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Análise: Dojoran (PC), um jogo de plataforma focado em precisão para jogadores hardcore

Na pele de um sapo ninja, enfrente um ciclo de punição e aperfeiçoamento de habilidades.

Dojoran é um jogo de plataforma desenvolvido pela equipe brasileira do Nautlander Studio. Inspirado na dificuldade esperada de títulos antigos, ele exige ótimos reflexos em um plataforma no qual morrer várias e várias vezes até aprender a lidar com as fases é natural.

A difícil vida de um sapo ninja

Após chegar à sua forma adulta, o sapo protagonista precisa passar por um duro treinamento ninja. Ao todo são 28 fases, cada uma com desafios variados que incluem lidar com várias armadilhas, como espinhos e armas que atiram flechas. Avançar pelas fases exige conhecimento e habilidade, sendo normal que o jogador morra algumas vezes para aprender a disposição dos obstáculos e para conseguir realizar movimentos mais complexos.


Além de se movimentar para a esquerda e para a direita, o jogador pode pular (o que pode ser usado para esmagar inimigos), se agarrar às paredes e usar maçãs. Com a ajuda dessas frutas obtidas pelas fases, é possível pular mais alto, sendo possível encadear vários pulos dessa forma se o jogador encontrar outras maçãs pelo caminho. Não é possível estocar itens, o que exige o uso desse recurso apenas nos momentos corretos.

De fato, as poucas ações possíveis precisam ser feitas com precisão para avançar pelas fases. Em trechos recheados de espinhos, um pixel pode ser a diferença entre a vida e a morte do sapo. Da mesma forma, caso o jogador falhe em um determinado trecho após destruir um inimigo, é comum que seja impossível avançar novamente.

Dessa forma, o jogo pode se mostrar bastante punitivo, mas ele sabe que o seu público alvo são pessoas que irão tratar isso como motivação para jogar melhor. Ele é pensado para quem consegue lidar com a frustração e se sentir verdadeiramente recompensado com as visíveis melhoras na habilidade em tentativas consecutivas de avançar pelas fases.

Sobrevivendo a um mundo retrô

Uma coisa comum em títulos similares é o uso de comandos mais rígidos que complicam a vida do jogador, como no caso de Prinny 1•2: Exploded and Reloaded (Switch). Felizmente, esse não é o caso de Dojoran, que aposta em controles precisos, o que faz com que o jogador possa executar os movimentos necessários. Trata-se realmente de uma questão de esforço e dedicação, e não de um jogo desagradável e incômodo.

Outro aspecto importante é o fato de que o título consegue evocar com sucesso o charme retrô com seu visual 1-bit e a trilha sonora. Os cenários em preto e branco são repletos de detalhe e o jogo até brinca com a questão de ter objetos similares, em que um deles é perigoso e o outro é apenas decoração. Basta prestar atenção para diferenciá-los.

Durante meu tempo com o jogo, o título sofreu um update e atualmente sua interface está um pouco diferente, aproveitando melhor a tela cheia e o sistema de overlay da Steam. Pessoalmente não observei nenhum bug no jogo, apesar dos desenvolvedores terem feito algumas correções dedicadas a isso.

Visual atual do jogo
Gostaria de destacar apenas que o título opta por realizar a contagem de todas as mortes, o que é mantido na tela durante as fases. Não é algo que agregue muito valor para o jogo em si, fora potenciais speedruns, assim como o atual uso do timer na interface, mas considero que seria mais interessante um contador de mortes por fase para que o jogador tenha um controle fino do quão bem está indo, resetando ao sair e começar uma fase. Ou, então, a presença dos dois contadores.

Um jogo de plataforma hardcore

De forma geral, Dojoran é uma excelente pedida para jogadores que gostam de testar suas habilidades em jogos de plataforma. As suas 28 fases são o suficiente para várias horas de treinamento. Apesar de seu lado punitivo poder afastar jogadores que gostariam de uma diversão um pouco mais casual (que poderia ser oferecida como uma dificuldade mais baixa), é bastante recompensador se tornar melhor em lidar com os obstáculos do jogo.

Prós

  • Sensação recompensadora ao ultrapassar a alta dificuldade do jogo;
  • Trilha sonora e visual retrô charmosos;
  • Controles precisos que não atrapalham o jogador na realização dos movimentos necessários.

Contras

  • Level design punitivo torna o jogo menos acessível;
  • Contador global de mortes constante na tela aliena o jogador quanto à sua performance atual.
Dojoran — PC — Nota: 8.5
Revisão: José Carlos Alves
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nautlander Studio

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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