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Análise: Twelve Minutes (Multi) nos prende em um imersivo loop temporal

Uma experiência única, memorável e muito frustrante.



Twelve Minutes é um jogo point and click com uma premissa instigante: você está em uma noite romântica com sua esposa, até que um policial invade seu apartamento, acusa sua mulher de homicídio e te mata. E então tudo começa novamente, pois por algum motivo misterioso, você está preso em um loop temporal de doze minutos. Agora sua missão é dar um jeito de acabar com essa maldição e impedir o policial sem deixar que o loop reinicie.

O loop é real! 

A experiência de loop temporal que Twelve Minutes oferece é realmente única e muito imersiva. O jogo inteiro é um grande quebra-cabeça, onde todas as peças necessárias para resolvê-lo estão dentro do seu pequeno apartamento. Mas, diferente do que possa parecer, resolver a problemática de Twelve Minutes não é uma tarefa fácil. Esteja preparado para falhar, seguir pistas que não dão em nada e acabar completamente frustrado.
Não demora para que o jogo te deixe completamente imerso. Você realmente se sente na pele do protagonista, comemorando suas pequenas vitórias e se chateando com as numerosas derrotas. Mas por se tratar de um jogo sobre loop temporal, perder demais certamente irá tornar sua experiência repetitiva. Se você ficar empacado por muito tempo em alguma parte do game, provavelmente irá acabar cansando dele.

Mas, de forma geral, essa repetição é positiva para o jogo. Através dela imergimos ainda mais na história, afinal, passamos a sentir na pele o cansaço do protagonista. Quer acabar com toda essa frustração? Então pense numa forma de progredir! Tudo está em suas mãos. Tenha em mente que mesmo no fracasso você pode conseguir alguma informação valiosa que pode mudar tudo no próximo loop. A dificuldade do jogo é baseada em tentativa e erro, então lembre-se: é errando que se aprende.

Você é livre, mas não totalmente

De forma geral, Twelve Minutes é um jogo que nos dá bastante liberdade para tentar solucionar os problemas que vão aparecendo durante seu desenrolar. O problema é que, às vezes, o jogo parece não saber lidar com essa liberdade, soando scriptado demais. Tudo realmente está em suas mãos, porém, em certos momentos, você precisa fazer coisas exageradamente específicas para progredir, e descobri-las pode ser uma tarefa muito cansativa. 




Morrer e se frustrar com o seu fracasso é completamente natural, faz parte da experiência. O problema é quando esse fracasso soa como culpa do próprio game, que determinou uma rota linear demais para sua progressão em determinados momentos. Há ocasiões onde mesmo que sua estratégia faça sentido com a história, o jogo ainda não lhe deixa progredir, exigindo que você vá por um caminho ainda mais específico, quebrando totalmente a imersão e frustrando o jogador da pior forma possível. Fica parecendo mais uma questão de sorte do que de qualquer outra coisa.

Em um jogo já naturalmente repetitivo, um problema assim pode deixá-lo insuportável caso a pessoa demore muito para encontrar o caminho certo para avançar. Felizmente, Twelve Minutes não é assim o tempo todo. Na verdade, ele tem vários momentos em que sua criatividade é devidamente recompensada, e as estratégias que fazem sentido com a narrativa podem ser utilizadas para avançar na trama. Mas parece que faltou tempo de desenvolvimento para que isso fosse aplicado em todo o jogo.



Quase um filme interativo

Twelve Minutes oferece uma experiência realmente cinematográfica. Seu enredo é fantástico e tem algumas reviravoltas inacreditáveis, dignas de um ótimo filme de Hollywood. O jogo soa como um grande longa de suspense, só que jogável. Pode soar estranho, mas parte do mérito disso é da perspectiva de câmera aérea que o jogo mantém e de sua jogabilidade point and click, onde você basicamente anda pelo cenário, interage com objetos e conversa com outros personagens.

O seu personagem é só um indivíduo comum, ele não tem nenhuma habilidade fantástica de combate ou um porte físico incrível. Por isso o estilo point and click cai tão bem. Você precisa explorar seu apartamento, pois só desta forma um cara como você pode sair dessa situação. Conforme explora, o jogador descobre possíveis formas de encarar o assassino e desbloqueia novas opções de diálogo com outros personagens. Tais coisas são essenciais para que você consiga chegar em algum dos finais do jogo.

Já a perspectiva de câmera vista de cima cai bem não só por funcionar perfeitamente em um point and click, como também por casar muito bem com a ambientação do game, ajudando a formar uma atmosfera única. Além disso, essa soma entre o estilo simples da jogabilidade point and click e câmera aérea deve ser muito agradável para os não familiarizados com videogame. E isso é sim importante, afinal, estamos falando de um jogo focado em sua narrativa - que, aliás, é muito interessante e deve chamar a atenção até mesmo daqueles que não estão acostumados com videogames.

Também não dá para deixar de citar os astros de cinema envolvidos em Twelve Minutes. O seu personagem é dublado pelo ator James McAvoy, o professor Xavier dos filmes recentes de X-Men. Daisy Ridley, intérprete da protagonista da nova trilogia de Star Wars, dubla sua esposa, e o lendário Willem Dafoe interpreta o ameaçador policial. É realmente um elenco de peso, que deixa o jogo ainda mais interessante.






Imersivo e memorável

Twelve Minutes não é um jogo longo. Você pode facilmente (bem facilmente mesmo) finalizá-lo em cerca de 6 horas, porém a experiência de tê-lo jogado deve continuar com você por muito tempo. Esse é um daqueles jogos que ficam na sua cabeça por um bom tempo, mesmo que você já o tenha zerado ou até mesmo miletado.

A experiência que Twelve Minutes oferece é marcante demais, pois você realmente se envolve com aquele mundo enquanto está jogando. A história é fantástica do início ao fim e, a partir do momento em que ela fisga sua atenção (o que pelo menos comigo aconteceu bem rápido), você não consegue pensar em outra coisa senão continuar avançando nela.





Todo o jogo parece ter sido construído para te prender dentro dele. A ambientação, dublagem, trilha e efeitos sonoros são simplesmente impecáveis, o que torna a experiência ainda mais imersiva. Conforme o tempo passa, você irá fracassar muitas vezes em suas tentativas de resolver a problemática do jogo, o que também acaba lhe envolvendo mais com ele. Twelve Minutes é imersivo ao extremo!

Como já dito anteriormente, às vezes, o jogo não nos dá a devida liberdade para lidarmos com certos problemas, o que nos frustra de uma forma negativa, quebrando nossa imersão. Mas Twelve Minutes consegue contornar esse problema com suas várias qualidades e, eventualmente, acaba nos colocando imersos naquele mundo novamente. Basta ser paciente, pois vale a pena finalizar o jogo. Independente de qual final você fizer, a conclusão da história é boa, surpreendente e adequada para um enredo que trata de loop temporal.













Twelve Minutes claramente não foi feito para o grande público. A experiência que ele oferece é bem única, instigante e extremamente imersiva, porém pouco divertida. Para os interessados em imergir completamente numa história de loop temporal única, Twelve Minutes certamente será um prato cheio. Porém o game dificilmente agradará aqueles que simplesmente procuram um bom jogo para passar o tempo.

Prós

  • Jogabilidade simples; 
  • Câmera aérea;
  • Enredo instigante que nos prende do início ao fim;
  • Ambientação, trilha, efeitos sonoros e dublagem impecáveis;
  • Experiência marcante e imersiva fortalecida por uma dificuldade;
  • Uma boa porta de entrada para os não familiarizados com jogos eletrônicos.

Contras

  • Nem sempre o jogo dá a devida liberdade ao jogador, o que o deixa excessivamente frustrante em alguns momentos;
  • Pode rapidamente se tornar cansativo demais para algumas pessoas.
Twelve Minutes - PC/XBO/XSX - Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Xbox One S

Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia digital disponível no Xbox Game Pass


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