Análise: Nexomon: Extinction (Multi) traz uma divertida aventura de captura de monstros

Com bom humor e mecânicas de combate diferenciadas, sequência da VEWO INTERACTIVE caminha para uma experiência cada vez mais original.

em 11/10/2020


Capturar e treinar criaturas foi uma febre nos anos 90 com a franquia Pokémon, que conquistou uma série de fãs e que até hoje vem se renovando por meio de continuações, filmes e animações. Evidentemente que essa fórmula cativante serviria de inspiração para outros jogos. Nexomon: Extinction aproveita muito bem o conceito e promete levar o jogador a uma jornada única em seu mundo repleto de seres poderosos com o intuito de se tornar o melhor domador de todos.

Aventura e bom humor na dose certa

O enredo deste Nexomon é a continuação direta de seu antecessor, passando-se anos à frente de sua conclusão. Aqui temos a clássica trajetória do herói desconhecido destinado a grandes feitos. A criação do nosso personagem oferece algumas opções de customização, podendo ser selecionado o gênero e a aparência dentre visuais prontos. Com aparência e nome selecionados, somos apresentados ao contexto que dá base à história. O mundo dos Nexomon foi governado durante eras pela criatura lendária chamada Omnicron. Ao ser deposto pelo protagonista do título anterior, seu trono vazio agora é disputado por meio de conflitos devastadores por criaturas de enorme poder conhecidas como Tyrants.




É nesse cenário que entram os domadores de Nexomon (tamers) com a missão de manter o equilíbrio e a paz no mundo, cessando a ameaça dos Tyrants. A partir daí, nosso personagem se encontra em um orfanato prestes a participar do teste para se tornar um domador, escolhendo seu primeiro monstrinho e aprendendo que o futuro lhe reserva muito mais do que ele esperava.

A narrativa em Nexomon, ao meu ver, é seu grande ponto alto. Embora trate-se de uma continuação, não há necessidade de ter jogado seu antecessor para se situar das coisas. Tudo é bem explicado em cutscenes com imagens estáticas. Se pegarmos o mundo de Pikachu como exemplo, pelo menos nos primeiros títulos, sua campanha não era o grande atrativo, já que aqui no Brasil a animação era muito popular. Nexomon já não foi penalizado por essa questão, pois o grande chamariz que me atraiu para esse jogo foi a possibilidade de experimentar a sensação de capturar e treinar meus monstros em uma plataforma diferente.

Uma decisão tão difícil quanto escolher o nome do personagem de RPG

Para minha surpresa, me deparei com uma campanha prazerosa de se acompanhar. Enquanto nosso protagonista é quase mudo, os coadjuvantes esbanjam carisma. Dotados de uma personalidade forte, todos acabam enfatizando um humor muito bem aplicado, sem parecer forçado. O grande destaque fica para Coco, nosso amigo que nos acompanha durante a jornada e a todo momento julga a tudo e a todos, chegando a fazer piadas com assuntos já comentados por fãs do gênero como o absurdo de entrar na casa de estranhos para “roubar” itens ou a ética de capturar criaturas e colocá-las para lutar. Grande parte dos seus comentários carregam o bom e velho tom sarcástico, ajudando a equilibrar os momentos mais dramáticos, tornando a experiência ainda mais agradável.

Alguma vezes Coco chega a quebrar a quarta parede

Criando uma identidade

É impossível não fazer comparações a todo momento com Pokémon, e aqui temos pontos positivos e negativos quando colocamos os dois lado a lado. Os tipos de Nexomon estão mais reduzidos, atendo-se a nove opções: fogo, água, grama, voador, elétrico, pedra, psíquico, fantasma e dragão. Jogadores mais veteranos nesse tipo de jogo sentirão falta do tipo inseto, gelo e lutador, estando esses difundidos nos demais elementos. Se por um lado isso poderia servir como um facilitador aos iniciantes, resumindo a quantidade de variáveis elementais no combate, na prática acabou não ocorrendo, pois não fica claro dentro do contexto de Nexomon o esquema de vantagens e desvantagens, nos obrigando a recorrer ao conhecimento tácito que acabamos obtendo de sua fonte inspiradora.




Cada Nexomon ainda carrega uma raridade, indo dos comuns aos desejados lendários. Isso não necessariamente coloca uma criatura acima ou abaixo da outra. Apesar dessa raridade delimitar a qualidade dos status, existem muitas vertentes a serem consideradas quando se decide montar o seu sexteto. Além do nível de experiência, existem a lista de ataques e os núcleos que atuam como modificadores ao conferir mais ataque, defesa, vida e até mudar a resistência a ataques de status. Isso sem contar a barra de SP que limita a quantidade de vezes que podemos utilizar cada golpe, necessitando uma recarga através de itens durante a batalha ou ao colocar nosso companheiro para descansar.

E por falar nos itens, eles possuem uma variedade considerável. Você encontra aqui as poções regenerativas, tanto para a vida, quanto para o SP. Fora isso, temos as Nexotraps, dispositivos utilizados na captura dos Nexomon. Além do modelo comum, temos os tipos elementais, ótimos para utilizar nas criaturas que correspondam ao seu tipo. É possível ainda coletar alimentos a fim de utilizá-los como isca na hora da captura. São diversos alimentos, que vão de simples frutas a pratos refinados, porém, novamente não fica claro qual comida utilizar em cada Nexomon, me obrigando a recorrer a suposições, o que pode não ser um bom atrativo aos jogadores mais exigentes.

Para maximizar as chances de captura, uma sequência de botões deve ser apertada rapidamente

Rumo ao grande mestre

Durante a jogatina, aprendemos que dentro da guilda de domadores, devemos conquistar nosso mérito ao subir nosso ranking. Começando do nível bronze, devemos realizar boas ações ao ajudar os habitantes espalhados pelo mundo por meio de missões, capturar cada vez mais Nexomon e desafiar outros domadores. Isso sem contar com o objetivo principal da campanha. É interessante acompanhar nossa reputação subindo, nos transformando de um estranho desconhecido para um herói renomado. 




Os combates exigem uma boa estratégia sobre a ordem de utilização dos seus monstros, bem como o gerenciamento de suas habilidades especiais. O nível dos chefes é bem elevado, refletindo em duelos desafiadores. É preciso que o jogador invista um tempo moderado para treinar regularmente seus Nexomon. Isso garante maior poder, novos ataques desbloqueados, além de dinheiro extra. Para facilitar um pouco a operação, é possível equipar núcleos que duplicam uma parte da experiência obtida aos outros Nexomon que não participaram do combate. Isso não chegou a ser um problema já que gosto de deixar meus monstrinhos poderosos e fico ansioso por ver suas evoluções.

Pessoas com o ícone de estrela precisam de ajuda

Um belo mundo diversificado

O mundo de Nexomon apresenta toda uma paleta de cores marcada pela beleza artística de traços em 2D. As localidades são muito bem trabalhadas, apresentando paisagens características e muito coloridas. Cada cidade traz em seu estilo aquele elemento que lhe é mais comum. Os cemitérios assombrados de Immortal Citadel carregam um visual soturno, marcado pela noite constante na vida de seus habitantes, que aprenderam a conviver com seus Nexomon fantasmas e psíquicos. Enquanto os desertos de Palmaya trazem a severidade da vida em um local marcado pela escassez e dominado por criaturas dos tipos pedra e fogo. Transitar por tantos locais diferentes, cada um trazendo sua própria biodiversidade, é uma experiência divertida. Embora não tenhamos o advento dos ginásios, espere por aventuras que envolvam figuras importantes em cada um desses locais.
 


Já o visual dos Nexomon me causou certa estranheza, assim como algumas criaturas bizarras e inusitadas adicionadas nas últimas edições de Pokémon. Temos as clássicas criaturas que remetem aos seres da natureza, mas também temos opções que remetem a objetos inanimados, como Baloompa, que nada mais é do que um balão com cara de raiva. No mais, todos eles possuem animações caprichadas mesclando o 2D com o 3D. Os efeitos de seus ataques são bonitos, porém, apresentam poucas variações entre opções de um mesmo elemento.




Jornada solitária

Infelizmente nem tudo são flores no mundo de Nexomon. Algumas coisas me fizeram falta e tenho certeza que seriam um belo diferencial, pelo menos no lançamento do título, como a opção multiplayer que possibilitaria maior interatividade e competitividade entre os jogadores, ampliando consideravelmente a longevidade e o engajamento de uma comunidade de fãs. Fora isso, a versão de PS4 apresenta problemas durante a transição de alguns cenários. No meu caso, foi predominantemente da parte oeste para a parte central da cidade de Parum, forçando o fechamento do jogo. Ao reiniciá-lo era algo mais estranho ainda, pois ele retomava meu checkpoint com um travamento notável e injustificado em um título que não exige tanto do hardware do console. Pelo menos, são dois problemas que podem ser ajustados por meio de atualizações.



Um mundo que vale a pena ser explorado

Nexomon: Extinction é uma agradável opção para aqueles que não podem desfrutar da famosa franquia da Nintendo. Mesmo com os problemas de performance no PlayStation 4 e com a falta de um modo online, minha experiência foi positiva muito por conta de seu enredo simples, repleto de coadjuvantes carismáticos e de uma dose de humor na medida certa. Sua mecânica de combate deixam claras suas raízes, porém, apresenta traços que o diferenciam e permitem que ele crie sua própria identidade.

Prós

  • Enredo leve, bem construído e com boas doses de humor;
  • Visual bonito e bem colorido;
  • Sistema de combate simplificado.

Contras

  • Problemas de travamento e reinicialização do jogo no PS4;
  • Ausência de multiplayer;
  • Sistema de iscas e de elementos mal explicada.
Nexomon: Extinction — Switch/PC/PS4/XBO — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela PQube Games
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