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Análise: Namco Museum Archives Vol. 2 (Multi) é uma coletânea de games clássicos competente e simples

Tal como o primeiro volume, a boa seleção de jogos poderia ter mais novidades e extras.

Em meio a tantos jogos novos, relembrar clássicos do passado pode ser uma rica experiência. Namco Museum Archives Vol. 2 (Multi) é uma coletânea que oferece vários títulos antigos e repletos de nostalgia. Mais do que isso, eles ainda são desafiadores e, sobretudo, muito divertidos. Coloque a televisão no canal 3, pois vamos começar a análise dessa verdadeira biblioteca dos videogames.

Mais uma volta ao passado

Como conferimos na matéria do Vol.1, Namco Museum Archives Vol. 2 foi lançado em 18 de junho de 2020 para PS4, Xbox One, Switch e PC pela Bandai Namco. O game traz dez títulos saídos diretamente do também clássico Nintendo Entertainment System (NES), popularmente conhecido como “Nintendinho”. A coletânea também traz um título inédito, conforme veremos mais adiante.
A origem de muitos clássicos
Seja por meio do NES original, seja dos seus “clones” brasileiros como o Phantom System e o Dynavision, muitos desses jogos são bastante conhecidos. Particularmente, eles me fazem lembrar dos meus tempos de infância, despertando memórias de games que eu nem me recordava mais. Alguns deles, entretanto, sempre seguiram na minha memória.

Voltando ao seu título “irmão”, Namco Museum Archives Vol. 1 (Multi) trouxe nomes como Pac-Man, Dig-Dug e Galaxian, todos gravados nas minhas lembranças. Voltar a curtir esses clássicos, agora com alguns recursos interessantes, foi certamente uma ótima experiência. E o segundo volume da coletânea também não me deixou na mão.

Fica o registro que eu gostaria de ter visto alguma novidade, mesmo que pequena, nesses jogos. Um exemplo simples, e que seria muito interessante, é a possibilidade de multiplayer online. Jogar localmente é melhor, mas não ter outra opção, nos tempos atuais, é bastante limitado. Dito isso, vamos à lista dos games.
Batte City sempre me encantou pelo seu modo de construção
Ela começa com um dos meus títulos favoritos dessa geração. Battle City te coloca no controle de um tanque em meio a fases labirínticas repletas de inimigos. Além de poder destruir boa parte do cenário, upgrades podem ser coletados para melhorar o veículo. Contando com modo de construção de fases e multiplayer, esse é um game completo e divertido.

Clássicos reimaginados

Na sequência, temos Pac-Land, que coloca o famoso Pac-Man em uma aventura no estilo plataforma. O jogador precisa percorrer fases escapando de armadilhas e inimigos, podendo comer as famosas pílulas para poder derrotá-los. Embora eu não tenha gostado das mecânicas do jogo, é inegável sua contribuição histórica, servindo até de inspiração para Super Mario Bros.
Pac-Land tem seus méritos, mas é um pouco estranho
Seguindo a tendência das continuações, como boa parte dos títulos no Vol. 2, Dig-Dug II foi uma grata surpresa. Ele conseguiu ser quase tão bom quanto o primeiro, trazendo uma espécie de versão assimétrica do original. Novamente temos à disposição uma bomba de ar para inflar os inimigos, que agora também podem ser eliminados ao destruir partes do solo.
Dig-Dug II é ainda mais divertido que o primeiro
Em mais uma sequência, temos Super Xevious. Infelizmente, ele conseguiu ser ainda pior que o primeiro. Se antes tínhamos uma jogabilidade precária e visuais ruins, agora isso é acompanhado por fases que exigem ações específicas e secretas para serem vencidas. Realmente um ponto baixo da coletânea.
Super Xevious não melhorou muito em relação ao predecessor
Seguindo a série de continuações, vamos falar de Galaga, sequência de Galaxian. Um dos games de nave mais famosos da história (aparecendo até no filme Vingadores), ele é ainda mais divertido e funcional que seu predecessor. Particularmente, ele é o meu favorito desse gênero na coletânea da Namco, contando com ótimos efeitos e boa jogabilidade.
Galaga é realmente uma pérola do seu gênero

“Novidades” muito interessantes

A coletânea me proporcionou algumas surpresas, com games que eu nem sabia que existiam. Rolling Thunder foi uma delas: no papel de um super espião, o jogador deve derrotar uma organização criminosa e salvar a sua parceira. Misto de plataforma e tiro, é possível utilizar uma pistola ou uma metralhadora para avançar pelas fases.
Rolling Thunder é emoção do início ao fim
Mappy-Land é uma continuação de Mappy, que segue uma proposta parecida com a de Pac-Land. O ratinho policial homônimo novamente tem que explorar cenários para coletar itens como queijos e anéis. Trampolins podem ser utilizados para percorrer as plataformas e evitar os inimigos, agora em fases maiores e variadas, como o “novo” jogo do Pac-Man.
Mappy-Land traz novamente muita diversão
Bastante ambicioso na sua proposta, mas muito limitado pelo seu tempo. Esse é Legacy of the Wizard, que oferece até sete personagens jogáveis, que precisam encontrar uma espada mágica para derrotar um dragão. Os cenários são grandes e temos muitos itens, mas a falta de mapa e instruções prejudicam um pouco a experiência.
Legacy of the Wizard tem muita exploração e combate
Dragon Buster II manteve a boa proposta e melhorou a má jogabilidade de seu predecessor, oferecendo uma ótima aventura. Até então um exclusivo do Japão, o game coloca o jogador em um grande mapa, onde deve escolher uma fase e derrotar inimigos para avançar para a próxima. No final, um poderoso dragão espera pelo jogador.
Dragon Buster II conseguiu ser melhor que seu predecessor

Fechando o pacote

O décimo game clássico da coletânea é Mendel Palace. Lançado pela Game Freak alguns anos antes de Pokémon, ele é bastante curioso: o jogador precisa derrotar inimigos em cenários fechados, utilizando a habilidade de “virar o chão”. Essa ação, que parece uma puxada de tapete, oferece vários desafios interessantes durante as partidas.
Mendel Palace é uma experiência bem diferente
Além dos dez games citados, temos um game “inédito”, chamado Gaplus. O termo em aspas é devido ao jogo, que é uma sequência de Galaxian, já ter sido lançado para outros consoles (inclusive com nomes diferentes). A questão é que essa versão é a primeira feita para o NES (ou com o seu visual), daí o seu ineditismo.
Gaplues realmente eleva ainda mais o nível de Galaga
Tal como seus predecessores, ele oferece uma aventura espacial a bordo de uma espaçonave, em que o objetivo é derrotar ondas e mais ondas de alienígenas. Como inovações, ele trouxe a possibilidade de equipar partes de inimigos, aumentando o poder de fogo, e uma movimentação livre em todas as direções do plano (e não só para os lados, como nos predecessores).

Todos os onze games são devidamente emulados, contando com até quatro salvamentos diferentes. Além disso, o jogador pode utilizar a função rewind, que volta o tempo do jogo em alguns poucos segundos. Assim, é possível refazer aquele movimento errado ou escolha mal feita e, assim, continuar a avançar nos jogos.

Muitos jogos legais. E só isso.

Se o leitor conferiu o primeiro volume, então já deixo avisado que o principal problema continua. Namco Museum Archives Vol. 2 não apresenta praticamente nenhum conteúdo além dos jogos. E digo isso com tristeza, pois acredito que, dado o caráter de “museu”, esse tipo de atração deveria ser obrigatória.
Temos uns poucos dados sobre os games
São muitos os exemplos de materiais que poderiam ter sido disponibilizados, tais como artes conceituais, vídeos, manuais e propagandas antigas. Eles seriam adições valiosas, sobretudo para quem tem curiosidade sobre o contexto histórico dos games. Temos pequenos textos explicativos ao escolher cada jogo, mas nada além disso.
Escolha o seu modo de exibição: todos funcionam bem
É possível configurar a imagem como tela cheia, 4:3, zoom e ponto a ponto. Efeitos como anti-aliasing e scan lines também estão disponíveis. Um papel de parede, que ocupa a parte vazia da tela, pode ser escolhido entre algumas opções. Ou seja, nada muito relevante em um título que, no final das contas, tem o seu mérito somente pelos games que possui.

Ótimos games em uma coleção simples demais

Dada a sua ótima biblioteca, Namco Museum Archives Vol. 2 (Multi) poderia ter trazido mais conteúdo para honrar a sua proposta. São 10 títulos clássicos e um inédito, com destaque para nomes como Battle City, Galaga e Dig-Dug II. Mesmo funcionando bem e entregando muita diversão e desafio, ficaram faltando alguns conteúdos extras interessantes. Ainda assim, a coletânea é uma boa pedida para quem quer uma sessão nostalgia e curte bons jogos.

Prós

  • Coletânea com 10 jogos clássicos, mais um inédito, todos bem emulados e interessantes;
  • Mesmo antigos, jogos como Galaga, Dig-Dug II e Battle City trazem diversão e desafio na medida certa;
  • Presença do inédito e ótimo Gaplus;
  • Sistema de salvamentos e rewind simples e funcionais.

Contras

  • Jogos disponíveis somente nas suas versões básicas, sem possibilidade de modificações ou extras como multiplayer online;
  • Título não oferece praticamente nada além dos games, como por exemplo: artes promocionais, bastidores ou vídeos interessantes.
Namco Museum Archives Vol. 2 – PC/PS4/Switch/XBO – Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS4
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco
Revisão: Ives Boitano

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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