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Análise: Madden NFL 22 (Multi) traz algumas novidades, mas peca pela mesmice em diversos pontos

Os quarterbacks Tom Brady e Patrick Mahomes dividem a capa deste ano, lugar normalmente marcado apenas pelo MVP da última temporada.

Protestos em redes sociais com a hashtag #FixFranchise na época do lançamento de Madden 21 levaram a EA a repensar suas escolhas no simulador de futebol americano mais famoso do mundo. Os fãs foram ouvidos, ainda que parcialmente, e novidades chegaram à franquia em sua estreia na nova geração, com mudanças no modo Franchise e novos recursos de jogabilidade.

Porém, tais novidades não são suficientes para atrair jogadores novos ou antigos ao game, com exceção dos fãs de carteirinha que compram o jogo, religiosamente, todo ano. Confira os detalhes a seguir.

Mais do mesmo, de novo

Vamos começar pelo que deveria ser o carro-chefe desta versão: Franchise Mode. O modo, que seria um modo carreira, nos permite jogar uma temporada inteira como quarterback, wide receiver, running back e agora também como linebacker. Além de jogadores, podemos assumir o lugar da comissão técnica ao controlar o head coach do time favorito e gerenciar a saúde dos atletas, Estratégias Semanais e os coordenadores ofensivo e defensivo.

Com o novo sistema de gestão de franquias, ao jogar como head coach é possível gerenciar contratos de jogadores, além de demitir e contratar os coordenadores de ataques e defesa, que, assim como o técnico, possuem árvores de habilidades para tornar o time mais preparado para a temporada. As habilidades são adquiridas com Staff Points, que são conquistados ao cumprir certos objetivos durante partidas.


As Estratégias Semanais auxiliam a nos preparar para a partida seguinte, exibindo informações sobre os jogadores destaques do time adversário e suas jogadas mais comuns, e a condição de saúde de seu elenco de atletas. Como head coach, podemos conceder entrevistas à imprensa, e novos objetivos e aprimoramentos são definidos de acordo com as respostas. Essas adições são muito bem-vindas para um modo que praticamente não teve novidades em sua última edição, mas são mais convidativas aos fãs mais entusiastas do esporte, que estudam os times, seus playbooks e acompanham cada contratação e decisão.


Já outros modos de jogo não tiveram a mesma atenção. O Ultimate Team, modo onde montamos o time dos sonhos conforme realizamos desafios, ficou praticamente intacto. O The Yard, modalidade de futebol americano “de rua” com até seis jogadores de cada lado, também faz seu retorno, mas sem novidades. No final, o pedido dos fãs foi atendido, só que sem muita profundidade.

O Face of the Franchise traz uma nova campanha em que vivenciamos a temporada de Draft de um jogador, mostrando seus feitos na universidade por meio de flashbacks até seu caminho ao Super Bowl. Objetivos e desempenho em partidas, combinados com as respostas em coletivas e entrevistas com olheiros e recrutadores, definem seu caminho até o estrelato. O que foi interessante há alguns anos tornou-se raso, não agrega tanto à experiência de Madden e acaba sendo dispensável.

Experiência de estádio

No geral, a jogabilidade de Madden NFL continua a mesma. Entre as poucas novidades, porém uma das melhores, temos o Gameday Momentum. O recurso funciona como um cabo de guerra entre os times. Conforme a equipe acerta passes, realiza sacks e força turnovers, por exemplo, um medidor adiciona condições, os chamados M-Factors, que auxiliam seu time e atrapalham o adversário na execução de jogadas, tornando a partida uma experiência ainda mais realista e próxima ao que os jogadores vivenciam no estádio.

Os M-Factors variam de acordo com o local (time da casa ou visitante), condições meteorológicas, torcida, entre outros elementos. Os times também possuem vantagens exclusivas quando jogam em casa e alcançam o limite do medidor, como os Buccaneers, em que seus jogadores têm a stamina recuperada quando na Red Zone, e os Giants, na qual o time adversário fica cansado mais rápido. A novidade, que é exclusiva da nova geração de consoles, traz mais realismo às partidas, tornando-as ainda mais competitivas.


Outra adição é o sistema de fadiga dos jogadores, que mostra o quanto determinados jogadores estão cansados, podendo prejudicar as jogadas. Sinceramente, não senti a menor diferença nas partidas com esse novo recurso. Os X-Factors, habilidades especiais das maiores estrelas do futebol americano, retornam, mas sem mudanças relevantes. Essas habilidades são ativadas ao executar certos objetivos durante a partida, melhorando os status de jogadores como realizar passes mais precisos ou atuar melhor sob pressão no pocket.

A parte visual teve um grande avanço em Madden NFL 22, principalmente na nova geração. A engine Frostbite, de Battlefield, foi utilizada no game para trazer mais realismo aos jogadores da liga, que definitivamente estão mais fiéis às suas versões reais. No tempo que experimentei o jogo, menos bugs gráficos aconteceram em comparação com seu antecessor, como quando os jogadores se atravessavam como fantasmas em tackles.


Algo que ainda me incomoda nesses três anos que tenho jogado a franquia é de não ser tão convidativa a iniciantes ou àqueles que querem uma experiência mais casual. Apesar de alguns dizerem o contrário, o Face of the Franchise não serve tanto como tutorial, principalmente para quem não tem a menor experiência com o jogo. Os tutoriais de verdade ficam no modo Exibição, mas não há nenhuma mensagem ou apresentação do modo para os iniciantes explorarem.

Já uma reclamação antiga que vale citar: não há textos em português ou narração brasileira, que poderia contar com grandes nomes da ESPN e FOX Sports para fazer uma participação. Seria cobrar muito, já que nem servidores brasileiros temos, o que pode causar algum lagging em partidas online.

Vale a pena?

A EA ouviu os protestos dos jogadores e adicionou alguns recursos ao Franchise, mesmo que muitos destes sejam voltados aos fãs mais entusiastas do esporte da bola oval. O jogo trouxe ainda mais realismo com a possibilidade de gerenciar a comissão técnica, ótimo para quem acompanha cada detalhe de sua franquia favorita, e o GameDay Momentum, adições muito bem-vindas após o "copiar e colar" do ano passado.

Porém, o jogo continua a pecar pela mesmice dos demais modos de jogo, que tiveram mínima ou nenhuma mudança, e não abre as portas, ao menos de forma mais convidativa, aos jogadores iniciantes ou mais casuais.

Prós

  • Novos recursos no Franchise, que ficou estagnado nas últimas edições;
  • Ótima adição do Gameday Momentum, trazendo maior realidade às partidas;
  • Melhorias gráficas, principalmente na recriação dos atletas.

Contras

  • Demais modos de jogo continuaram iguais;
  • Sem textos ou narrações em português, deixando de aproveitar o grande mercado brasileiro;
  • Continua pouco convidativo aos iniciantes, sem nem sequer mostrar o modo de treino e colocando os jogadores em partidas sem tutoriais.

Madden NFL 22 - PS4/PS5/XBO/XBX/PC - Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS5


Revisão: Matheus Araujo
Análise produzida com cópia digital cedida pela Electronic Arts.


Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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