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Análise: It Takes Two (Multi) é uma divertida e cativante aventura cooperativa sobre amor e relação familiar

A nova produção da Hazelight Studio tem grandes chances de concorrer ao GOTY.


Dos mesmo criadores de A Way Out, é lançada uma nova aventura 100% cooperativa em que dois pais, transformados em brinquedos, devem trabalhar juntos para reatar seu casamento e voltar ao normal. Assim como o projeto anterior do estúdio, It Takes Two pode ser jogado online com outra pessoa sendo que apenas um dos lados precisa ter uma cópia do jogo.

Confira nesta análise por que It Takes Two é uma das grandes surpresas desta primeira metade de 2021 e merece estar entre os destaques do ano!

Uma bela aventura em meio a uma crise familiar

Em It Takes Two, acompanhamos a história de Cody e May, um casal que passa por uma grande crise no casamento, por ele ser desatento e ela passar a maior parte do tempo no trabalho, e decide se separar. A filha, Rose, fica muito abalada com toda a situação e apenas quer que seus pais voltem a se dar bem.

Por conta do choro e do desejo de Rose de que os pais se reconciliem, o casal acaba se transformando em dois dos pequenos bonecos da criança. Por vezes aconselhados pelo Dr. Hakim, um livro mexicano sobre amor, Cody e May devem deixar seus problemas amorosos de lado e sair em uma aventura por sua vasta residência para desfazer a magia e potencialmente salvar seu casamento.


O enredo e sua narrativa foram construídos de forma leve (com exceção de uma parte um tanto quanto traumatizante envolvendo um elefante) e bastante criativa. Os dois protagonistas mantêm diálogos durante quase todo o jogo, por vezes engraçados, com tiradas e cutucões remetendo aos defeitos um do outro, e por vezes reflexivos, quando alguma tarefa ou a superação de certo obstáculo lhes remete aos seus problemas como casal.

Ao decorrer da campanha, conhecemos mais sobre o perfil de Cody e May. Cody é mais sensível, presente e voltado para o lado emocional; já May, uma cientista, é sempre guiada pela razão e busca explicações lógicas para tudo. É muito interessante ver as duas personalidades, tão diferentes, discutindo sobre os antigos e novos problemas, muitas vezes virando analogias ao seu casamento. Enquanto o contexto inicial é bem claro e definido, a progressão da história foca mais no relacionamento do casal e sua relação com Rose.


Todos os personagens, entre eles objetos comuns ganhando vida e animais falantes, possuem ótimas e hilárias personalidades, graças ao excelente trabalho feito pelos dubladores. Infelizmente, o jogo não possui vozes em português, apenas textos e legendas. It Takes Two convida pessoas de todas as idades e qualquer nível de relacionamento, como casais, amigos, pais e filhos a refletir sobre suas vidas e ações por meio dos desafios e diálogos.

Isso é trabalho em equipe!

Uma palavra resume muito bem a jogabilidade de It Takes Two: imprevisível! Ambos os personagens possuem os mesmos controles básicos: pulos duplos, corrida, investida e interações com objetos e cenários. Porém, em cada episódio, Cody de argila e May de madeira aprendem novas habilidades que são utilizadas apenas para aquele episódio.


Enquanto estão na oficina, por exemplo, Cody controla pregos e May possui uma cabeça de martelo. Com isso, Cody pode criar caminhos com os pregos para que May se pendure com o martelo e, assim, liberar passagens para que o marido possa alcançá-la e prosseguir em sua missão.

Essa troca de habilidades durante os episódios acontece de forma bastante criativa e sempre está associada ao tema do ambiente. Há breves momentos de RPG, pilotagem, tiro e luta, todos implementados de forma consistente e divertida para manter a jogatina sempre inovadora e cativante. O foco na cooperatividade é evidente, sendo que uma habilidade sempre depende da outra para ser útil.


O level design também surpreende ao apresentar novos e diferentes desafios a cada capítulo, de uma forma que a campanha nunca se repita ou fique entediante. O jogo conta com um nível de dificuldade baixo, tornando-se acessível para qualquer idade e tipo de jogadores, até mesmo aqueles que não têm muita experiência com videogames. Isso ajuda a dar mais foco à cooperatividade e para o par ter um momento mais voltado para divertimento e passatempo, e menos para ação frenética e desafios complexos.

Mesmo não se tratando de uma aventura difícil, a dupla precisa ter uma boa sinergia para conseguir completar os desafios e enfrentar os variados chefões. A campanha gira em torno de dez horas de duração, tempo ideal para um jogo cooperativo ser aproveitado por um bom tempo.


Os capítulos não possuem uma duração uniforme, com alguns deles sendo bem maiores que outros. O fato de ser necessária apenas uma cópia do jogo (quem não adquirir baixa o Passe de Amigo na loja da plataforma) para que dois jogadores possam jogar online torna-o mais acessível, já que ambos podem dividir o valor da compra.

Os cenários de jogo possuem diversas interações que desbloqueiam troféus e minigames simples, que servem para criar um pouco de competitividade saudável entre os dois jogadores. Há até mesmo uma conquista com uma ótima referência a A Way Out, seu irmão mais velho. Todas as interações entre Cody e May acontecem apenas por meio de objetos ou suas habilidades. Algumas interações físicas, como May subir nos ombros do marido para alcançar certo ponto, seriam muito bem-vindas.


It Takes Two também não desaponta em seus quesitos técnicos. Os gráficos estão excelentes e não é difícil você não se sentir em algum filme da Pixar, como Toy Story e Vida de Inseto. Com exceção dos personagens humanos, que não ficaram muito naturais, os demais brinquedos e criaturas que encontramos pela história foram muito bem trabalhados, assim como os cenários ricos em detalhes. A trilha sonora também chama a atenção, mas sem contar com alguma música mais impactante.

Potencial para Jogo do Ano!

It Takes Two acaba por cumprir um papel muito importante nos dias atuais, principalmente pelo que o mundo está passando: restabelecer a aproximação, união e cooperatividade entre familiares e amigos, mesmo que de longe. O tema familiar é abordado de forma simples e com certeza traz reflexões durante a jogatina, seja sobre o relacionamento de casais, filhos e amigos. O jogo ainda se mostra bastante acessível com suas mecânicas básicas e baixa dificuldade, para que pessoas de qualquer idade e “nível gamer” possam apreciar com seus entes queridos.

Por todos estes motivos, e pela competição acirrada, It Takes Two tem grandes chances de entrar para a lista de melhores jogos do ano de 2021.

Prós

  • Enredo cativante contado de forma simples;
  • Personagens com personalidades hilárias, graças ao ótimo trabalho da equipe de dublagem;
  • Jogabilidade divertida que se mantém sempre inovadora;
  • Baixa dificuldade, dando foco à narrativa e relacionamento entre os protagonistas, além de ser acessível para todas as idades;
  • Ótimo level design que não torna o jogo repetitivo;
  • Minigames para criar uma competição saudável em certos momentos;
  • Gráficos e áudio que surpreendem.

Contras

  • Os capítulos possuem durações muito distintas, alguns sendo muito maiores que outros.

It Takes Two - PS4/PS5/XBO/XBX/PC - Nota: 10.0
Versão utilizada para análise: PS4

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Electronic Arts

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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