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Análise: League of Legends: Wild Rift (Mobile) é sólido, polido e visa atrair novos jogadores

O MOBA da Riot Games ainda está em fase de testes no Brasil, por isso pode apresentar mudanças até o lançamento da versão final.

Nos últimos anos, as principais empresas de games começaram a investir pesado em conteúdo interativo para smartphones. Isso não é nenhuma grande surpresa, uma vez que mais de 5 bilhões de pessoas em todo o planeta possuem pelo menos um desses aparelhos.

A verdade é que os dispositivos móveis democratizaram o acesso a jogos e as corporações viram nisso uma forma de obter ainda mais lucro. Títulos free-to-play das lojas do Google e da Apple, por exemplo, geram uma receita absurda por meio de propagandas, o que garante que a empresa recupere o dinheiro investido e o consumidor possa jogar gratuitamente.

Levando isso em consideração, a Riot Games decidiu desenvolver uma versão mobile de seu popular MOBA, originário de PC, a fim de conquistar novos milhões de jogadores ao redor do globo. League of Legends: Wild Rift ainda está em fase de testes no Brasil, por isso pode apresentar mudanças até o lançamento da versão final. No entanto, o título já esbanja potencial em seus primeiros meses de vida.

Ele é surpreendentemente semelhante à versão de PC, apresentando o mesmo mapa, monstros, personagens, jogabilidade e sistema de microtransações, mas todos esses elementos foram adaptados e redesenhados para funcionar em dispositivos com telas milimetricamente menores e sensíveis ao toque.

League of Legends: versão pocket

Em League of Legends: Wild Rift, duas equipes de cinco jogadores se enfrentam em uma batalha frenética, a fim de destruir/defender uma estrutura conhecida como Nexus, localizada em cada uma das extremidades do mapa. Apesar de parecer simples, o MOBA da Riot Games exige trabalho em equipe, planejamento e comunicação, pois para chegar na estrutura principal, os participantes terão que passar por torres defensivas, utilizar poderes especiais no momento certo e batalhar com campeões inimigos, além, é claro, de defender a sua própria base.

Ao derrotar os inimigos, os jogadores ganham pontos de experiência e dinheiro para comprar atualizações importantes que fortalecem seus poderes. Quanto mais fortes ficam, mais rápido irão eliminar os adversários e as suas defesas, chegando com mais facilidade ao Nexus. Até a data de publicação deste texto, havia sessenta e seis campeões disponíveis, cada um com poderes específicos e rebalanceados, mas a Riot prometeu adicionar muitos outros ao longo dos próximos meses.

O mapa é espelhado e dividido em três rotas e uma floresta, onde campeões específicos devem percorrer. Solo é uma rota para lutadores robustos e independentes; Selva é onde campeões assassinos agem na furtividade e eliminam inimigos de surpresa; Rota do Meio é o local ideal para magos poderosos; por fim, a Rota Dupla é excelente para atiradores e campeões de suporte.

Wild Rift tem um mapa menor, os itens são mais baratos e os tempos de recarga de habilidades são menores. Além disso, as batalhas têm duração média de 20 minutos no celular contra 45 minutos no PC, mas nada impede que uma partida ultrapasse meia hora de jogo.

Os monstros do cenário são os mesmos da versão original e podem ser eliminados para adquirir buffs poderosos e recursos para as partidas. Existem quatro principais: os dragões elementais, o dragão ancião, o Arauto do Vale e o Barão Na’shor.

Os dragões elementais e o ancião oferecem um buff específico ao time até o final do confronto; o Arauto do Vale nasce somente uma vez durante a partida e ao derrotá-lo, o time ganhará um item chamado Olho de Arauto, que serve para invocar o monstro para atacar as torres de uma determinada rota, enquanto tiver HP; o Barão de Na’shor nasce com dez minutos de jogo e, quando derrotado, dá a todos os aliados vivos o buff  Mão do Barão, que torna os minions da sua respectiva rota mais fortes. Além disso, os jogadores também recebem outro buff que tornará mais rápida sua volta à base.

Quando você entrar pela primeira vez no jogo, uma série de tutoriais serão apresentados, mas eles não são obrigatórios. Para os veteranos isso é um alívio, mas para aqueles que nunca jogaram é algo necessário, já que esses tutoriais introduzem todas as funções básicas de jogo, como o funcionamento das tropas, habilidades e demais características. O processo de aprendizagem é rápido e ainda oferece algumas recompensas interessantes, como campeões e skins.

Uma das maiores críticas que eu tenho em relação a League of Legends no PC é a ausência de um tutorial mais robusto para atrair jogadores que nunca tiveram contato com o título. Embora consiga abraçar essas pessoas, Wild Rift ainda peca em não fornecer uma explicação mais abrangente de alguns pontos, como a função de cada rota e qual campeão é melhor em diferentes posições.

As habilidades dos personagens também não apresentam descrições; desta forma, o jogador não pode ler o que faz cada uma delas antes de jogar. Essas informações complementares poderão ser implementadas pela Riot Games em futuras atualizações, mas por enquanto resta ao jogador estudar por fora para aprender mais.

Apesar disso, o jogo oferece muitas alternativas para o jogador iniciante treinar e aprender, no devido tempo, como tudo funciona. Existem dois principais modos de jogo, incluindo PvP e cooperativo vs. Inteligência Artificial, mas também há a possibilidade de jogar modos de treinamento e personalizado, que incluem escolha às cegas e escolha alternada. Além disso, o modo Ranqueado é liberado quando o jogador chegar ao nível 10.

Controles e interface de usuário excelentes

No PC, os jogadores usam a combinação de teclado e mouse para tornar a experiência de League of Legends verdadeiramente amigável. Também é possível utilizar apenas o mouse para assumir todas as funções de jogo, mesmo que isso seja um pouco menos prático que a união de periféricos.

Em contrapartida, quando se está jogando em um dispositivo com touchscreen, os hardwares de entrada dão espaço para combinações de toque, que muitas vezes podem ser menos precisas. Entretanto, a Riot Games sabia disso quando resolveu desenvolver uma versão mobile e conseguiu aprimorar esses controles da melhor forma possível, criando uma jogabilidade fluida e responsiva, que quase nunca falha.

Outro aspecto que o estúdio analisou com atenção foi a organização da interface de usuário. Com tantos comandos a se fazer em um espaço de 5 ou 6 polegadas, era previsível que poderia haver poluição visual, mas é impressionante que mesmo em uma tela cheia de botões, eles nunca atrapalhem o jogador, oferecendo uma visão isométrica refinada e de qualidade.

No canto inferior esquerdo da tela, está localizado o direcional analógico, que serve para controlar o campeão pelo mapa, enquanto no canto direito estão os botões básicos para ataque, bem como poderes especiais que podem ser ativados rapidamente, focando no inimigo mais próximo ou apertando e segurando para mirar em algum inimigo específico. A loja pode ser acessada com navegação entre guias, mas também apresenta um atalho logo acima do analógico, para que o jogador possa fazer compras rápidas. O mapa no canto superior esquerdo também opera adequadamente em formato mínimo.

Por outro lado, o chat para conversa não funciona como deveria, porque o gameplay requer que o jogador realize muitos toques sucessivamente na tela pequena, o que acaba não deixando muito tempo para ficar escrevendo. Isso não é nenhum problema, já que existem pings para utilizar e sinalizar o que deve ser feito e como avançar com a equipe.
 
Além disso, acredito que por conta desse problema, uma das questões mais recorrentes da versão de PC pode ser controlada: o assédio online. É comum que alguns jogadores cometam erros exorbitantes durante as partidas, mas isso não dá o direito deles serem ameaçados e agredidos psicologicamente. Wild Rift é um jogo mais amigável para iniciantes, porque se você errar dificilmente alguém fala algo. Provavelmente, você não receberá likes de bom jogador no final da partida, mas ainda assim é melhor do que ser assediado.

Summoners Rift acessível para todos

Wild Rift roda em praticamente todos os smartphones mais recentes do mercado, o que o torna incrivelmente acessível. No Android, as configurações mínimas são versão 5.0 ou superior instalada, 2GB de RAM e um processador de 32 ou 64 bits, enquanto no iPhone o título roda em dispositivos com iOS 10 ou acima. Para os meus testes, utilizei um ASUS Zenfone 3 com Android 8.0 e um LG K22+ com Android 10.

Ambos os dispositivos tiveram um desempenho satisfatório, rodando a cerca de 60 fps sem qualquer tipo de interrupção durante a partida. No entanto, percebi que nos momentos de carregamento, quando uma cutscene animada era reproduzida no menu inicial, tudo ficava mais lento e houve travamentos indesejados. Esse problema pode ser resolvido adotando configurações gráficas mais baixas.

No geral, Wild Rift não tem problemas de reprodução, bugs ou erros grotescos, rodando em praticamente qualquer dispositivo. O maior entrave ao meu ver é o tamanho do jogo, que pode limitar a experiência em smartphones com menos memória, pois ocupa cerca de 4GB.

Em relação à monetização, a Riot Games implementou o mesmo sistema da versão de PC, em que o jogador nunca é obrigado a gastar dinheiro para jogar. Todas as aquisições por meio de pagamentos reais são referentes a aspectos estéticos, que absolutamente não interferem em nada nas habilidades e estatísticas dos campeões durante as partidas.


Pacotes especiais premium que oferecem skins, emotes ou emblemas podem ser adquiridos por meio de Wild Cores, enquanto os campeões são liberados gradativamente e de forma gratuita de acordo com seu nível e por meio de Ciscos Azuis, que são obtidos durante as partidas.

O novo MOBA mobile que veio para ficar

Embora o tutorial ainda não seja completamente adequado, League of Legends: Wild Rift é sólido, polido, fiel à sua versão original e genuinamente acessível para uma boa parcela dos jogadores, de veteranos à iniciantes.

O novo grande trunfo da Riot Games para o segmento mobile veio para ficar e possui controles de toque criados com extrema perfeição, além de uma interface de usuário amigável, organizada e que nunca atrapalha as partidas. Outro destaque fica por conta do seu sistema de microtransações saudável, que abre portas para muitas pessoas que não têm condições de pagar para jogar.

Prós

  • Interface de usuário amigável e organizada;
  • Controles responsivos e fluidos;
  • Sistema de microtransações saudável e opcional que não obriga o jogador a gastar nenhum centavo;
  • Grande variedade de heróis balanceados;
  • Visual refinado e atraente.

Contras

  • O tutorial poderia explicar melhor como cada rota funciona e quais campeões são perfeitos para as respectivas posições.
League of Legends: Wild Rift - Android/iOS - Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Android
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com versão gratuita do jogo, disponível na Play Store
Jogo testado em um ASUS Zenfone 3 e em um LG K22+

é entusiasta e apreciador de jogos com conceito artístico minimalista e narrativas de significado profundo. Acredita na potencialidade de cada experiência interativa e tenta extrair delas sentimentos humanos e existenciais. No GameBlast também escreve notícias, análises e especiais; no tempo livre produz roteiros autorais de séries e filmes. Criatividade, imaginação e curiosidade são algumas de suas características marcantes.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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