Jogamos

Análise: Skul: The Hero Slayer (PC): usando a cabeça para o combate

Na pele de um esqueleto, use um sistema de troca de crânios para explorar estilos diferentes de combate.

Desenvolvido pela SouthPAW Games e publicado pela Neowiz, Skul: The Hero Slayer é um roguelike de ação em que um pequeno esqueleto precisa lutar para resgatar o Rei Demônio de uma aliança de humanos. Para isso, ele conta com uma habilidade bastante especial: trocar de cabeça.

Um pequeno esqueleto perdendo a cabeça

Um grande grupo de guerreiros humanos atacou o castelo do Rei Demônio, matando boa parte das criaturas e prendendo o seu líder em cativeiro. Sem forças para contra-atacar, os demônios estão em uma situação lastimável e sua última esperança é um raquítico esqueleto chamado Skul.
 
Após sair do território do Rei Demônio, Skul irá explorar áreas em um formato de plataforma sidescroller. Cabe ao jogador derrotar todos os inimigos que encontra pelo caminho em áreas procedurais utilizando todos os poderes que possui à disposição.

Apesar de ser considerado fraquinho, o personagem conta com uma interessante habilidade. Ao remover seu crânio e trocá-lo por outro, ele adquire novos poderes. Esse sistema de caveiras é o ponto-chave do jogo e seu principal atrativo. Com elas, é possível experimentar uma boa variedade de formas, como lobisomens, múmias, ents (criaturas que se assemelham a árvores), ninjas e samurais. Cada uma delas tem um estilo específico de combate, podendo ser focadas em força, agilidade, energia ou equilibradas.


Além das categorias, as armas que portam e as técnicas de combate (que podem variar até mesmo entre duas cabeças do mesmo tipo) são fatores fundamentais para oferecer frescor a cada novo gameplay. É possível equipar duas cabeças e alternar entre elas, ativando um poder especial durante a transição.

Vale destacar também que as cabeças possuem rankings, que vão de comum a lendário. A diferença de poder é considerável, sendo interessante favorecer as mais raras sempre que possível. No entanto, também é possível destruí-las para obter ossos e usá-los para aumentar o ranking da sua cabeça atual.

Avante contra os heróis

Conforme avança pelas áreas, o jogador irá encontrar portas para atravessar. Frequentemente é possível escolher entre dois tipos delas, sendo a aura determinante ao tipo de recompensa a ser encontrada. Portas verdes permitem obter novas caveiras, brancas/sem aura dão dinheiro e douradas oferecem itens equipáveis. Andares específicos também oferecem escolhas entre cabeça, item equipável ou quintessência, um orbe especial que pode ativar um poder especial, como ataques ou pequenos buffs.

Os itens equipáveis também são fundamentais para a jornada. Eles podem ativar poderes variados, como maior velocidade, chance de causar queimadura nos inimigos, redução do cooldown de habilidades, um familiar para atacar os inimigos com magia elemental, entre outros. 
 
Além disso, cada equipamento possui duas habilidades adicionais que podem ser fortalecidas ao usarmos outros itens com o mesmo atributo. Por exemplo, uma armadura de magia negra e um anel de magia negra podem ambos ter necromancia como poder especial, o que irá dobrar a eficácia desse poder.
Já o dinheiro pode ser usado em uma loja que aparece em certos andares. Lá é possível se curar, comprar itens equipáveis, uma quintessência e trocar o crânio com um companheiro sem cabeça. Nem sempre a cabeça e a loja de quintessência estão disponíveis, mesmo alcançando esses locais específicos.

Dominar esses sistemas e fazer bom uso de seus recursos é importantíssimo, já que Skul é um roguelike. Logo, morrer bastante é o esperado e toda morte significa perder poderes, itens e dinheiro. Apenas os cristais obtidos ao derrotar inimigos são mantidos, podendo ser consumidos para fortalecer os atributos de Skul e liberar algumas habilidades, como a capacidade de ressuscitar uma vez.
Para jogadores sem muita experiência no gênero ou que quiserem experimentar um desafio um pouco mais leve, o jogo também conta com um modo novato. Basta acessar o menu e ativá-lo para reduzir o dano recebido e poder se aventurar com mais tranquilidade. No entanto, ainda é de se esperar várias mortes pela natureza do gênero, especialmente quando não se obtém uma boa combinação de equipamentos.

Gostaria de destacar, no entanto, que o padrão de áreas é um pouco repetitivo. Não apenas os níveis são pequenos e simples, o que é uma escolha de game design válida, mas não há muita variação, fazendo com que em poucas jogadas já seja possível ver a repetição. Apesar de toda a diversão proporcionada pelo sistema de cabeças, isso deixa o jogo cansativo rapidamente. Ainda considero Skul um bom título de ação, mas isso acaba enfraquecendo a experiência consideravelmente.

Uma tradução amadora

Infelizmente, outro ponto negativo de Skul que é impossível eu não tocar é a sua tradução para o português brasileiro. Raros são os momentos razoáveis e legíveis do jogo. O texto é claramente uma tradução de máquina do inglês para o português, sendo de uma qualidade baixíssima. Jogá-lo em inglês é fortemente recomendado.

Esse detalhe é uma infelicidade muito grande para mim porque realmente gostei bastante da história apresentada a cada zona de fases avançada no jogo. É uma narrativa simples, mas vale a pena prestar atenção na ironia e nas pequenas reviravoltas, algo que no português vira uma tortura de retradução mental a que ninguém deveria se sujeitar. Isso também impacta diretamente no gameplay, já que a compreensão dos poderes do personagem fica comprometida.
 
De forma geral, Skul: The Hero Slayer é um jogo de ação bastante interessante. Enquanto o sistema de troca de cabeças oferece boa variedade, os padrões de áreas são fortemente repetitivos. O saldo, porém, é bastante positivo e tenho certeza que fãs de jogos no estilo roguelike poderão apreciá-lo, especialmente se não jogarem em português.

Prós

  • Sistema de cabeças com várias formas interessantes;
  • Combinação de cabeças e itens oferecem dinâmicas bem diferentes de gameplay;
  • História simples, porém curiosa.

Contras

  • Padrão de áreas repetitivo;
  • Tradução de péssima qualidade para português.
Skul: The Hero Slayer  – PC – Nota: 8.5
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Neowiz


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google