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Análise: Ultra Age (PS4/Switch) tem um estilo ímpar e é uma delícia de jogar

Ajude o destemido Age a cumprir sua missão para conquistar a vida eterna.


Títulos como Devil May Cry, Bayonetta e God of War, apesar de suas particularidades, possuem como principal característica sua jogabilidade baseada em um combate frenético cheio de malabarismos e estilos de luta visualmente legais de se assistir. Bebendo dessa mesma fonte de inspiração, Ultra Age também se destaca exatamente por esses motivos e já adianto que é esse o principal ponto que vai te deixar interessado neste game dos coreanos da Visual Dart e da Next Stage Studios.

Sete dias para conseguir a vida eterna

No papel de um jovem destemido chamado Age e seu fiel companheiro robótico Helvis, acompanhamos a missão dos dois ao serem despachados para um planeta desconhecido — que no desenrolar da história descobrimos ser a Terra — e abandonado em busca de uma relíquia que possui o segredo para a vida eterna. O rapaz é membro de uma colônia chamada Orbital Arc e, por algum motivo que não é bem explicado, só possui sete dias de vida restantes, que consequentemente é o tempo que tem para encontrar a relíquia e receber sua recompensa: vida eterna.


Já nos primeiros minutos da missão, explorando um ambiente hostil, Age e Helvis parecem triunfar em sua missão de forma rápida ao descobrir a localização do artefato em uma antiga nave abandonada. Mesmo sendo surpreendidos pela vida selvagem local e por robôs sentinelas da antiga civilização do planeta, a dupla encontra a relíquia e agora precisa encontrar uma forma de voltar para sua base no espaço.

Entretanto, surpreendidos por uma suposta aliada, Helvis, que possuía a relíquia em seu poder, é capturado e, durante o combate para resgatá-lo, acaba destruído, tendo sua IA absorvida pela relíquia. Agora, Age precisa encontrar uma forma de sair do planeta com seu parceiro, que agora se tornou o objeto mais valioso daquele mundo. Muitos perigos, descobertas e reviravoltas estão no aguardo de nossos heróis nessa verdadeira caçada enquanto lutam pela sobrevivência.

Corte rápido!

A jornada de Age é recheada de ação contra diferentes inimigos em sua fuga do planeta. O jovem possui uma carta na manga que irá ajudar muito em sua viagem. Durante o embate no início do jogo sua espada é quebrada, mas com a ajuda de Helvis eles conseguem escapar e algo estranho acontece. Agora ele é capaz de conjurar diferentes lâminas no cabo da arma, com diferentes atributos e tipos de ataques.

Desde as mais comuns, úteis para todo tipo de situação, passando por outras mais longas, mais eficientes contra inimigos orgânicos, chegando até as mais grandiosas e parrudas, ótimas para enfrentar inimigos maiores, com poder defensivo maior. O cerne da jogabilidade de Ultra Age se dá no manuseio das diferentes armas para sobressair às situações pelas quais o rapaz vai passar durante o jogo. Essa mecânica deixa a jogatina extremamente ágil e rápida, criando um ritmo de jogo muito bom. 


É possível trocar com extrema facilidade entre uma ou outra lâmina durante os combates apenas pressionando um botão no controle, tornando cada embate contra os inimigos uma nova oportunidade de realizar combos cada vez mais impressionantes e devastadores. Com o passar do tempo, e com a aquisição de mais armas e habilidades, o jogo começa a se tornar deliciosamente viciante. Um prato cheio para quem curte jogos de ação.

Ao derrotar os inimigos, Age recupera fragmentos de cristais que são usados para fazer incrementos nas espadas, como aumento de dano, novas combinações de golpes e até melhoria de status, como aumento de dano normal, dano crítico e velocidade de ataque. Para completar as habilidades básicas de Age, o jovem também dispõe de uma espécie de laço laser, que pode ser usado para se aproximar rapidamente dos inimigos ou alcançar áreas que não conseguiria naturalmente.


Os incrementos também se estendem para as habilidades de Helvis, que permitem o acionamento de um Modo Crítico, que aumenta a taxa de dano crítico de Age, sua recuperação de vida, a obtenção de itens no cenário e uma habilidade especial que pode ser descrita como adiantar o tempo. Cristais são a base da coleta de itens, melhorias e armas de Age e, ao coletar um deles, ele precisa de um tempo para recarregar. Usando a habilidade temporal de Helvis, o tempo passa e o cristal é reenergizado, permitindo que possa ser coletado novamente. É bem útil quando você precisa de determinado item em quantidade naquele momento.

É bom, mas poderia ter ficado melhor

Mesmo sendo um título independente, Ultra Age tem muita cara de fazer parte do panteão dos AAA, dada a qualidade da jogabilidade. A ação é o principal destaque, principalmente nos momentos em que enfrentamos vários inimigos na tela e realizamos diferentes combinações de golpes durante as lutas. Quem viveu os tempos áureos dos jogos da Platinum Games, como Bayonetta, Metal Gear Rising e NieR:Automata, vai se sentir em casa aqui.


As batalhas contra os chefes são memoráveis, em sua maioria contra gigantescas figuras que rendem lutas bastante desafiadoras. Em alguns casos cheguei até a sentir que alguns ativaram o clássico “modo apelão” quando estavam com sua vida baixa para não perder, me fazendo recomeçar várias vezes o embate. São a cereja do bolo nessa característica do jogo.

Porém, parece que a maior dedicação da equipe de desenvolvimento foi realmente centrada na jogabilidade, pois outros deixaram muito a desejar. Não que isso tenha deixado o jogo ruim, mas passa aquela sensação de que ele deixou de mostrar todo seu potencial. Os cenários, principalmente nas áreas de floresta e no deserto, são bem bonitos, mas são bastante vazios e sem personalidade quando não estamos dilacerando inimigos. Remetem à época dos primeiros jogos em 3D, com cenários vazios e sem vida.


Nas áreas industriais e nas bases é bem estranho ver cenários com um visual bem genérico e com pouco acabamento. Apesar do planeta estar abandonado, seria legal ver um pouco mais de detalhes que ajudassem a contar alguma coisa sobre o que aconteceu durante os anos que se passaram naquele mundo. Sem isso os cenários são apenas planos de fundo genéricos ilustrando um local.

Outro ponto que deixou muito a desejar foi o próprio Age. Se lutando ele é o cara mais maneiro do jogo, quando abre a boca é totalmente o oposto. O trabalho de design e dublagem do herói, que ao meu ver deveria ser um dos de maior destaque, é muito ruim. Imagine você ver aquela pose estilosa do cara na capa dessa análise e na hora do jogo se deparar com isto:


Há uma opção para colocar as vozes em japonês, e isso ajuda um pouco. Foi uma pisada na bola forte da equipe ter dado mole justamente com o único personagem que vemos o tempo todo durante o jogo. Outros personagens também possuem uma caracterização dúbia, mas, como já se viu que a prioridade maior foi a jogabilidade, poderiam ter dado um pouco mais de atenção, pelo menos, ao herói principal. Até alguns inimigos possuem um design mais interessante que o do rapaz.

A história do jogo, apesar de ficar claro o tempo todo o que levou Age e Helvis ao planeta e seu objetivo, possui um roteiro bem bagunçado. Em nenhum momento é explicado o motivo de Age só ter sete dias restantes de vida. Isso só acontece no final — e é um motivo bem clichê — como forma de amarrar uma ponta solta e esquecida da história. A trama só serve para o básico mesmo: desculpa para guiar o jogo.

Chegando ao fim, fica evidente o gosto de quero mais que fica na boca. É como visualizar um suculento hambúrguer com batatas e refrigerante, mas na hora de comer é só um pão com manteiga e um café com leite. Igualmente gostoso, mas menos suculento. Além disso, mesmo sendo bem fácil de completar, ou seja, obter todos os troféus ou conquistas, o fator replay é praticamente zero. Não há novos modos ou seleção de dificuldade que estimulem mais tempo de jogatina após a conclusão ou cumprimento dos objetivos para completá-lo.

Uma delicinha de jogar

Ultra Age é um excelente título para quem está buscando ação nos moldes de clássicos do gênero hack ’n’ slash, mas que não quer ficar preso aos jogos já conhecidos desse gênero. Seu maior destaque é uma jogabilidade fluida, rápida e viciante cheia de estilo e efeitos que enchem os olhos. A trama e os visuais não são seu forte, mas isso é um detalhe que você pode “passar um pano” para realmente curtir o game.

Prós

  • Combate rápido, ágil e viciante;
  • Mecânica de troca de armas estimula o improviso e a habilidade do jogador;
  • Árvore de habilidades fácil de ser totalmente incrementada.

Contras

  • Desleixo na caracterização do protagonista;
  • Cenários bonitos, mas vazios e bem genéricos;
  • História rasa, com momentos clichês e de pouca relevância para o enredo como um todo;
  • Fator replay muito baixo.
Ultra Age — PS4/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PlayStation 4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Dangen Entertainment

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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