Blast Test

Magia X (PC) é uma aventura de ação bela, porém enfadonha

Mecânicas extremamente simplificadas e grande necessidade de grind impedem que este título indie seja interessante por mais do que alguns minutos.


Basta uma rápida olhada para ser atraído por Magia X: o jogo da desenvolvedora coreana Superacid conta com visual belíssimo e movimentação estilosa. No controle de diferentes heróis, exploramos um mundo de fantasia em uma aventura de ação com elementos de RPG, sendo o foco a construção de grandes combos. Tudo parece interessante e empolgante, mas, infelizmente, se revela extremamente raso com suas mecânicas banais de luta e inúmeros sistemas enfadonhos que não enriquecem em nada a experiência.

Enfrentando perigos em um mundo de fantasia

A paz do mundo foi comprometida pelo aparecimento de Charma, uma magia distorcida que se espalha misteriosamente e causa problemas, como transformar criaturas em monstros. Neste contexto, acompanhamos quatro heróis que tentarão descobrir as origens do poder corrupto ao mesmo tempo que resolvem seus dramas: o espadachim com amnésia Aiden Ruteran, a feiticeira Caleera, a meio-elfo Leta Vinis e o cavaleiro Morgan von Shill.


Magia X é, na verdade, uma adaptação do jogo mobile Magia: Charma Saga. Ele chegou ao PC no formato Acesso Antecipado e, no momento, só conta com o espadachim Aiden Ruteran como personagem jogável e o primeiro ato da trama. O conceito principal é bastante simples: exploramos curtos estágios de ação 2D para completar missões recebidas da guilda de aventureiros ou de NPCs. Entre as fases, fortalecemos os equipamentos e as habilidades do personagem.

As batalhas são bem diretas e o objetivo é derrotar todos os inimigos da área dentro do limite de tempo. Para isso, o espadachim Aiden tem à disposição inúmeros ataques e movimentos que podem ser combinados em sequências impressionantes, com inimigos lançados no ar e combos aéreos. Para escapar de investidas dos inimigos, o herói conta com uma esquiva, que também pode ser utilizada na montagem de combinações de ataques. No decorrer da jornada, o personagem aprende novas habilidades, o que expande as possibilidades na hora dos combates.
 


Beleza efêmera e vazia

Logo no início é fácil perceber que Magia X é uma adaptação de um título mobile free to play, gênero que é conhecido por inúmeras características negativas. Infelizmente a versão para PC herda boa parte dos problemas, resultando em uma experiência insípida.

O maior acerto do jogo é, sem dúvidas, o seu visual. Os gráficos são belos e bem animados, em especial os cenários e os personagens. Os combates são fluídos e repletos de efeitos visuais interessantes, trazendo um ar estiloso aos confrontos. Muitas das cenas de história são retratadas com artes estonteantes, e a dublagem em japonês ajuda a sustentar a ambientação inspirada em animes. Uma pena que a história e os temas retratados sejam genéricos e batidos.
 



O combate, em um primeiro momento, diverte. Os comandos são fáceis de entender e rapidamente estamos fazendo combos interessantes, em especial aqueles que lançam os inimigos no ar. Aos poucos, o herói também aprende novas habilidades, o que aumenta a variedade de combinações. Porém, a sensação de novidade logo passa e a banalidade do sistema de batalha se torna cansativa. Na maior parte dos combates, basta segurar um botão para golpear automaticamente e derrotar os inimigos. Fora um ou outro chefe em que precisamos escapar de um ataque poderoso, não há nenhuma estratégia ou habilidade envolvida, pois os oponentes são estáticos e agem de maneira extremamente previsível e desinteressante.  

Para piorar, o ciclo de jogo é repetitivo e focado em grind. Chega um momento em que os inimigos ficam bastante poderosos e a única maneira de vencê-los dentro do limite de tempo é fabricando equipamentos melhores. Para isso, somos forçados a revisitar os estágios anteriores para obter os materiais necessários. O problema é que essa tarefa precisa ser feita inúmeras vezes para conseguir a quantidade necessária, e é chato refazer as fases, principalmente por elas consistirem unicamente em combates lineares. Mais uma vez, não há habilidade envolvida: para avançar, o que conta é ter armas fortes e não dominar os ataques e técnicas. As missões opcionais tentam trazer variedade, mas consistem em tarefas banais, como matar determinada quantidade de inimigos.


Por fim, a adaptação para PC sofre com mais problemas. O primeiro deles é a interface fortemente inspirada em dispositivos móveis: tudo é controlado pelo mouse, que simula comandos em telas sensíveis a toque. Há muitas ações não naturais (como arrastar a tela) e muitas opções exigem inúmeros cliques para serem alcançadas. Além disso, os menus são confusos e bagunçados, e às vezes aparece um bug que faz os botões desaparecerem. Controles tradicionais podem ser utilizados somente nos momentos de ação, mas o suporte está bem limitado — o meu Switch Controller Pro não foi reconhecido nativamente como acontece em outros jogos no Steam e precisei criar uma configuração customizada para utilizá-lo de forma improvisada.

Uma jornada decepcionante

Magia X encanta com seu visual elaborado, mas, infelizmente, não apresenta a mesma qualidade nos outros aspectos. O sistema de combate é ágil, porém os desafios não exigem estratégia alguma para serem vencidos. O ciclo de jogo é focado em repetir os estágios a fim de conseguir itens para melhorar equipamentos, tarefa que se torna cansativa bem rápido por causa da extrema simplicidade das missões. Tecnicamente, a adaptação deixa a desejar com interface saída diretamente de um aplicativo mobile, ausência de opções de customização e suporte limitado a controles.

É natural que o jogo tenha problemas, afinal ele foi lançado no Acesso Antecipado, entretanto ele só se tornará interessante caso passe por mudanças profundas em todos os seus sistemas, o que dificilmente acontecerá, pois a versão final está programada para o início de dezembro. Sendo assim, Magia X é um jogo a ser evitado.

Revisão: José Carlos Alves
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Superacid

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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