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Análise: Override 2: Super Mech League (Multi) traz robôs gigantes que divertem pouco e empolgam menos ainda

O título até tem potencial ao jogar com amigos, mas possui alguns problemas e um ritmo que o deixam chato e desinteressante bem rápido.


Lançado já no finalzinho de 2020, este game conta com uma proposta, no mínimo, interessante e minimamente divertida. Parte desta afirmação se mostra verdadeira quando adicionamos mais gente na equação – até quatro pessoas, pra ser mais exato – o que o torna uma opção para as pequenas sessões de jogatina com amigos. Mas pra quem vai jogar sozinho, temos alguns problemas que devem afastar o interesse do jogador. Vamos ver isso com mais detalhes na análise de Override 2: Super Mech League.

Robôs gigantes são sempre legais

Seja em animes, filmes, ou mesmo os saudosos tokusatsus, eles são uma atração à parte quando entram em cena. Os imponentes mechas são os protagonistas deste, que é uma sequência de Override: Mech City Brawl (Multi), lançado em 2018 e produzido pela divisão brasileira da Modus Games, a Modus Studios Brazil. Override 2 tem como principais destaques a quantidade de robôs para jogar, maior que o antecessor, mais arenas, e um visual mais atraente e polido, dando um ar mais moderno para o game que também está disponível nos novos PlayStation 5 e Xbox Series X.

Controlar os gigantescos brutamontes neste brawler em 3D não tem muitos mistérios. Os controles básicos se dividem em mobilidade e ataque. Na configuração padrão, os botões do controle são usados para realizar guardas, agarramentos, esquivas e pular, enquanto os botões de ombro e gatilhos ficam dedicados a realizar os ataques dos robôs, com socos e chutes fracos e fortes. Combinações de golpes são o básico para todos os personagens, possibilitando combos simples, ao alternar corretamente entre golpes fracos e fortes para causar danos nos adversários.
As batalhas podem ser travadas por até quatro robôs
Além disso, pressionando simultaneamente algumas combinações de botões de ataque permitem a realização de ataques especiais, que variam de acordo com o mecha selecionado. Ataques à distância, agarramentos, investidas, isso varia bastante de acordo com a seleção do jogador, que tem a sua disposição variadas opções: desde mechas menores, mais ágeis, porém com menos força de ataque, até verdadeiros mamutes de metal, capazes de realizar golpes pesados e igualmente perigosos contra os adversários. Fica a critério do jogador experimentar os personagens e definir um que se adeque a seu estilo de jogo.

Cada um dos gigantes conta ainda com um ataque supremo que é habilitado quando uma barra é totalmente preenchida. Para carregá-la, o jogador precisa permanecer dentro de uma área de destaque na arena enquanto ela estiver ativa, para que possa abastecer sua barra de especial. Uma vez completa, um ataque supremo pode ser executado, permitindo causar uma quantidade considerável de dano em qualquer inimigo que seja atingido dentro do raio de ação do ataque.
Cada combatente possui um supremo que pode ajudar a virar a partida
Um ponto interessante nesse sistema é a quantidade de energia necessária para executar o ataque, que é diretamente proporcional a quantidade de vida que o jogador possui, ou seja, quanto menos vida, menos energia é necessária para acumular, com o objetivo de executar seu supremo. Isso dá uma boa vantagem para jogadores que estejam no limiar da derrota com o intuito de que tenham mais chance de conseguir virar a partida.

As arenas são criativas, visualmente bonitas e parcialmente funcionais. Cada uma conta com um tema específico, como uma cidade, um cassino, uma ilha vulcânica, dentre outros. Ao seu redor, alguns itens são disponibilizados para serem usados pelos combatentes, em geral armas, para auxiliar no ataque corpo a corpo e à distância como espadas, lanças, marretas, lançadores de granadas e armas laser. Alguns mapas permitem que itens do cenário sejam usados, como pequenos prédios e outras estruturas. Até mesmo os inimigos derrotados, antes que explodam, podem ser usados como armas para serem lançados nos adversários.

Uma das cerejas desse bolo é a participação do icônico herói Ultraman, que pode ser adquirido separadamente via DLC. Outros personagens do universo, que tem como base a série da Netflix, também serão adicionados para aquisição futuramente.
Ultraman é o primeiro personagem DLC já disponível no game

Quanto maior o robô, menor a empolgação

Override 2 tem uma proposta simples que funciona, mas não entretém o tempo todo. A fórmula funciona num cenário em que temos com quem jogar, seja localmente ou pela internet. O multiplayer local permite que até quatro jogadores joguem em tela dividida, em batalhas cada um por si ou em duplas. O mesmo se aplica ao ambiente online, e o jogo faz um bom trabalho ao incentivar que joguemos dessa forma.

O modo Ligas, que podemos chamar de modo Arcade ou principal do jogo, é o qual o jogador que não tem outras pessoas para sentar no mesmo sofá vai investir mais tempo. O título realiza uma busca no servidor toda vez que uma partida é iniciada para encontrar outros jogadores para que possam se digladiar mesmo neste modo, não restringindo a experiência do jogador apenas em combates contra a inteligência artificial, que é bem desbalanceada. No nível mais baixo ela é bem burrinha e no mais alto é extremamente apelona.
Enquanto eles se matam, eu venço a partida
As vezes o computador fica mais perdido que cego em tiroteio
É possível cancelar essa busca por jogadores de imediato, caso você não queira esperar para encontrar alguém. O suporte a cross-play seria interessante para aumentar a quantidade de jogadores disponíveis para jogar, algo que muitos jogos já possuem para estimular a jogatina online.

Caso resolva esperar, na maior parte das vezes pode ter insucesso. Durante minhas sessões de jogo para produzir esta análise tive pouquíssimas partidas com a participação de outros jogadores ao jogar as Ligas. Este modo consiste em uma série de batalhas com diversos objetivos com o propósito que você suba de nível e acumule dinheiro para comprar outros mechas para usar neste modo – de início você tem cinco opções, mas em determinado momento você precisa comprar um para usar aqui – além de cosméticos para customização com o fim de deixá-lo mais pessoal.

O progresso é lento, exaustivamente repetitivo e constantemente interrompido por uma personagem que faz o papel de agente que fica te assessorando e falando muita coisa sem uso algum. Uma tentativa fraca de dar mais contexto ao modo. Eventualmente você recebe opções de fechar um acordo temporário com um patrocinador para receber uma recompensa extra de dinheiro caso cumpra determinados objetivos dentro do tempo determinado do contrato, como executar um certo número de agarramentos, defesas, finalizações, etc.

Os comandos se mostraram pouco responsivos, fazendo com que um simples combo, principalmente com os personagens maiores, seja complicado de executar e encaixar. Além de lutar contra os oponentes, temos que brigar com uma câmera que mais atrapalha do que ajuda, e uma performance questionável nas versões base dos consoles atuais, com taxas de quadros instáveis e baixas, principalmente quando temos muitos elementos na tela.

Com quatro robôs gigantes na arena esse problema fica ligeiramente pior devido a grande quantidade de coisas acontecendo simultaneamente. Fazer vista grossa para isso acaba sendo necessário para poder aproveitar melhor a experiência.

Bonitinho, mas ordinário

Override 2: Super Mech League acerta em trazer uma generosa quantidade de robôs com variados estilos, cores e tamanhos para escolher. Acerta também na opção para sessões de jogo com amigos em casa – ou até online caso vocês combinem de comprar o jogo juntos. Porém, nos consoles a performance é um ponto que atrapalha bastante a experiência. Opte por um PC com uma boa configuração ou mesmo um dos consoles da nova geração. Se sua vibe é jogar solo, prepare-se para muita repetitividade e progresso lento no objetivo de acumular moedinhas e desbloquear coisinhas irrelevantes.

Aproveitando, é a segunda vez que noto que a performance nos consoles atuais se mostram um ponto altamente relevante em um game lançado nesse período de transição, em que são disponíveis para as duas gerações. Espero que isso não acabe se tornando um infeliz padrão.

Prós

  • Visuais mais trabalhados e polidos em relação ao antecessor;
  • Boa variedade e quantidade de mechas;
  • Multiplayer local para até quatro jogadores;
  • Estímulo constante para jogar com oponentes online.

Contras

  • Modo Ligas possui progresso lento e repetitivo;
  • Desbloqueáveis se resumem apenas a cosméticos, avatares e títulos;
  • Taxa de quadros muito instável e constantes quedas nas versões base dos consoles da geração atual;
  • Comandos pouco responsivos;
  • Câmera problemática;
  • Inteligência artificial desbalanceada;
  • Ambiente online com pouquíssimos jogadores.
Override 2: Super Mech League – PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch – Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise feita com cópia digital cedida pela Modus Games

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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