe uma condição, positiva ou negativa, e te dá apenas duas habilidades. Com elas você deve passar por todos os chefes na sequência, de uma só vez. Já o desafio diário, previsivelmente, te coloca na mesma situação de estar amparado, ou não, de maneira restritiva, mas aqui a luta é única. Se quiser jogar de novo, só amanhã.

Mais uma vez voltamos para aquele ponto de Godstrike só recompensar o jogador que gosta de repetições. Como o conteúdo é curto e bastante direto ao ponto, quem quiser algo mais variado não vai se sentir motivado a derrotar todo mundo, uma vez que sequer existe uma recompensa para essa árdua tarefa. O jogo sequer tem um ranking online para catalogar os matadores mais ágeis.

Trabalho demais para diversão de menos

Godstrike faz a combinação inusitada de bullet hell e boss rush, sem aliar nenhum outro elemento para deixar tudo mais complexo. Sua falta de variedade estrutural, aliada a efeitos sonoros bem discretos e à quase inexistência de trilhas, chega a ofuscar bastante a criatividade das criaturas a serem derrotadas e toda a gama de habilidades que podem ser combinadas. Ele é direto ao ponto no que se propõe, mas o nível de desafio proposto é bastante específico, agradando apenas uma parcela de jogadores que beira o masoquismo.

Prós

  • Chefes com características únicas;
  • Visuais coloridos e interessantes;
  • Muitas opções de habilidades.

Contras

  • Modos de jogo repetitivos;
  • Algumas habilidades são muito parecidas;
  • Pouquíssimo conteúdo;
  • Movimentação meio confusa;
  • Pontos cegos durante as batalhas;
  • Ausência de um ranking online;
  • Seu nível de dificuldade acentuado pode afastar jogadores mais casuais;
  • Falta de uma presença sonora mais significativa.
Godstrike — PC/PS4/Switch/XBO — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Freedom Games


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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