Jogamos

Análise: Little Nightmares II (Multi) entrega um angustiante terror psicológico de tirar o fôlego

A continuação do famoso jogo de terror com puzzles de 2017 volta ainda mais tenso e obscuro.

Little Nightmares, lançado em 2017, proporcionou uma ótima experiência de raciocínio lógico misturado com terror psicológico e um enredo bastante estranho que gerou dezenas de teorias na comunidade. Agora, a franquia retorna com Little Nightmares II, que entrega um nível de terror e jogabilidade ainda maior que seu antecessor. Agora devemos conduzir Mono por uma cidade cheia de desafios e ameaças ainda maiores.

Pequenos e terríveis pesadelos

Em Little Nightmares II controlamos o pequeno Mono, um garoto que acorda na clareira de uma escura floresta e cheia de armadilhas, e logo se depara com a cabana de um caçador. Na cabana ele encontra Six, a protagonista do primeiro jogo e, após libertá-la de um quarto e conseguir sua confiança, escapam juntos do lar do perigoso caçador, até chegar em Pale City.

Ao chegar na cidade, a dupla percebe que uma Torre de Transmissão distorce a realidade do local e altera o comportamento dos estranhos moradores. Além disso, Mono parece, de alguma forma, estar relacionado com a Torre. As duas crianças precisam atravessar a cidade, passando por tenebrosas localidades, para resolver o mistério por trás da transmissão e ficarem em segurança.


Em sua curta duração, entre três e quatro horas resolvendo os quebra-cabeças em um tempo adequado, o enredo oferece pouquíssimos detalhes sobre o universo do jogo e seus personagens, sendo necessário ler descrições e o conteúdo oficial do jogo, já que não há diálogos ou textos para enriquecer a história. O ritmo da narrativa é bastante lento, tendo poucos momentos nos quais novos detalhes são adicionados à trama. Além disso, assim como em seu antecessor, o título deixa muito em aberto a interpretação do jogador sobre os eventos finais, o que gera várias teorias e intensa pesquisa pós-campanha.

Apesar do desenrolar fraco do enredo, a nova aventura traz um tom de terror psicológico ainda maior que o primeiro título e proporciona uma grande montanha-russa de emoções, intercalando-se entre momentos mais calmos e focados na resolução de quebra-cabeças, perseguições frenéticas e abordagens stealths, com o objetivo de passar pelos enormes e assustadores adultos sem ser percebido.


A cada ambiente explorado, a atmosfera fica ainda mais tensa e perturbadora, com novos perigos espreitando no escuro. Os inimigos, no maior estilo Tim Burton, colaboram, em grande parte, na criação deste cenário arrepiante e desconfortável. A professora com seu longo pescoço e os pacientes do hospital proporcionam momentos de tirar o fôlego, desde fugas frenéticas ou sendo cuidadoso  em cada movimento para não chamar a atenção dos inimigos. Não foram poucas as vezes que fiquei ansioso ao passar por uma porta ou atravessar por salas escuras com potenciais ameaças. Mas afirmo, estranhamente, que é uma ansiedade “boa”, que te prende ao jogo de forma brilhante, mesmo após fugir de diversas crianças de cera.

Entre puzzles e fuga

Little Nightmares II é dividido em cinco segmentos, todos com o mesmo formato: chegamos em uma nova localidade, resolvemos puzzles para avançar, enfrentamos novas ameaças enquanto que, em certos momentos, devemos passar ou fugir do “chefão” do lugar. Apesar de seguir constantemente o mesmo padrão, o título sempre se renova nos quebra-cabeças, evitando que se torne repetitivo. Os desafios de raciocínio lógico são bastante criativos e possuem uma dificuldade leve, fazendo com que a gameplay flua muito bem sem te deixar preso em certo local por longos períodos.


Muitas novidades foram adicionadas à jogabilidade da franquia. Durante quase toda a campanha somos acompanhados por Six, que auxilia na solução de vários puzzles e impulsiona para alcançarmos certos pontos. A inteligência artificial da personagem funciona muito bem para as poucas e básicas funções que exerce. Outra adição é a aparição de machados, martelos e outros itens utilizados como armas brancas para quebrar portas, objetos e em um simples sistema de combate que acontece em poucas ocasiões.

Enquanto os desafios lógicos são um ótimo atrativo, os momentos de fuga podem não deixar muito claro o caminho a se seguir ou os obstáculos que devemos escalar, desviar ou passar por baixo. Por vezes são necessárias algumas tentativas, consequentemente mortes, para conseguir perceber a solução para escapar de inimigos que estão na sua cola, ou acertar o exato momento de realizar um salto.


Há também alguns coletáveis em Little Nightmares II. Alguns deles, muito difíceis de serem achados, são chapéus que Mono pode usar, o que o faz nunca revelar seu rosto. Há também fantasmas de transmissão que, se todos encontrados, revelam um “final verdadeiro”, o que não passa de uma cena adicional ao final do jogo.

Na parte técnica, Little Nightmares II é bastante consistente. Os visuais do jogo, apesar de simples, cumprem seu papel ao proporcionar uma atmosfera tensa e com detalhes, por vezes perturbadores. O game expandiu ainda mais seu universo apresentado uma cidade com diversos cenários, ao invés de nos prender em uma única localidade como o antecessor. Para complementá-los, a trilha sonora casa muito bem com a ambientação e escala de acordo com os momentos cruciais. Apesar de raros, houve momentos em que o personagem ficava preso em algum canto de parede, entre objetos ou dava algum glitch, piscando por alguns segundos na tela.

Vale a pena jogar Little Nightmares II?

Se você é fã de jogos de puzzles e adora a adrenalina de um bom título de terror, Little Nightmares II com certeza deve estar na sua coleção. Apesar do enredo lento e com poucos detalhes, o jogo é uma evolução enorme de seu antecessor, tanto na parte de jogabilidade, que trouxe ótimas novidades, quanto na proposta do terror psicológico, garantindo muitos momentos angustiantes e de tirar o fôlego.

Prós

  • Verdadeiro terror psicológico, se comparado com o antecessor;
  • Novos elementos de jogabilidade renovam a franquia;
  • Desafios lógicos com a dose certa de dificuldade;
  • Level design criativo;
  • Ambientação e trilha sonora escalam a experiência para outro nível.

Contras

  • Enredo com poucos detalhes, sendo necessário buscas externas para melhor compreensão;
  • Evolução lenta da história, deixando o jogador “no escuro” por muito tempo.

Little Nightmares II — PS4/XBO/PC/Switch — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4

Revisão: Felipe Fina Franco
Análise publicada com cópia digital cedida pela Bandai Namco

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google