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Análise: DARQ: Complete Edition (Multi) – este jogo é um pesadelo, mas dos bons

Ajude Lloyd a decifrar curiosos quebra-cabeças para escapar de uma série de sonhos ruins nesta aventura surreal.


Você se lembra da última vez que acordou repentinamente por causa de um pesadelo? Aquela sensação horrível de só conseguir se dar conta de que tudo foi um sonho perturbador no pior momento é realmente angustiante. Imagine agora que, mesmo se dando conta que você está nesta situação desagradável, precisa resolver uma série de tarefas para encontrar a saída deste universo surreal e penoso.



Esta é a premissa de DARQ: Complete Edition, onde devemos ajudar um garoto a enfrentar seus medos, em diferentes situações oriundas de sua mente perturbada para enfim conseguir acordar novamente. Pelo menos neste jogo, pesadelos não chegam a ser algo tão ruim assim.

Noites de tormenta

Lloyd é um garoto com uma vida solitária e perturbadora. Sua “maldição” é a de viver uma série de pesadelos todas as noites. A pior parte é que ele tem consciência disso, e precisa se desvencilhar de várias adversidades na forma de criativos e engenhosos quebra-cabeças, durante suas surreais noites de sono para tentar acordar.
Boa noite? Acho que não!
A ambientação possui uma pegada que lembra as obras de Tim Burton. Quem acompanha o trabalho do cineasta notará pequenas nuances de inspiração vindas da mente dele, principalmente quanto à caracterização de Lloyd, nosso protagonista. A paleta de cores frias, escuras e sempre acinzentadas também nos transportam com facilidade para a mente perturbada do garoto.

O objetivo em DARQ é simples, mas não tão fácil quanto aparenta. O jogador, no controle de Lloyd, deve ajudar o garoto a decifrar quebra-cabeças em diferentes níveis para avançar. Destaco o nível de criatividade e engenhosidade de como essa atividade deve ser executada. Em sua maioria, o garoto encontra objetos diversos durante cada fase, que devem ser usados para decifrar as curiosas charadas espalhadas pelo pesadelo.
Lloyd deve escapar de seus conturbados e perturbadores pesadelos
Como Lloyd está consciente durante o pesadelo, ele consegue tirar proveito desta situação, podendo manipular o ambiente a seu favor, mudando sua perspectiva sobre o que está a sua volta. Ao sair do chão e começar a andar nas paredes e até mesmo no teto de diferentes ambientes, nossa percepção do escopo geral do jogo também se expande, mostrando que até um simples cômodo ou vagão de trem tem muito mais a esconder do que inicialmente aparenta.

Alguns inimigos estão presentes durante os pesadelos, mas não chegam a ser um empecilho grande ao garoto. Lloyd não pode atacar, e se for visto por um algoz, o jogador retorna para um checkpoint próximo. No máximo, eles irão atrasar um pouco sua vida durante uma fase, mas não chegam a ser algo que acrescente qualquer punição de verdade. A única forma de não ser pego por eles é se escondendo, ficando longe de seu campo de visão.
A única coisa que Lloyd pode fazer contra os inimigos é se esconder

Sendo engenhoso e criativo

Uma das coisas que mais me atraíram em DARQ foi a forma como os quebra-cabeças devem ser resolvidos. Vários jogos do gênero trazem desafios que demandam tempo e paciência para serem resolvidos. O famoso “vamos mexer as peças aqui até achar a solução”. Em DARQ a complexidade dos puzzles pega carona com a criatividade e engenhosidade na hora de solucionar cada um deles durante o jogo.

Lloyd deve buscar itens nos diferentes níveis do game que são usados em algum momento durante a fase para revelar um caminho, um novo item ou a extensão de um quebra-cabeça maior. A criatividade é vista justamente no uso destes itens, que são aparentemente simples, mas com usos nada convencionais. Um exemplo foi a bússola que acabou sendo usada como um gerador de eletricidade para iluminar uma sala.
Itens são necessários para resolver os enigmas, e o destaque aqui é a criatividade na hora de usá-los
Diversos itens encontrados no jogo são coletados e utilizados desta forma, tirando a obviedade de cada um e dando um pequeno ar de desafio para a jogatina. Os puzzles em si, porém, não chegam a ser complicados ao ponto de exigir que o jogador dispense uns bons minutos para resolvê-lo. Vários deles, inclusive, são facilmente decifrados gastando um breve momento de atenção antes de realizar o primeiro movimento ou uso de um item. Considerei praticamente todos bastante amigáveis para qualquer nível de jogador, inclusive os que não são muito habituados com esse gênero.

Sobre a duração de DARQ, temos mais um título com curta duração, podendo ser finalizado em poucas horas. O convite para jogar novamente fica por conta das conquistas/troféus que exigem um esforço extra para encontrar alguns segredos adicionais, além de resolver enigmas específicos com o menor número de movimentos ou tempo possíveis.

DARQ: Complete Edition marca o lançamento do jogo para consoles. Ele foi inicialmente lançado apenas para o PC, em 2019, e agora conta com dois DLCs que adicionam mais dois níveis: A Torre e A Cripta. Ambos trazem um desafio extra igualmente intrigante e desafiador como os níveis do jogo base. A Cripta, em específico, é um nível que traz o maior grau de dificuldade em todo o jogo, além de uma ambientação mais perturbadora do que todo o restante da experiência. Pode ser acessado a qualquer momento, mas recomendo que você o jogue por último, depois de já ter se familiarizado totalmente com o restante do jogo.

O surrealismo atiça nossa mente e as vezes impressiona

Por uma boa noite de sono

DARQ: Complete Edition é um daqueles títulos que vem na medida certa em praticamente todos os sentidos: um nível de desafio muito bom, duração satisfatória, jogabilidade simples e uma arte convidativa para atrair a atenção de qualquer um.

Fica apenas uma leve ressalva sobre a dificuldade para quem prefere um desafio mental mais elaborado, pois o game não conta com nenhuma tarefa que posso chamar de formidável ou um ajuste de dificuldade que estimule jogá-lo novamente, mesmo já conhecendo o roteiro.

Prós

  • Direção de arte apresenta um ambiente surreal e perturbador, como todo pesadelo costuma ser;
  • Jogabilidade simples;
  • Quebra-cabeças engenhosos com bastante criatividade nas resoluções.

Contras

  • Curta duração;
  • Nível de dificuldade geral baixo a moderado, sem opção de ajustes.
DARQ: Complete Edition – PC/PS4/PS5/XSX/XBO/Switch – Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise feita com cópia digital cedida pela Unfold Games

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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