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Análise: Red Ronin (PC) oferece uma jornada sangrenta em um criativo puzzle

Mova-se entre obstáculos com velocidade neste jogo indie brasileiro repleto de desafios interessantes.


Em Red Ronin, uma espadachim parte em uma violenta missão de vingança. O título utiliza um conceito de movimentação simples em puzzles criativos e de complexidade crescente, em situações com elementos por turnos e em tempo real. Produzido pelo Wired Dreams Studio, estúdio brasileiro de um único desenvolvedor, o jogo se destaca e diverte com sua variedade de desafios, mesmo com a presença de trechos de tentativa e erro e picos de dificuldade.

Sede de vingança

Red é uma ronin que decide se vingar de seus ex-parceiros de equipe após ter sido abandonada em uma missão complicada. A tarefa não será fácil, pois seus alvos estão protegidos por inúmeros capangas violentos. Para alcançar seu objetivo, a assassina conta com a ajuda de Isaac, um robô que provê apoio tático durante as incursões. Como é de praxe, há mais por trás da premissa inicial e a história vai sendo aprofundada aos poucos.


Os capítulos de Red Ronin são divididos em puzzles por turno no formato de pequenas salas. Nelas, o objetivo é derrotar todos os inimigos para liberar a saída. Para isso, a espadachim se movimenta de uma maneira curiosa: ela corre em linha reta e só para quando encontra um obstáculo, acertando qualquer oponente que estiver pelo caminho. Sendo assim, precisamos traçar rotas usando paredes e objetos como pontos de parada. É importante agir com cuidado, pois os inimigos também se movimentam uma vez por turno e atacam Red caso ela fique próximo deles após um movimento.

Alguns recursos trazem aspectos estratégicos aos estágios. Com a ajuda do robô Isaac, Red pode ativar o modo tático, que permite ver onde os inimigos estarão no próximo turno, facilitando identificar espaços perigosos. Ainda nesta modalidade, é possível colocar setas no chão para mudar a trajetória dos movimentos de Red. Por fim, a garota também é capaz de paralisar os oponentes por dois turnos, o que previne ser atacada ao parar próximo de um inimigo. Estas duas últimas técnicas necessitam de itens coletados durante as fases para serem ativadas, logo precisamos utilizá-las com sabedoria. 
 


Diversidade que vem da simplicidade

A mecânica principal de Red Ronin é simples de entender, afinal a personagem se move em linha reta até atingir um obstáculo, mas é bastante interessante como ela é explorada de forma criativa pela aventura. No começo é fácil derrotar todos os inimigos, porém rapidamente as salas ficam mais complexas, bastando alguns movimentos errados para ser cercado e morto. Sendo assim, somos forçados a pensar com cuidado como proceder a cada turno.

As habilidades de Red ajudam a trazer complexidade aos puzzles. Em boa parte das vezes, é imprescindível saber quando paralisar os oponentes para não ser atingido ou então utilizar as setas colocadas pelo robô para modificar o trajeto do turno. Com um pouco de técnica, inclusive, é possível executar vários inimigos com um único movimento e uma animação especial estilosa torna essa ação bem recompensadora. A violência é constante e mostra Red retalhando seus oponentes e deixando um rastro de sangue e matança por onde passa, mas os gráficos em pixel art amenizam um pouco o impacto visual.


Normalmente as fases têm mais de uma solução; experimentar diferentes estratégias é essencial para prosseguir e muitas vezes consegui superar um ponto difícil ao tentar passos completamente diferentes. A garota é derrotada com um único acerto, logo esteja preparado para morrer bastante enquanto tenta resolver os desafios — felizmente o reinício é rápido, o que mantém o ritmo ágil das partidas.

Fora os cenários mais elaborados, outros vários elementos aparecem pelo caminho, como armadilhas que impedem voltar a certos trechos das salas, inimigos que só podem ser derrotados de maneiras específicas e trechos em que controlamos personagens com diferentes habilidades. Há também elementos em tempo real, como um laser fatal que varre o estágio continuamente, o que demanda agir com reflexos rápidos e atenção redobrada. As batalhas contra os chefes, em especial, aplicam todos esses conceitos em embates frenéticos e complicados. Particularmente, fiquei impressionado com a variedade de situações presentes em Red Ronin.
 


Percalços na matança

Mesmo com tantos pontos positivos, minha experiência em Red Ronin foi atrapalhada por algumas questões. A maior delas é a presença constante de tentativa e erro. Muitos dos estágios são bem complexos, exigindo uma série de movimentos complicados para serem vencidos. Às vezes, só há uma solução, porém inúmeras possibilidades, demandando repetição.

O problema é que nem sempre é claro como devemos proceder, o que nos força a tentar inúmeras vezes meio que às cegas. É frustrante não entender com clareza os passos, e em muitos momentos fiquei com vontade de desistir, pois nada funcionava. No fim, com insistência, fui capaz de passar esses trechos, mas a sensação que eu tive foi de pura sorte e não de estratégia deliberada.


Outro ponto é a dificuldade inconsistente. Boa parte das salas eu conseguia completar com bastante facilidade para, do nada, ficar preso por inúmeros minutos em um nível bem mais difícil e, em seguida, encontrar alguma sala banal. Faltou um pouco de balanceamento para tornar a curva de dificuldade mais suave. Também senti falta de algum sistema de suporte opcional nas fases mais complexas. O robô dá uma pequena dica ao morrer demais para um chefe, entretanto não há nada além disso.

Por fim, temos a confusão visual. O jogo conta com pixel art simples e estilizado que é funcional, mas é comum acontecer de ser difícil identificar onde exatamente estão localizados inimigos e obstáculos, pois alguns elementos se sobrepõem aos outros. A indicação clara do movimento da protagonista ajuda a se situar nos cenários, porém, mesmo assim, foram frequentes os momentos em que acabei errando turnos por não conseguir entender com clareza a disposição do cenário.
 


Uma razoável jornada sangrenta

Red Ronin surpreende com seus puzzles criativos. A mecânica principal é simples de entender, porém habilidades especiais e boa variedade de perigos tornam os estágios complexos e interessantes. É estiloso e divertido sair cortando tudo na pele da espadachim, no entanto alguns pontos incomodam, como presença constante de tentativa e erro e picos de dificuldade. No mais, Red Ronin é uma boa opção de puzzle ágil e com boas ideias.

Prós

  • Mecânica de jogo interessante que combina puzzle, estratégia e às vezes elementos em tempo real;
  • Introdução constante de novos elementos traz bom ritmo à aventura.

Contras

  • Alguns momentos confusos demais que exigem muita tentativa e erro;
  • Visual com confusão entre elementos.
Red Ronin — PC — Nota: 7.5
Revisão: José Carlos Alves
Análise produzida com cópia digital cedida pela Wired Dreams Studio

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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